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Cristo Redentor

IV COPA DE POESIA
BRASIL, OUTUBRO 2022

DIAS 9, 16, 23 DE OUTUBRO E 06/NOV
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Valmir Jordao

VALMIR JORDÃO

Valmir Jordão.jpg

Valmir Jordão é poeta, compositor e performer recifense, nascido em 1961, partícipe do Movimento dos Escritores Independentes de Pernambuco - MEI-PE na década de 80. Trabalha e divulga os seus poemas nas escolas, sindicatos, associações, praças, teatros, festivais, feiras, universidades e nas redes sociais. Participou da I Copa de Poesia Portugal ficando em segundo lugar.

 

Instagram: @valmir.jordao

1 - SER OU NÃO SER, HUMANO

Há violência

na apresentação do onipotente

Há violência

na prepotência do estado

Há violência

na dominação tão familiar

Há violência

na condição terceiro mundista

Há violência

nas favelas, nas fábricas, nas matas,

nos campos e cidades

Há violência

na justiça, na educação, e na economia

Há violência

nas relações e transações

Há violência

na ignorância e desinformação coletiva

Há violência nas formas de nascer-viver-matar-morrer

Há paz e sacrilégios

(somente nos cemitérios)

 

Tudo isso é humano

- justifica o racional

impulsos, espírito, lógica, razão

matérias de primeira,

almas de terceira

dimensão…

Poesia1

2 - LEGALIZEM A CANNABIS

Criminalizam  a maconha, por sua origem africana e a taxam de droga.

Criminalizam  os negros, por sua disposição, ginga, saúde e alegria.

E os tratam inumanamente como seres inferiores, escravos e marginais.

Criminalizam os índios, por não submeterem-se aos invasores e

são por isso, exterminados e expulsos das suas terras e os tratam

como preguiçosos, indolentes e acomodados.

Discriminam as mulheres, por suas premonições, inteligência, sensibilidade e fertilidade.

 E as tratam com toda misoginia e violência diária .

Discriminam a diversidade, as minorias nas suas opções de vida, sexo, celebrações e espontaneismo.

E  as tratam como aberrações da natureza.

Droga, é a intolerância que difama e mata

as pessoas que pensam dialeticamente diferente.

Droga, é o preconceito que habita nas mentes

estreitas e reacionárias.

Droga, é o consumismo que está acabando com a possibilidade

de um planeta que tenha qualidade de vida.

Droga, é o capitalismo que explora, exclui e detona

todo o resquício de humanidade entre as pessoas.

Droga, são as religiões cegas, que não enxergam

nos humanos, a transcendência divina.

Droga, são os políticos omissos, corruptos e oportunistas

que usam as pessoas como degraus para os seus

mesquinhos objetivos.

Droga, é a violência que virou cultura em nossa

sociedade repressiva, hipócrita e autodestrutiva.

Maconha é remédio, é recreio, socialização, roupa,

sapato, bolsa e condimento.

Maconha, medo, maldição

travaram  as portas

da percepção...

Poesia2

3 - SONETO PARA ELZA

Elza Soares, suor, luta e vitória

Núbia Rainha e deusa do samba,

do Morro para o asfalto é história

Vintém, Mocidade berço de bambas.

 

Cara de Palhaço do planeta fome

Padre Miguel em ritmo profundo

no Sambódromo escreve o seu nome

Central Park, mulher do fim do mundo.

 

Amada musa dos fantásticos dribles

do serelepe anjo das pernas tortas,

fintando as inevitáveis diatribes.

 

O meu país é o meu lugar de fala

retumbante voz rouca que se importa,

canta as injustiças e não se cala.

Poesia3
Poesia4

4 - enes

não

nunca

negue

negão

negam

negrada

negros

navios

negreiros

novos

números

nisso

nós

naturalmente

não

negociamos

nossa

natureza

nanã

nina

nesta

necropolís

nunca

nada

nos

nota

nas

notícias

nuvens

nascem

natimortas

néscias

nuas

novidades

novas

nigérias

nagô

núbio

n'zombi

5 - poema da inquietude

habitam em mim o poeta louco,o boêmio, o amante,

o guerreiro,o hedonista,o ignoto e

o indignado cidadão,

coruja, abelha ,formiga, lobo, raposa,

a serpente e o leão,

forte, fraco, índionegrocaboclo sincero, fugaz e hesitante

 

impávido, aventureiro, desconfiado, pensador , crítico e leal

povoam tupis,tapuias, galegos, zulus, persas, judeus e árabes,

pueril,adolescente,adúltero,casto,nobre,

reles,urbano e árcade

anarquista, antifascista, carnavalesco- iconoclasta- atemporal

 

o amor, a ternura, os afetos e os carinhos ainda residem

neste coração imperfectível, impenitente e imperscrutável

onde ninfas, faunos e minotauros no mesmo labirinto trafegam

 

no encontro do maturus com o musteus, não e sim convivem

 livres numa dialética relação, intensa, ígnea e inefável

a conjurar o impossível, para ver o que poucos conseguem enxergar…

Poesia5
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