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Cristo Redentor

IV COPA DE POESIA
BRASIL, OUTUBRO 2022

DIAS 9, 16, 23 DE OUTUBRO E 06/NOV
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Matheus Cristian

MATHEUS CRISTIAN

MATHEUS CRISTIAN.jpg

Matheus Cristian, natural de São Gonçalo/RJ, é graduando em Administração na Universidade Federal Fluminense. Desde 2020 administra a página "opoetaquehaemmim", no Instagram, onde publica constantemente poemas e textos de sua autoria.

 

Instagram: @opoetaquehaemmim

1 - Sem Descrição

Aqui se escreve

E se anota num cheque

Daqueles sem fundo

Que o mundo

Está cansado de propagar

No fundo do pote,

O resto da despensa

No alto das cabeças de alguns:

Sangue, massa, neurônios

E poder.

Tudo bem enrolado

Empacotado e guardado

Vedado e obscuro

Sujo!

Sujo de poeira, sujo de sujeira

Sujo, sujo!

Os outros são só os outros

Polos opostos, poços de asneira

O velório destes está pronto

Uma caixa, umas rosas

Um incenso, uma vela

Mas se o cobre não cobrir

Joga-se uma folha

Risca-se um fósforo

Que amanhã é outro dia

Poesia1

2 - Amanhã

Amanhã de manhãzinha

Quando eu me levantar

E a poeira se assentar nas calçadas

Quero ser da primeira

Feroz rebelião

 

Artista renegado

Com pandeiro na mão

Poeta desmiolado

Sambando de calção

 

Quero ser da primeira brisa

As andorinhas do bico de âmbar

Levando na ponta da alma

O precioso DNA

 

Sincera trupe mascarada

Permita-me seguir no teu caminho

E se puder, avise a alvorada

Que eu não ando sozinho

 

Serei eu a vossa luta

Tua luta meu broquel

Minha alma será a tua

A tua será o céu

Poesia2

3 - Despedida

Adeus,

Pode ir...

Só não conte como estamos

Nem comente

Sobre o tempo que passou

Guarde em ti

Dos sonhos que sonhamos

Apenas os que se tornaram mágoas

Pois você mesma disse

Que o amor acabou!

Então, por favor

Assassina-me

Dos pensamentos teus

Poesia3

4 - Ausência

Sim, estou ausente,

E me falta a vontade de estar

Fisicamente atrelado à matéria.

A presença se faz inútil nessas ocasiões,

Porém, por mais que sofrida, tenha a honra

Da omissão escolhida, do retiro voluntário,

Que em nada se comparam à ausência forçada

E à partida inesperada para o mistério.

Minha ausência dá lugar à ausência

Vazia e fria que toma o meu coração.

Esta sim, nunca poderá se preencher,

Nunca poderá terminar, e nunca deixará

De ter a forma exata do teu rosto

Poesia4

5 - Por Que Escrevo?

Escrevo por raiva, não por amor

Escrevo com insatisfação e nó na garganta

Escrevo porque escrever é meu fardo

Porque sou inútil escrevendo,

Mas sou ainda mais inútil quando não escrevo

Escrevo, ou penso que escrevo,

Não por ser poeta, mas por ser verbo

Poesia5
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