MATHEUS CRISTIAN
Matheus Cristian, natural de São Gonçalo/RJ, é graduando em Administração na Universidade Federal Fluminense. Desde 2020 administra a página "opoetaquehaemmim", no Instagram, onde publica constantemente poemas e textos de sua autoria.
Instagram: @opoetaquehaemmim
1 - Sem Descrição
Aqui se escreve
E se anota num cheque
Daqueles sem fundo
Que o mundo
Está cansado de propagar
No fundo do pote,
O resto da despensa
No alto das cabeças de alguns:
Sangue, massa, neurônios
E poder.
Tudo bem enrolado
Empacotado e guardado
Vedado e obscuro
Sujo!
Sujo de poeira, sujo de sujeira
Sujo, sujo!
Os outros são só os outros
Polos opostos, poços de asneira
O velório destes está pronto
Uma caixa, umas rosas
Um incenso, uma vela
Mas se o cobre não cobrir
Joga-se uma folha
Risca-se um fósforo
Que amanhã é outro dia
2 - Amanhã
Amanhã de manhãzinha
Quando eu me levantar
E a poeira se assentar nas calçadas
Quero ser da primeira
Feroz rebelião
Artista renegado
Com pandeiro na mão
Poeta desmiolado
Sambando de calção
Quero ser da primeira brisa
As andorinhas do bico de âmbar
Levando na ponta da alma
O precioso DNA
Sincera trupe mascarada
Permita-me seguir no teu caminho
E se puder, avise a alvorada
Que eu não ando sozinho
Serei eu a vossa luta
Tua luta meu broquel
Minha alma será a tua
A tua será o céu
3 - Despedida
Adeus,
Pode ir...
Só não conte como estamos
Nem comente
Sobre o tempo que passou
Guarde em ti
Dos sonhos que sonhamos
Apenas os que se tornaram mágoas
Pois você mesma disse
Que o amor acabou!
Então, por favor
Assassina-me
Dos pensamentos teus
4 - Ausência
Sim, estou ausente,
E me falta a vontade de estar
Fisicamente atrelado à matéria.
A presença se faz inútil nessas ocasiões,
Porém, por mais que sofrida, tenha a honra
Da omissão escolhida, do retiro voluntário,
Que em nada se comparam à ausência forçada
E à partida inesperada para o mistério.
Minha ausência dá lugar à ausência
Vazia e fria que toma o meu coração.
Esta sim, nunca poderá se preencher,
Nunca poderá terminar, e nunca deixará
De ter a forma exata do teu rosto
5 - Por Que Escrevo?
Escrevo por raiva, não por amor
Escrevo com insatisfação e nó na garganta
Escrevo porque escrever é meu fardo
Porque sou inútil escrevendo,
Mas sou ainda mais inútil quando não escrevo
Escrevo, ou penso que escrevo,
Não por ser poeta, mas por ser verbo