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I COPA DE POESIA
LISBOA, 2022

DIAS 1 E 8 DE MAIO - YOUTUBE CRONOPOLIS.ORG
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APRESENTAÇÃO

Apresentacao

O convite para realizar a I Copa de Poesia Portugal surgiu após uma equipa portuguesa, liderada por mim, ter ganho a II Copa de Poesia Brasil, com o primeiro e segundo lugar. 


Não é fácil organizar um evento desta magnitude online, nem tão pouco conciliar fusos horários, mas o empenho de todos os envolvidos comove-me. 


Esta copa, assim como as outras já realizadas pela Cronopolis, tem como objectivo aproximar as pessoas da literatura, bem como aproximá-las umas às outras, com o propósito de se conhecerem, conectarem e de se interajudarem. Temos poetas de várias nacionalidades em diferentes partes do mundo, Angola, Moçambique, Filadélfia, Brasil, Russia e Portugal. Como é bonita e expansiva a língua portuguesa, já pensaram? E que maravilhoso é conseguir contar com tudo isto numa Copa como esta. 


Mais do que uma competição, este espaço é, sem dúvida, uma rampa de divulgação e visibilidade dos trabalhos dos poetas. Por isso, aproveitem, desfrutem e absorvam a poesia que vai chover nos próximos 2 domingos.


Aproveito para desejar boa sorte a todos e agradecer à organização da Cronopolis e à Valletibooks todo o apoio dispensado.

LÍDERES

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CIDÁLIA SANTOS

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CARLOS PALMITO

Lideres
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ANA SOFIA

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MARCOS ANDRÉ

EQUIPES

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PATRONO
LUÍS DE CAMÕES

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JÚLIO
LOURENÇO

LUÍS
AGUIAR

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CIDÁLIA SANTOS

SUSANA MOREIRA

ANA PAULA PEREIRA

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CARLOS PALMITO

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TIAGO
ROQUE

CÁTIA
SANTOS

PATRONO
FERNANDO PESSOA 

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BEATRIZ
SANTOS

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LISA LYNN
ERICSON

LÍDER

Equipes
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PATRONO
FLORBELA ESPANCA

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EMILY
BARRETO

TIAGO DOS
SANTOS

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ANA SOFIA

VALMIR
JORDÃO

JESSEH
SILVA

LÍDER

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Cora Coralina - foto Acervo Museu Casa de Cora Coralina 6.png

PATRONO
CORA CORALINA

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VANESSA
BARRETO

MANISVALDO
JORGE

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MARCOS ANDRÉ

MÁRCIA
NEVES

MARCELO
GIRARD

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POETAS

Poeta1
Poetas
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Júlio Lourenço, nascido em 6.6.1962 em Lisboa.

Formação em Gestão Imobiliária.

Gosto pela Literatura Portuguesa, que estudei no Liceu, em especial Poesia.

Gosto por Luís Camões, Cesário Verde e outros.

Voluntário na ONG Remar desde junho 2014 e em Espanha desde dezembro 2015.

JÚLIO
LOURENÇO

@juliolusitano

Poeta1-1

1 - Tu Mesmo

 

O que te levou naquele dia para te encontrares contigo mesmo?

Subitamente puseste-te a caminho sabendo exatamente onde querias ir.

Até que claramente sentiste-te presente e encontraste o que há tanto tempo buscavas no teu interior.

Era só parte de mim mesmo que era preciso completar.

Como dar conhecimento disto a quem quero, a quem vive comigo, a quem necessita de se encontrar consigo mesmo?

Poeta1-2

2

Certo dia

Andando no mundo

Desorientado, sem amor,

Desanimado agarrei em "mim mesmo" e fui até ao campo e passei num jardim...

Este jardim estava lindo,

Com muitas flores,

Das mais diversas cores

E feitios...

Reparei numa que se

Explanava radiante,

Muito simples,

Simplesmente linda,

Linda demais...

Aproximei-me,

Cheguei perto dela,

Ao "ouvido" e perguntei-lhe: como te chamas, flor?

Disse-me: Margarida

Poeta1-3

3 - A Porta

Subitamente a Porta abriu-se

para nela entrar,

encontrava-se sempre a Porta ali,

mas não ousava por ela passar.

Por onde caminhava, nenhuma porta havia,

até encontrar Aquela pela qual só o amor permite entrar.

4 - Tuas mãos

Por tuas mãos

fazes rodar a matéria-prima para a moldar.

Dessa vontade de criar,

fazes com cuidado em ti a Água entrar.

Poeta1-4
Poeta2
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LUÍS
AGUIAR

Luís Aguiar nasceu em Oliveira de Azeméis em 1979. É Mestre em Línguas e Relações Empresariais pela Universidade de Aveiro, é, também, gestor numa empresa de e-commerce.

A sua educação artística estende-se em vários domínios, estudou música clássica, guitarra portuguesa e fotografia. Dedica-se à poesia há mais de 20 anos, tem 10 livros de poesia publicados e vários poemas dispersos por antologias e revistas literárias. Foi galardoado, desde 1999, em dezenas de prémios literários.

@luis.aguiar.pereira

Recordas-te, meu amor, daquele tempo

em que bebíamos chá na sala branca da escola,

enquanto lá fora chovia, e os frutos eram magros,

e a paixão ardia no sangue,

e nós não compreendíamos o tremor nos olhos,

como se o mesmo fosse um vento adolescente

a chegar aos lábios?

Recordas-te do livro que me ofereceste,

de um poeta grande, que eu desconhecia por ser

tão grande quanto as nuvens,

e as palavras não tinham idade e éramos tão novos,

como os pássaros que aprendiam a voar

nas rugas finas do céu?

Recordas-te, meu amor, das crianças imemoriais

a correrem pelos pátios sem fim?

Poeta2-1

Já passaram tantos anos, éramos aves,

agora somos ventos em redor das árvores.

Juramos ficar para sempre juntos,

mas a eternidade é demasiado breve

para quem ainda tem recados na memória

e nuvens brancas, orvalhadas nos olhos.

Percorremos as mesmas estradas,

que se tornaram caminhos secundários,

e que nos levam a pomares com laranjeiras secas,

e com sede dos tempos em que a viagem

era uma promessa entre a minha mão

e a carta envelhecida, rubricada com o teu nome.

Poeta2-2

Tirei-o do bolso, do sobretudo preto

que servia de casa quando te apertava contra mim,

no parque da cidade que era só nosso.

Tirei-o do bolso, permaneceu por lá inúmeros anos,

esquecido, como o tempo que passa

e que vai deixando eternos sussurros e frio.

Tirei-o do bolso, um pequeno papel amarrotado,

com uma frase tua, escrita a lápis,

e que arde na memória como se a tua boca me falasse:

– Que lágrimas são estas, tão alheias a mim,

que me saltaram da vida para os olhos?

Poeta2-3

O teu perfume manchou o meu rosto,

nada me pertence, nem esta carne agora mirrada.

Deste-me o teu vestido

(como gostaria de o devolver),

talvez agora já não te sirva. Por onde andas?

O que fazes neste presente em que os pássaros

caminham na terra e os rios desaguam no céu?

A minha vida é mais branca do que a morte,

mas adormecias num fulgor, na extenuada chama.

Cruzavas os braços para que o coração

não saísse do peito, emagrecias em cada tratamento.

A pele ficava branca, depois amarela,

o sangue desvanecido, exangue, pálido, branco,

levava-te de mim para um barco

que eu não sabia remar. Partiste sem que eu

o soubesse, deixaste as saias e a lingerie,

mas decidiste levar-me os poemas todos.

As palavras custam-me na rebentação das ondas.

Ninguém virá recordar-me a pulsação

da maresia, do naufrágio dos barcos,

do amanhã em que acordo e o pão está morno,

em cima da mesa,

acompanhado por um café frio e amargo.

Poeta2-4
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O meu nome é Susana Moreira, tenho 40 anos, nasci em Castelo de Paiva, mas vivo em Lamego há 16 anos. Sou licenciada em Inglês e Alemão e estou a terminar a licenciatura em Psicologia, uma paixão que tenho desde adolescente. Sempre adorei poesia e desde os meus 15 anos que escrevo, no entanto, o meu gosto pela escrita esteve adormecido (ou escondido) durante muitos anos. Escrevo ininterruptamente desde 2019, como forma de expressar os meus sentimentos, as minhas emoções e a minha perceção do mundo.

SUSANA MOREIRA

@susanamoreira_7

Poeta3

Dá-me um abraço

Dá-me um abraço

Daqueles que só tu sabes dar

Em que caibam todas as palavras

Que foste incapaz de verbalizar.

Dá-me um abraço

Que me mantenha de pé,

Daqueles que me ampara

Quando tudo o que me resta é a fé.

Dá-me um abraço

Calmante e apaziguador

Que me toque a alma

E diminua a minha dor.

Dá-me um abraço

Que me sirva de incentivo,

Me leve a tomar decisões

E me lembre que eu estou vivo!

Dá-me um abraço

Com cuidado e com carinho,

Porque hoje tudo o que preciso

É de chorar bem baixinho.

Dá-me um abraço,

Um abraço de felicidade...

No calor do teu abraço

Descobri a minha humanidade.

Poeta3-1

Vida que passa

Nascemos, morremos...

pelo meio vivemos.

Há quem tenha uma vida longa

sem nunca ter vivido a vida,

Há quem parta precocemente

e tenha fruído cada segundo até à despedida.

Na ânsia de procurar mais e mais

há quem se perca no prelúdio da existência

sem perceber os instantes finais…

Sábios são aqueles que se ocupam a viver,

que não têm um só instante a perder.

Mergulham no amor, na alegria, no afeto,

desfrutam da amizade como prazer predileto.

Cultivam a família, o seu jardim perfumado,

fazem do trabalho um aprender e ensinar sempre renovado.

Quando, por fim, se ausentam, nunca deixam de cá estar:

perpetuam-se no coração dos que tocaram

que nunca deixará de os amar.

Poeta3-2

Poesia

Expressas sentimentos

Que de outra forma não teriam voz.

És a companhia de muitos

Quando estão tristes e sós.

Tornas o mundo mais belo

Com a tua melodia,

Que soa sempre bem

Quer fales de tristeza ou de alegria.

Ajudas os apaixonados

A expressar o seu amor

E aqueles que sofrem

A dissipar a sua dor.

Evocas a natureza,

As estrelas e o mar.

Em ti nunca faltam palavras

Para o infinito alcançar!

Tens em Luís de Camões

Um génio inigualável

Que deixou a todos nós

A sua marca imutável.

És poesia, pois então!

A tua beleza é eterna.

Curvo-me perante ti,

Minha confidente fraterna!

Poeta3-3

Gente

Há gente que nos vira do avesso

Sem sequer nos tocar,

Gente que não tem preço

Porque o caráter não se pode comprar.

Gente cuja história de vida é uma lição,

Gente que na sua humildade

Nos toca profundamente o coração.

Gente que nos cativa com o seu modo de ser,

Que nos impele a ser melhores

Através do seu viver.

Gente que não tem receio

De mostrar os seus sentimentos,

De chorar as suas lágrimas

E partilhar os seus tormentos.

Gente que nos inspira

Com a sua força de vontade,

Gente que nos faz agradecer

Por ainda haver no mundo gente de verdade.

Gente que entra na nossa vida

Por coincidência ou conspiração

Gente que nos vem ensinar

Que a melhor bússola é o coração.

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Chamo-me Ana Paula Sampaio Pereira, nasci em Guimarães, tenho 31 anos e sou Assistente Social.

Desde os meus 16 anos que escrevo poesia. Foi o meu professor de português que na altura

descobriu o meu talento. Tenho um livro publicado pela Chiado Editora, com o nome: "O mundo visto aos meus olhos" e gostava de publicar muitos mais.

Fiquei muito feliz pelo convite que a Cidália me fez para participar nesta copa. Viva a poesia.

ANA PAULA PEREIRA

@paulinha.s.pereira

Poeta4

Sou poeta!

Eu não sou poetisa!

Sou poeta.

Poetisa é diminuir,

O que o poder das palavras engrandece.

Sou poeta com tom grave,

E não poetisa de tom agudo.

Apesar de feminino,

Prefiro poeta, como no masculino.

Podes achar ridícula esta negação.

Mas eu sou poeta!

Porque transpiro poesia.

Vivo em comunhão com ela!

Digo-te que sou poeta!

Sou a alma do sentimento,

Sou a prova que a caneta tem cor.

Sou o coração aberto no papel.

Em mim respiro poesia,

Alimento-me de inspiração,

Sinto-me por inteira.

E vivo poeta!

Poeta4-1

Parem de cretinice!

Por favor parem!

Parem de fingir que se importam!

Parem de fazer dos outros coitadinhos!

Parem com a vossa ignorância sobre o outro!

Parem de fazer cimeiras internacionais,

Fingindo que, afinal analisam os problemas!

Parem de criar objetivos inatingíveis!

Parem de viver à sombra duma solidariedade forçada pela boa ação!

Parem com toda esta cretinice!

Parem de jogar ao faz de conta!

Faz de conta que sabemos das reais necessidades,

Do faz de conta que me importo,

Do faz de conta que até faço alguma coisa,

Do faz de conta porque é bonito!

Parem e consciencializem-se!

Estamos num mundo tão evoluído, tão cheio de inteligência artificial...

Mas...

Vejam o racismo ainda muito presente,

Reparem na pobreza extrema que afeta muitas nações,

Olhem para o sofrimento dos povos,

E as guerras? Qual a solução?

Meu deus...

E a emigração ilegal?

E o declínio diário do planeta... alguém vê?

Digam-me lá meus senhores e senhoras,

Qual o milagre para isto tudo?

Poeta4-2

Nunca desistas!

Por mais árduo que seja o percurso,

Caminha!

Caminha, com os pés bem assentes na terra.

Com a leveza na bagagem da alma,

E com o coração fortalecido!

Não esperes ajuda!

Não olhes para trás! Podes perder-te...

Sê firme!

Acredita na tua força, pois consegues mover montanhas com ela!

Não é nos fracassos que se veem os fortes,

É na persistência, é na luta diária.

É nas pequenas coisas, que se conhece grandes feitos.

Nunca baixes os braços,

Nunca deixes que te tentem baixá-los por ti!

Só tu conheces a tua garra,

O teu poder interior...

A tua maneira de dar uma reviravolta.

Só tu sabes o turbilhão que és,

E o furacão que levantas, para conseguires o que queres.

Só tu te conheces como ninguém...

Por isso...

Nunca desistas de nada!

Nem sequer equaciones essa hipótese!

Nunca desistas de nada!

De nada, mas de tudo o que seja o melhor para ti...

Poeta4-3

No dia do meu velório...

No dia do meu velório,

Não quero um manto de flores.

Não quero visitas de povo notório.

Não quero choro, nem dissabores.

Não quero vestimentas escuras!

Não quero cânticos de tristeza,

Nem pessoas a chorar nas ruas,

Nem visitantes com frieza.

Quero música agradável,

Quero pessoas com alegria,

Quero um ambiente confortável

E muita, muita poesia.

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O meu nome é Tiago Roque, tenho 22 anos e vivo em Mafra. Sou jurista, licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e atualmente mestrando em Direito Forense na Universidade Católica Portuguesa. Recentemente, publiquei o meu primeiro livro poético. “O Desancorado” A par do direito, sou completamente apaixonado pela arte da poesia, do fascínio que lhe é inerente, da maneira benévola com que nos permite ver o mundo.

TIAGO
ROQUE

@tiagosroque_8

Os meus olhos são verdes.

Sim, ai de quem diga o contrário

São verdes, cor da esperança e cor da vida …

Deus sabe bem porque me deu olhos verdes!

Deu-me a alma mais triste de todas

E, para conseguir sê-la na sua plenitude,

Na plenitude da sua tristeza,

Deu-me também olhos claros, olhos verdes,

Para ser lúcido e ver a realidade:

A realidade nua e crua, tal e qual como ela é.

E, quando me sentisse a desesperar

De ser tão triste e tão lúcido,

Me pudesse consolar no verde que há nos meus olhos

No verde que me anima para o futuro

E para as alegrias que a vida talvez ainda me possa dar.

Os meus olhos não são castanhos.

Seria mais banal, mais triste e mais perdido do que sou …

Sendo verdes, sempre posso dizer que são verdes

E sorrir!

Os meus olhos verdes são os meus guias.

Os meus guias de procura neste mundo tão vasto

Mas, sobretudo, os meus guias de luz para dentro de mim próprio

Como dois faróis que alumiam a minha tristeza

E me clarificam a escuridão da minha vida.

Nos meus olhos, vejo o mundo

Nos meus olhos, tenho o meu mundo

Em reflexos e em pedaços do mundo que me rodeia

E alimento-me do seu verde nos momentos mais tristes.

Se fossem castanhos, eu não seria eu

E não tinha a esperança dentro de mim.

Por isso, digo! E digo, com orgulho:

Os meus olhos são verdes.

Poeta5-1

Apaga as luzes!

Fecha os olhos!

Sente a escuridão!

Hoje, chove lá fora

Hoje, o mundo parou!

Parou para eu o ver,

Parou para eu o sentir, de olhos fechados,

Como nunca tinha sentido antes.

É muito mais bonito do que eu pensava!

Ah, se eu o soubesse viver …

Até agora, não soube, é verdade

Mas talvez amanhã saiba

Ou depois de amanhã, ou depois, ou depois, ou depois

Mas, e se nunca souber?

Sim, e se nunca souber viver o mundo?

Nunca ninguém me ensinou

Nunca ninguém me ensinou como é que se vive o mundo

Nunca me disseram como se ama

Nunca me disseram o que é amar

É suposto eu já saber? Não sei

Mas eu tento! E tento, e tento, e tento,

E tento todos os dias …

Acordo, levanto-me,

Saio para a rua, sorrio,

Caminho, beijo, respiro

E, tudo isto para mim, é viver!

Mil vidas não chegam para viver

Mil vidas não chegam para amar

Mil vidas não chegam para saber amar

Mil vidas eu teria para decifrar o amor

E, em mil vidas, eu sei que não o conseguiria fazer.

Á parte disto, mil vidas já valeram a pena

Para ver o céu azul e o azul do mar.

Poeta5-2

O destino é triste

É tão pobre e tão vazio

Não tem vida nele próprio

É moribundo e sem sentido

O meu destino?

Ah, pobre destino o meu

Pobre destino aquele que eu tenho

Se é que o tenho ou alguma vez tive

O meu destino é pobre e é triste

Que se cansa de ser destino

E, sobretudo, de ser o meu

De ser o meu destino.

É tão banal, e por isso, tão ridículo

Que as coisas que dão valor ao destino

São tão ridículas como as palavras que escrevo.

Vivo à procura do meu destino

Aliás como todos os outros ridículos

Porém, julgo que o meu destino

É nem ter destino nenhum

E viver tão ridículo como vivi até agora.

Poeta5-3

O tempo passa, urge, finda

As memórias desaparecem a cada dia que passa

As lembranças dissipam-se no ápice da idade

Sou um farrapo, estou velho, faltam-me forças

Da juventude não restam senão páginas em branco por escrever

O tempo que passou, a força do meu destino apagou.

Sinto tão presente o tempo que passa

Do passado, choro um vazio por preencher

Vivo o presente como se fosse o fim

Com a loucura da juventude e ânsia do infinito

A força que tenho para continuar é pouca

Mas eleva o meu espírito e irradia-o de luz.

A juventude antiga já passou, não a recordo

Desapareceu da memória, é vaga, é indecifrável

Agora vivo a nova juventude

Com a força inerente ao vigor da vida

E com a inocência dos sábios ignorantes

Amo a vida a caminhar para a morte.

Sacio-me da loucura da nova juventude

Usufruo-a na plenitude e delicio-me nos seus prazeres

Descanso na sabedoria desta nova vida

Respiro o ar tranquilo e sereno da inteligência

Espelho uma alma repleta de alegria

É felicidade, é vida!

Poeta5-4
Poeta6
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CÁTIA
SANTOS

@catiasantosescritadalma

Cátia, de Sintra e os seus textos são muito de conexão interior, de felicidade interior, de pureza e de partilha, alguns escritos em poesia e prosa.

Autora do blog Escrita d'Alma: https://catiasantos.pt/

Escrevo ao fluir da minha alma.

Escrever a vida

Escrever a vida

É escrever a minha alma.

Escrever a vida

É abrir o meu coração,

as profundezas do meu ser.

Escrever a vida

É evoluir em cada letra e em cada palavra.

Escrever a vida

É renascer diariamente ao vosso lado.

Escrever a vida

é viver de coração cheio de gratidão e de amor.

Escrever a vida

É escrever a minha essência num pedaço de papel

E partilhá-la com o Universo.

Toda a escrita é a nossa pureza.

Toda a arte é a nossa essência.

De mãos dadas com a criatividade,

Vamos dando forma ao fluir da vida.

De mãos dadas com o coração,

Vamos pintando o nosso caminho

Com as cores do nosso ser.

De mãos dadas com o medo

Vamos desbravando caminhos,

Vamos superando o que tememos

E encontrando a alegria da nossa alma.

Sê bravo!

Sê criativo!

E vive de mãos dadas com o medo.

Mas, lembra-te que és mais poderoso do que o medo e que ele é só um mero

espetador que te tenta deter de encontrares a tua verdadeira alegria interior.

Poeta6-1
Poeta6-2

Alegria de viver

Alegria de viver

Submersa em cada momento,

em cada pedaço de vida.

Alegria de viver

O silêncio

na descida ao meu eu interior.

Alegria de viver

cada sorriso partilhado.

Alegria de viver

cada abraço que acolhe o meu coração.

Alegria que rejubila a minha alma.

Alegria de viver tudo e todos.

Alegria de viver

a minha criança interior ao máximo.

Alegria de viver

que coloca um sorriso nos meus lábios,

um brilho nos meus olhos e enche de gratidão o meu coração.

Alegria de viver cada minuto

seja em silêncio interior,

seja em brincadeiras de criança,

Seja em união com a família,

seja o momento que for,

é aquele que preenche todo o meu ser e permite descobrir a minha felicidade

interior.

Poeta6-3

O tempo vai passando

O tempo passa e vai-me marcando

com gratidão e com a tua ausência

perdida entre palavras e entre distâncias.

O tempo vai passando

E com ele o amor de uma vida

Alegre e feliz.

O tempo vai passando

E ensina-me que na tua ausência

Sou eu que me encontro ainda mais

Com a natureza.

O tempo vai passando

Deixando momentos de pura alegria,

Felicidade e amor

Gravados para sempre no meu coração.

O tempo vai passando

Ensinado a fluir na maré da vida

Na maré da multidão,

Na maré do Universo.

O tempo vai passando

Ensinando que tudo passa

E tudo é efémero.

Mas, só o nosso amor resiste à incerteza

De um tempo de pandemia.

Uma amor capaz de tudo curar e por tudo lutar.

O nosso amor, a nossa cumplicidade, o nosso companheirismo…

O nosso até sempre!

Mar

Mar,

No teu manto de luz

No teu manto de amor

No teu manto de pureza

Envolves o meu ser

Envolves a minha alma

E dás alento ao meu coração.

Mar,

No teu manto

Tudo se dissolve

Tudo se resolve

Só a imensidão do momento fica.

Mar,

No teu manto

Envoltos em amor

Nós perdemos do mundo

Nós esquecemos do amanhã

E, simplesmente, estamos aqui e agora.

Poeta6-4
Poeta7
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BEATRIZ
SANTOS

Chamo-me Beatriz Santos. A minha vida baseia-se nos estudos mas tem foco também nas letras, isto é, procuro vir a ter um livro publicado. Escrevo mais romances do que poemas até porque acho que os meus ficam repetitivos. Porém, já os escrevo há quase quatro anos, tendo feito alguns longos intervalos de tempo.

@biiabfsantos

Flores

Há flores a voarem por alto mar,

Flores perdidas do meu pensamento

Voaram do casamento que seria

O laço do meu sentimento

Voassem elas todos os dias

Abraçaria o perdão e manifestaria o amor

O mar, lá de longe, vê como reagias

E no meu abraço, sente o sabor

Salgado da maresia

Tão pura e tão leve

Mas tão selvagem de fogaz

O vento leva as flores para ele

E deixa os amores para trás.

Já não há guerra sem flores

Nem felicidade sem lágrimas

Há a paz e o amor

Que fogem por entre os dedos

Que viram as páginas

As páginas do meu livro

Têm marcas dessas flores

Marcas vivas, que sobreviveram aos anos

E que esqueceram o inimigo

Daqui, o mar é eterno, tal como o amor

Amor eterno que ainda existe

Sob este luar que agora surge

O casamento acalmou

E o meu sentimento urge

Urge ele de tanto que tem para dar

Já não sei escondê-lo

Já nem sei como se pode esconder

Algo tão natural, como poderei dizê-lo?

As palavras não bastam

Para esta poesia

As flores separam-se com a corrente

E levam cada uma a sua palavra

A que a si se agarrara.

A alma, o amor, a paz

Vão com elas

Porque o mundo está do avesso

E elas choram…

E os três não têm preço.

As palavras embrulham

As flores que mais adoram

O mar continua pesado

Mas leve em levá-las

E os sentimentos agarram-se e perduram.

Poeta7-1
Poeta7-2

Às minhas avós

Às minhas avós.

Dedico o tempo que me dedicaram.

De uma relação conturbada

Tive outra mais leve

Sentia-me amada

Como um girassol no campo

Que cresce pela luz,

De tão longo, se transforma

Em algo bonito.

A elas, devo parte da minha vida

Ainda curta de jovem

E longa de responsabilidades

Enchiam-me de alegria

Vi-me perdida

No vosso desaparecer

É tão complicado de sentir

De dizer, de continuar a caminhada

Quando o gosto e o sabor igualam a nada

A minha garganta doeu bastante

Ficará na memória a despedida

A partida, que eu não queria que fosse

O último adeus, tão escasso

Tão deixado no tempo

Aquele tão apertado abraço

Que me davam ao amanhecer

Ou até ao anoitecer

Fosse dia ou fosse noite

Estavam ali, para mim

Por todos nós.

Avós, deviam ser para sempre

Não há caminho para regressar

E não há caminho que nos faça

Avançar sem a saudade

Sempre na mente.

Feliz é aquele que vive como se nada fosse

E infeliz é aquele que fica no passado,

Agarrado a ele com tudo o que tem

E esquece-se do que lhe falta

Desafia o que aí vem e dorme para não pensar.

Muito tinha para lhes contar

Mas nem tudo cabe neste poema

Esse será sempre o meu dilema

Devido ao sentimento de amar.

Fui feliz entre elas

E nem percebia o quanto o era

Coisas de outra era

Coisas que ficam guardadas na minha estante amarela.

Poeta7-3

De Leiria à Serra

Leiria, cidade tão calma e tão bonita

Aos olhos de quem a vê

Terra de estudantes de toda a nação

Das tunas e das noitadas

Das bebedeiras e das gargalhadas

Serra, terra rural que oferece o sossego

A companhia animal,

O queijo delicioso, o abraço caseiro

Onde se viaja e se perde sem medos

A volta à serra, onde existem milhares de rochedos

Perdidos uns com os outros,

Parecendo cordeiros.

De uma cidade a uma serra,

Milhões de coisas acontecem,

Milhares de pessoas vivem,

Centenas de aldeias povoam

Dezenas de comidas apetecem.

O caminho segue longo e o cansaço aperta

Pouco menos do que a saudade que cresce na distância

Pouco menos ainda, o estudante pensa em desistir

E muito se vive pelo futuro, pela hora certa.

Os estudos são um quebra-cabeças

Mas nada que faça pôr uma pausa

Leiria puxa-te para o Académico ou para a Merendeira (da Sé)

E a serra puxa-te para a Lagoa ou para o Vale

São quilómetros e quilómetros

Como sinónimos da melhor parte da tua vida.

São distintos os lugares,

De um ao outro, não há escolha

Onde não há tunas e noitadas

Há serões de rancho e vinho do porto

Onde não há estudantes

A tirar cursos superiores

Há estudantes a prepararem-se para eles

E a correm à neve quando ela cai

Retiram os trenós das suas tralhas

E querem lá saber do frio!

Pôr-do-sol

Bonito num pôr-do-sol

Com um copo de vinho a condizer

Nos teus braços, aprendi a viver

Contigo, soube renascer

Não me ensinaste da melhor maneira

Tenho a dizer,

Mas serviu para saber viver e para largar a bandeira do teu amor

Agora, eu sou livre

Sinto-me livre

O ar fresco pode percorrer-me

Posso mudar-me para uma praia nudista

(Não, mentira!) Posso olhar o horizonte e sorrir

Neste mundo difícil e racista.

O sol assim se vai para uma noite vir

Mais descanso, mais paz

“Mais amor, por favor”

Tudo o que se deseja no Natal e na Páscoa. Tudo por uma questão de sorrir.

Tudo pelo encontro familiar

Tudo se baseia na sociedade

Mas esta não se baseia, não dá atenção

Ao pôr-do-sol, ao nascer dele, não o contempla

Não o agradece

Apenas tira fotos aqui e ali

Apenas o vê de longe.

Apenas o tenta ter nas mãos.

Mas o por do sol não se deixa agarrar

Porque sabe que tem de viajar

Como gira a Terra a toda a hora

Como circula o ser humano a qualquer hora.

Ao teu lado, ele era mais risonho

Desfazia todo o enfadonho do dia-a-dia

Fazia-me o dia sobreviver

O por do sol, o teu amor, o copo do vinho.

Socorro, agora tenho de ir!

Esta história ficou escrita

Ainda a sinto, bastante.

Mas já é tarde, e a vida não pode seguir sem mim,

Não posso pôr pausa à fita.

Não posso parar agora,

O caminho é longo

Mas vou a meio

E enquanto a paisagem passa por mim, eu leio.

Sei o que leio, leio poesia

A poesia que eu lia para ti

Que emergia em nós

Uma devoção imensa à literatura

Um gosto que nos ligou à amargura.

Poeta7-4
4 - Lisa Lynn Ericson.jpg
Poeta8

LISA LYNN
ERICSON

Lisa Lynn Ericson nasceu em Lisboa, sede da sua alma fadista. É autora de livros de não-ficção e de poesia, incluindo "Simplicidade Vibrante: Pensamentos Poéticos de um Fado Feliz" (2021). O seu anseio fundamental é espalhar esperança sem fim, ponderando a saudade de uma forma singular.

Website: LisaLynnEricson.com

@lisalynnericson

FADO DO MEDO

Como se chama tal sensação,

Que me invade com tanta pressão,

Chupando leveza,

Com tanta destreza,

E paralisando a minha ação?

Ó medo, não foste designado

A dar o teu nome ao meu fado.

Esmagas esperança,

Com desconfiança,

Instalas-te sempre ao meu lado.

Deixei-te ficar, eu confesso,

E me encostei, reconheço,

E isto admito,

Mas já não permito,

E digo-te que te despeço.

Meu fado é outro mais lindo,

Seus tons de amor vou ouvindo.

Estou acompanhada,

E bem apoiada,

E este fulgor vou sentindo.

Poeta-8-1

FADO VIAJANTE

Se sou fatalista?

Não sei,

Mas canto o fado,

Pois sim.

Se por ser fadista

Errei,

Deus livre o pecado

De mim,

Mas se sou um santo

Então aqui canto,

Eu canto mil vezes sem fim.

E quando eu quero

Cantar

De estar afastado

Aqui,

Cantando, eu espero

Estar

Só mais apegado

A ti.

O fado dá certo,

Viajo mais perto—

Escuta, já estou quase ali.

E não há um dano,

Pois não,

Cantando, sonhando,

Com fé.

Eu não te engano,

Então,

E não estou pecando,

Até,

Mas canto baixinho:

Já vou a caminho,

No fado do meu coração.

Poeta8-2

A FESTANÇA

Não é um feriado,

Nem há qualquer desfile.

O povo animado

Pede, “Só mais um barril!”

O vinho é do Porto,

De todo o país,

E o melhor desporto

É estar e ser feliz.

Não faltam os petiscos

De cada região,

Sardinhas e mariscos,

Chouriço e leitão.

O rancho já lá dança—

Bailemos nós também—

Que festa, que festança,

Sim, isto sabe tão bem.

A festa foi marcada

Só para celebrar,

Sem máscaras, nem nada,

Juntinhos a bailar.

A triste pandemia

Passou, enfim, enfim—

Só resta alegria

“Vai mais um copo?” Sim!

E grita-se na pista,

Aqui e onde for,

“Já vem aí fadista!

Silêncio, por favor!”

Lá canta, “Minha gente,

Vós que aqui estais,

Os dias pela frente

Já não serão fatais.

A vida que nos resta

É para se viver.

Vós, povo, nesta festa,

Tenhais esse grande prazer.

Mas lanço um assunto

A cada um de vós,

Cantando, só pergunto,

Sem Deus, quem somos nós?”

Poeta8-3

PAÍS DOS COITADINHOS

Se somos o país dos coitadinhos,

A culpa é de cada um de nós—

Aqui em casa e lá os vizinhos,

Herdámos a pobreza dos avós,

Pensando que nós não valemos nada,

Mas isso é riqueza descartada.

E neste jardim à beira mar plantado,

A terra que é nossa desde então,

Na língua de Camões e Saramago,

Clamamos pelo Dom Sebastião—

Os bens de todos os Descobrimentos

Tornaram-se apenas em lamentos.

Julgamos que não temos muita sorte,

Sem caravelas para navegar,

Mas entre esta vida e a morte,

O fado nada vai desperdiçar—

Heróis do mar e desta triste terrinha,

Há muita coisa que se avizinha.

Mas para isso há que ter coragem,

Perante a nossa triste pequenez,

E sendo lusitana a linguagem,

Eu canto mais um fado outra vez:

“Ó povo, povo que lavas no rio,

Eu te pertenço neste desafio.”

O Dom Sebastião não deixou rasto,

Mas não se perdeu tudo para já.

Eu tenho fé no fado e afasto

O ar de coitadinho porque há

Um Deus que na saudade traz certeza

De que a vida pode ter mais grandeza.

Poeta8-4
1 - EMILY BARRETO.jpg
Poeta9

Emilly Barreto é poeta cordelista, pesquisadora e declamadora, brasileira, sergipana autora das obras: “Lampião, Herói ou Vilão?” (2019), “Jeitinho brasileiro, o apelido da corrupção” (2020), “Duas faces de mim” (2021), "Padre Léon Gregório, o profeta do sertão" (2022).

EMILY
BARRETO

@emillysilvabarreto

DOAÇÃO

Quando meu ventre tornar-se casa

Fecundando feito terra fértil recebendo semente

Vai germinar, girar, gerar

Gerar flor, gerar vida menina.

Quando a vida-flor

Se puser a crescer

Dentro do meu canteiro interno

E em resposta todo o meu corpo crescer junto

Como casa em reforma para receber um novo membro

Que passará desde então a me acompanhar

Na carreira, outrora solo.

Quando meus braços magros buscarem

Forças para se converter em berço,

E meu seio firme e erguido se render a gravidade.

Como o solo, vou doar meus nutrientes vitais

A nova flor, que de mim brotou.

Quando eu me dispuser

A doar meu corpo, meu tempo, meu sangue

Minha vida de flor, para dar vida a outra

Só aí vou entender o que é o verdadeiro amor.

Poeta9-1
Poeta9-2

Precaução

 

Meu amor não é todo teu

É um pouco das flores

Outro tanto das cores

E o restante ainda manterei guardado

Para outros amores.

Meu carinho não é todo teu

Ele é dividido

Entre olhares e sorrisos

Que não são só para ti

Pois somente assim

Se um dia você partir

Restará ainda, algo em mim.

Covardia

Eu me atrevo a escrever

Sobre a seca e a estiagem

Caatinga Mandacaru

Que compõem nossa paisagem

Mas falar sobre o amor

Eu nunca tive coragem.

Eu prefiro escrever

Sobre as pedras do caminho

Sobre o cacto o rebanho

Sobre o pássaro no ninho

Pois o amor fere mais

Que o cravar de um espinho.

Eu prefiro escrever

Sobre a vida no sertão

Sobre a cultura local

Sobre a nossa tradição

Pois perigoso é tratar

Das coisas do coração.

Eu me atrevo a escrever

De tudo em qualquer momento

Mas digo a qualquer pessoa

Que se nenhum fingimento

Tenho cá minha covardia

Pra falar de sentimento.

O verso é feito uma espada

Afiada para cortar

Por isso vou procurando

Outras coisas para rimar

O amor é ferida aberta

Que eu não uso cutucar.

Poeta9-3
Poeta9-4

CORRIDA

Os dias passam tão rápido

Cedo o sol beija o céu,

Logo a noite abraça tudo.

A vida passa tão rápido

Cedo o ventre beija o feto

Logo a morte abraça tudo.

E todos correm, correm, correm

Cedo levantam, tarde se deitam

Pegam ônibus, metrô, avião

Correm, caminham, rastejam

Se cansam, mas jamais alcançam

O passo da vida.

2 - Tiago dos Santos.jpg

Tiago Antônio dos Santos editor escritor de Belo Horizonte capital de Minas Gerais no Brasil entusiasta das Artes, das ciências e das místicas, tem empreendido Cultura e informação nas regiões do Barreiro e de Ibirité, margeando a serra do Rola Moça

TIAGO DOS
SANTOS

@tiagantonio

Poeta10
Poeta10-1

Imundólar

O nome dele eu prefiro não dizer

mas é por causa dele que estão a matar e a morrer

ele é bem conhecido no mundo inteiro

tem sabor de pólvora, o sangue negro é seu cheiro

gira todo o planeta todo dia

é o que comanda a guerra a fome e a agonia

sua aparência é frágil e delicada

quando ele está com você, você não cessa a risada

facilmente ele ilude uma pessoa

parece inofensivo, parece que quem está com ele está na boa

mas não se deixe enganar por sua simplicidade

ele já ergueu e devastou várias cidades

agora mesmo ele está matando alguém

sede de sangue, fome de morte ele tem

sua existência é para fazer você ter medo

ele destrói todo o mundo e não guarda segredo

o seu Império já está estabelecido

por isso ele chacina, para que seja mantido

vários por sua culpa enlouqueceram

também por culpa sua, outros vários se prenderam

à uma emaranhada teia de insanidade

que velozmente devasta com voracidade

toda estrutura existente é obra sua:

bancos, presídios, cinemas, foguetes para a Lua

bocas de fumo, prostíbulos, supermercados,

usinas nucleares, carros Fortes blindados

todo o esquema é parte do seu sistema

pena de morte é o seu lema

“nós confiamos em deus” esta é a sua estampa

blasfêmia arrogante, tem quem se encanta!

a sua doutrinação começa em qualquer escola

Governador da Terra seu nome é dólar!

Poeta10-2

VIGILANTE

Vigilante

não deixo a bíblia na estante

Leio e releio constantemente e sigo adiante

Se eu sou católico ou protestante isso é irrelevante

eu quero é que meu povo se levante!

o governante mata de sede o Infante

Constituição aberrante com seus erros gritantes:

Álcool, veneno mortal, lucro do comerciante

um reles baseado é considerado flagrante

país gigante de gente simples, ignorante

que se ajoelha perante a marca do refrigerante

feito à base de coca intoxicante

sufocante é o ar da favela distante do grande centro elegante

são só os setores do inferno de Dante

cidade organismo pulsante, onde o crime é mais cativante

do que a modelo de vestido esvoaçante

não se espante com a velha guerra estressante

para colher Liberdade, Verdade plante!

Poeta10-3

Sagrada Cultura

Para plantar a verdade e colher Liberdade por Eras sem fim

para integrar a energia de todo o universo, de você e de mim

para que toda a gente chegue junto na frente de cabeça erguida

é o mesmo sangue corrente, o coração quente sente, esta é a nossa vida

a Caridade fraterna, comunhão sincera, essa é a nossa cura

vanguarda na guerra, a espada que impera é a sagrada cultura:

O Novo Testamento no meu pensamento, palavra e ação

Deus que abençoa, livra e guarda e perdoa, essa é a missão!

para plantar a verdade e colher Liberdade por eras sem fim

para integrar a energia de todo o universo de você e de mim!

Poeta10-4

Santa Cruz

As nossas raízes são sagradas

concebidas em mata e água Virgens

as nossas raízes são profundas

estabelecidas em Terra firme

a nossa herança é a Santa palavra

a salvação pertence ao que persiste

quem nascer nessa pátria consagrada

Experimentará o que o Cristo disse!

Ó Brasil de fé celestial

aceite o seu dom primordial

é sua aquela missão de Portugal:

evangelização universal!

Bendita e Eternal Ordem de Cristo!

através do tempo o templo do Santo!

para cada ovelha o seu aprisco!

Ofir Jesurum é nosso canto!

uma só mensagem para todos:

puro Jesus venceu a Cruz por nós!

admitindo ser puro o seu povo

Deus sempre ouvirá a nossa voz!

Ó Brasil de fé celestial

Aceite o seu dom primordial

3 - Valmir Jodão.jpg
Poeta11

Valmir Jordão é poeta, compositor e performer. Nasceu no Recife, é partícipe do MEI/PE (Movimento dos Escritores Independentes de Pernambuco), desde 1982, nas ruas, praças, sindicatos, cinemas, teatros, escolas, universidades e nos festivais por todo o Brasil. Publicou: Sobre vivência (1982), Poe mas (1999), Hai kaindo na real (2008), Poemas diversos (2013), Poemas reunidos (2015), Poemas recifenses (2019).

Minhas páginas no Facebook:

Literatura & Resistência, Hai Kaindo na Real, Poemas Recifenses e Jucativa

VALMIR
JORDÃO

@valmir.jordao

Das Sombras e Solares

Amanhecer no êxtase de um bode

Depois de um pós-monumental porre

E uma irritante voz

A desejar bom dia

Ignorando a tremenda mancada

Traduzida em mal-estar e epilepsia

Notícias de TV, cenas estúpidas

De baixarias e mediocridades

E no planalto,

Vários planos a nos arrebentar

Tráfico de drogas, de influências e

cumplicidade

Estado-positivo, governo-negativo

De um postal apresentando as capitanias

hereditárias

Que ainda cultivam

Essa wave-norte-américa-otária!

E cai a tarde, réus, vítimas em juízos

A deformar toda dignidade

E você sonha com a felicidade

Dizia o triste que a tristeza é bela

E o solitário: solidão é fera

Entre mendigos, shoppings e absurdos

Produz-se tudo com arbitrariedade

Consolidando o corporativismo

E as consequências são coincidências

A despistar

E as evidências ecoam na noite

Um escândalo, um homicídio

A distrair os corações urbanos

E a destruir a ilusão dos vândalos.

Depois cigarro, good night, um tapa

Noturna láctea birinaite atômico

Nas avenidas cruéis, embates anacrônicos

Pandemia rima com covid, cólera, malária

E consumismo sub-reptício

Legitimando o desejo canalha

Que ainda cultiva

Essa wave-norte-américa-otária.

Poeta11-1
Poeta11-2

A eterna comédia humana

A poesia é irmã da rebeldia

e traz consigo toda a sedição,

não se apraz com a injustiça

nem apoia essa situação.

Gritam os tiranos: - Morte aos poetas!

Desapareçam dos nossos domínios

esses desagregadores da ordem social,

sumam com suas ideias e vaticínios.

Ainda ontem sofri um atentado -

Seis tiros, um na nuca e cinco nas costas

quatro sicários, psicopatas milicianos,

a ignorância é o recado como resposta.

Em narcose devido aos disparos,

vislumbrei toda a ancestralidade

questionei sobre o acontecimento,

não se dar importância a nulidade.

Sucumbir entre os chacais é emblemático.

É o signo onde perscrutam os hermeneutas

não alardem, ficam quietos nessa fleuma,

tergiversam, quais inadimplentes enfiteutas.

E assim descaminha a humanidade.

Relativizam, banalizam de forma capciosa

E a poesia transverbera, emana das pedras,

revela, denuncia a realidade tenebrosa.

Poeta11-3

agonia

quando as brumas dos sonhos dissipavam

náufrago, ao queimar os meus navios

a minha alma, faca de dois gumes

açoitava o verão que oprimia

e o tempo tornou-se meu inimigo

aderindo a esta distopia.

as flores exalavam asfalto quente

e as cores apresentavam-se deprimentes

invoquei, implorei aos ancestrais

pela volta da eterna primavera

que os olhos esperavam entredentes.

porém, prefiro o brilho dos punhais

a essa paz, dominada pelo medo

na disputa dos eternos ideais

é como não dormir, e morrer cedo.

Poeta11-4

renga social

racismo

sabe lá o que é irmão -

ir ao mercado fazer compras

e ser tratado como ladrão.

black power

podes achar feio e ruim -

faz-me ser um Sansão de ébano

o meu cabelo pixaim.

homeless

você, no aconchego do lar -

sabe o que é acordar sem ter

onde escovar os dentes e defecar?

casebre

a tua pala

me tirou

da fita.

invernal

lavei as feridas no outono interno -

hoje vejo o mundo a chorar

nas plúmbeas nuvens do inverno.

4 - Jesseh Silva.jpg
Poeta12

Jesseh Silva - Escritor, Assessor Jurídico, Professor e Pai.

Escrever é vida. Vida que doa palavras. Palavras que geram vida.

Página de Facebook:

Jesseh Silva escritor - Crônicas, Poemas, Contos e Histórias.

JESSEH
SILVA

@jessesilva1171

ESFERA

Na esfera do nada.

Nada faz sentido.

Sentido contrário.

Em sentindo incerto.

A esfera se desfaz.

O moribundo aguarda incólume.

A esfera tem ritmo.

O som de um cajon.

A melodia da morte.

Tem solo de Bach.

A trilha do filme.

A sinopse do drama.

O personagem que morre.

No final da vida.

A mocinha que chora.

A bilheteria não devolve.

O ingresso do homem.

A amada não veio.

Que se dane a fita.

A esfera gira.

Em sentido contrário.

O moribundo reage.

A esfera não para.

Nada faz sentido.

O mocinho do filme.

Não é páreo para cena.

O vilão não quer mais.

Ser mau sem ter beijo.

Monroe é a diva.

Dos sonhos de Ícaro.

A esfera é de aço.

O sonho é de cera.

O beijo da morte.

Encantou o mocinho.

O moribundo espera.

Que a esfera se refaça.

Em ritmo mais tênue.

O cajon não tem vez.

Na música de Wagner.

Encontrou uma vaga.

Na trilha do filme.

Na sinopse de Benigni.

A esfera se refaz.

E nada faz sentido.

Poeta12-1
Poeta12-2

RETALHOS

No auge das linhas escritas, eu desisti de continuar o conto.

A noite chegou e o sono furtado gerou um hiato entre cansaço e descaso.

O dia amanheceu e eu ousei contar um sonho insano.

A folha de papel rabiscada, continuava ali, estática, confusa, esquecida.

Ouvi de um aldeão que dizia sobre o mundo. "Em breve, haverá um fim. Mas não antes de se transformar em um condomínio chamado, Solidão; ocupado por gente carente e indiferente aos aderentes, egocêntricos indivíduos, e depressivos solícitos.

A tarde passava e o conto bendito era apenas um mero rascunho sem nexo e desconexo da realidade maledeta.

A jovem tecelã perdeu o compasso e o tear emperrou. A arte da trisavó enferrujou com o tempo e, nem sequer, foi capaz de ultrapassar o túnel refluxo da geração vogante.

O ribeirinho inferiu soletrar a poesia de Cervantes.

O tempo passa e a escrivaninha se enternece com o conto inconcluso.

A noite retoma o seu turno, e o espírito insone atravessa a ponte. O ribeirinho se dedica, à luz da lua, entender quem Cervantes, é. A tecelã sonha com a trisa a reclamar a arte esquecida.

E, ainda assim, o conto continua ali, sem saber afinal, se moral terá a história.

TUDO ESCURO!

Escureceu.

Estou assustado.

Agora, minhas mãos substituem os meus olhos.

Começo a tatear as paredes do meu pequeno espaço interior.

Tropeço em algo.

Talvez, uma velha lembrança.

Ou quem sabe, uma lembrança insistente.

Sentei no chão.

O chão se move.

Tenho a sensação de que estou levitando.

Eu não quero levitar.

Eu tenho medo.

Medo de desabar.

Medo de me machucar.

Medo de morrer.

Medo de cair sobre o nada.

O nada da existência me domina.

Agora, estou em pé.

Não sei ao certo.

Tateando, tenho a impressão de que estou em um corredor.

Sim! Estou no corredor.

Não estou confortável.

Não entendo.

O meu pequeno espaço interior tem um corredor.

Agora, a sensação mudou.

Fui transportado para o vagão de um trem.

O trem está em movimento.

Continua escuro.

O trem vai parar de correr?

Ou será que vou morrer?

Estou desconfortável.

Lembrei o momento em que a luz apagou.

Eu estava em algum lugar.

Eu lia um livro.

Uma saga.

Um autor sombrio.

O livro ficou aberto sobre a escrivaninha.

Não lembro se usei o marcador.

Gritei!

Queria apenas uma informação.

Certo é que o meu grito se perdeu no eco do tempo.

No corredor do meu pequeno mundo interior.

Queria tanto retornar para minha escrivaninha.

Lembrei!

Página 55.

O marcador está na página 55.

Continua escuro.

Estou exausto.

Entediado.

Desconfortável.

Preciso voltar e continuar a leitura.

Voltar para a minha vida.

Entretanto, continua escuro!

No entanto, continua escuro!

Poeta12-3

A PROPÓSITO

Preciso te dizer.

Ainda não foi possível compor a canção.

Quanto ao poema.

Nem sei se sou capaz de iniciar a primeira frase.

E sobre o meu humor.

Estou bem, apesar do mau humor.

Se eu já escolhi o personagem da próxima história?

Ainda não!

A propósito.

A crônica de ontem ficou horrível.

Na madrugada passada eu estava com uma inspiração insone.

A pena falhou.

Que pena.

Eu passei o tempo relendo Drummond e o dia amanheceu.

Esqueci tudo o que ia escrever.

A propósito.

A Geni não existe e jamais existiu.

Foi apenas a personagem da música de Chico.

Ainda mais essa.

Não posso criar o meu próprio personagem?

A propósito.

O Hórus do romance não sou eu.

Meu nome não é Hórus.

Não adianta.

Eu não sei desenvolver um acróstico.

Mas eu gosto de música acústica.

Se eu faço palavras cruzadas?

Só as fáceis.

A propósito.

Desisti de aprender.

Xadrez é complexo.

Estou aguardando a chegada da minha bela Dama.

A cartolina de boas-vindas já está pronta.

Só.

Somente ela sabe o que está escrito.

Eu queria ser pai de um menino.

Minhas meninas são lindas.

Meu humor está alterando.

Que bom.

A propósito.

Poeta12-4
Poeta13
1 - Vanessa Barretto.jpg

VANESSA
BARRETO

@poesia_natureza_corpo

VANESSA de OLIVEIRA MENA BARRETTO; é de Campos Novos/SANTA CATARINA, BRASIL, morou no Ibicuí “interior”, Poeta desde criança, Ama a Poesia/Natureza/Canto/Recitar, Professora, Mãe, Dona de casa, Escritora, Influencer!

Espera/acredita que suas Poesias e recitações vão encantar o mundo! Nasceu em 17.Abr.1990, com participações em mais de 8 livros, É autora do livro: “O seu Dia com Poesia”, siga-a no Instagram, Tiktok, Facebook.

Liberdade de pensamento

Ah essa liberdade que faz tão bem

Poder falar, ser ouvido também

E como é bom!

Pensamento que invade

E me leva a mergulhar

E refletir em pensamentos

E em tantos momentos.

Pensar, pensar, pensar

E em algo chegar

O poder que faz o mundo

se abrir à mais.

Eu penso, escrevo, tu lês

E pensa, e pensa e repassa

E escreve e outros leem

E assim vai...

Ligação em pensamento

Permissão para expor

Sentimentos... E como é bom!

Querer e poder ser voz!

Poeta13-1

Pare para olhar

Pare para olhar

E se parar!

Olhe.

E se olhar

repare

Repare e reflita

e veja as coisas lindas

que a natureza tem para oferecer!

Ela oferece

O encanto

A paz

A mansidão

A calmaria...

Pare para refletir

e Se sentir

no respirar

sem se apressar

somente sentir!

Sentir o valor

que os momentos bons tem!

Sentir

Ressentir

Estar

Sem estar

Reparar e seguir

Seguir sem se esquecer

que na natureza

tem o que precisar

sem abusar

mas reutilizar

e ficar...

Ficar em Paz!

Poeta13-2

Aproveitar a vida

É aproveitar um por do sol

de um fim de tarde lindo.

É aproveitar a sombra

de uma árvore no verão.

É aproveitar um abraço verdadeiro

único e inesquecível.

É aproveitar um banho de

chuveiro após a chuva fria.

É aproveitar o cheiro das flores

enquanto exalam seus perfumes.

É aproveitar olhar para o céu

deitada em uma grama macia.

É sorrir sem se cansar

após uma boa piada.

É dançar sem medo uma

música sua eternizada.

É viver sentindo a brisa

o sol, o céu e seus encantos.

É amar mais e julgar menos

não perder tempo com o imudável.

E seguir e buscar os sonhos

sabendo que o pouco que se faz é bom.

É ouvir sua música preferida

e voar, imaginar... VIVER!

Aproveite a Vida!

Poeta13-3

Teclas do computador

Sempre fui encantada em poder

olhar alguém em minha frente

mexendo nas teclas do computador

cada letra digitada na tela eu olhava

e para mim

sempre foi um fascínio.

Deve ser por isso que hoje

Sou o que sou! Escritora.

De fato sempre Amei

Quando adolescente escrevi reflexão

do que é o Amor .

Passou o tempo...

E só com quase trinta anos que tudo fluiu

Que o que eu nunca imaginava

se tornou um sonho real em vida

Agora... Escritora, Poetisa.

Continuo a amar cada letra que surge na tela

Só que agora a diferença

é que quem esta digitando

Sou eu!

Aquela linda menina

Que hoje é está mulher Amostrada

Com sonhos, vontades, realizações

E com projetos pela frente

Com boas parcerias

Realização!

Sonhos e realidade juntos!

Eu... Poetisa eternamente.

Poeta13-4
2 - Manisvaldo Jorge.jpg
Poeta14

@manisvaldojorge25

MANISVALDO
JORGE

Manisvaldo Jorge é um poeta angolano e amante da Literatura, especialmente, da Literatura no sentido restrito, ou seja, poética.

Nasceu em Luanda, cidade onde vive até agora.

Uma das frases de sua autoria: Assim, vida e poesia não são sinônimos, são a mesma coisa.

Voltar

Queria eu voltar

Para não mais voltar

Queria estar preso

Tão condenado na volta

Só para não ter que voltar

Queria eu não evoluir

Só para não te ver partir

Às vezes penso

Se o tempo voltar

Assim como eu volto

Todos os dias

Ao pensamento de voltar

Regressar aos doces dias

Da minha ingenuidade

Regressar à felicidade

Pausar minha idade

E não te perder

Apenas te ganhar

Para toda eternidade

Queria eu voltar, voltar

Poeta14-1

Esse meu amor

Esse meu amor,

que não sabe falar

Quando é para se revelar

Trêmulo e louco fica

Minha boca só olha

Meus olhos enfim falam

Agora ou nunca

Falar nada, nada...

Dizer tudo, tudo...

Sou eu, o falador

Não falo de falar

Só falo de olhar

Ela, a ouvidora

Só ouve de ver

não ouve de ouvir

Esse meu amor

Que não sei entender

Como se faz perceber

Tem suas formas

Tem suas normas

Eu ,mudo, falo

Ela, surdo, houve

Poeta14-2

Zungueiras

Zungueiras, pela manhã, vão, fortes como as correntezas do rio. Voltam, pela tarde, como ondas do mar atiradas pelo cansaço. Vão, voltam e vão...

Mães trabalhadoras, africanas, angolanas, levam, em seus corpos, o futuro dos filhos e a velhice amarga dos maridos. Andam o mundo, cansadas, não descansam, beijam seus reluzentes pés o solo, banham o corpo na chuva de calor cuspida por uma sol bravo, suas vozes em tons berrantes, gritos gritantes, correm e encontram os ouvidos do mundo: Éh, Lambula, éh, lambulaaaa!

Têm o aroma a sair, mas longe do seu sentir. Minhas palancas negras, guerreiras, mulheres de seios café e carapinha dura, imbondeiros inderrubáveis, rainhas que divorciadas da vaidade se entregam a triste e duríssima realidade.

Quem mais, senão vocês, leva uma bacia com pão na cabeça?

Quem mais, senão vocês, trabalha muito e ganha pouco?

Acordam antes da aurora e vejam o sol a morrer.

Sem relógio, sabem bem contar o tempo.

Surpreendem o ladrão para dar ao filho galardão.

Castigam o corpo e alma na venda inútil do dia a dia?

Quem mais, quem mais?

Ninguém mais, ninguém mais. Só vocês!

Perdem o dia, ganham a noite.

Com a noite ganham um outro dia!

Poeta14-3

Amor e minha fé

Nada mudou, tudo tem a mesma dinâmica: nossa casa humilde, nosso pequeno jardim, os pássaros e seus lindos cantos, o mar da Corimba ainda bota seu cheiro de paz todas as manhãs, do nosso teto ainda se pode ver o sol beijando o amor.

À noite, a lua permanece incorruptível, brilha e expulsa as trevas para longe de nossa casinha, as estrelas são sempre numerosas e incontáveis. Eu ainda sou a moça linda que pintou em sua poesia, meus cabelos continuam sendo cor de neve, meus olhos ainda são faróis, minha pele é linho fino, minha voz é como som de muitas águas, meu coração ainda é seu, para outro amor sou ateu. Não mudo minha crença, ainda faço minhas rezas e tenho a mesma fé, porque sei que um dia, assim como em contos de fada, um beijo quebrará esse feitiço e você voltará das entranhas da terra para mim, para nós, para o nosso amor.

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Poeta15

Márcia Neves é formada em Letras, atua na área ministrando aulas de Português, Redação e Língua Espanhola, é mãe do pequeno Yohan, autora do livro Grades de liberdade e coautora nas Antologias poéticas: Mythos e O livro das memórias. Declara-se amante das letras e apaixonada por poesia, sempre gostou de escrever. É brasileira, natural de Paripiranga, cidade interiorana no oeste da Bahia. Nasceu em 1982. Há quase 20 anos reside no litoral sul do estado de São Paulo. Acredita na força reflexiva de suas poesias e busca tocar o coração de seus leitores a cada escrito que publica.

MÁRCIA
NEVES

@seveneducacao

Poeta15-1

DEUS, O LUGAR E O TEMPO

Perguntaram-me certa vez

De onde vem a calmaria?

Consegues um equilíbrio

Exultante de alegria

Espalhas amor

E um cuidar a cada dia!

Olhei, entreolhei-me

De fora, nada pude ouvir

Era barulho que fazia

Ninguém se apercebia.

Aqui dentro de mim

O barulho que oscila

Revela espaços

Que precisam de mim

Mas, o que há de mais certo

Seguro e sentido

São os espaços que ocupo

As pessoas com quem convivo

E o tempo que não é meu

Pois, o melhor da vida

E as certezas de que preciso

Sempre se revelam

No tempo de Deus.

DEDICATÓRIA

À vida, os encantos

À memória, o contemplar

Ao sentir, sem prantos

Ao tempo, o eternizar

À motivação, o querer

Aos sonhos, o caminhar

À caminhada, o continuar

Aos medos, o destemer

Aos erros, o recomeço

Às descobertas, o glorificar

Ao desconhecido, o apreço

Às novas histórias, o garimpar

Ao garimpar, o encontrar

Ao mundo, o despejar

Ao adeus, o agradecer

À gratidão, o padecer

Poeta15-2

QUERENÇA

Queria um dia, que fosse só meu

Pra pensar em tudo

E nos nadas de Prometeu

No qual pudesse ser

O vazio que me sustenta

Nesses dias cheios

Que só me atormentam

Um dia que fosse meu

Para poder existir

Ouvir a chuva, dançar e colorir

Sentir o vento, ser o silêncio

Que se compraz, talvez em mim

Sonhar com a vida

Vazia de afins

Respirar um mundo

Que há de existir

Um dia

Em que cada um

Possa viver,

E ser dono de si

Sem cobranças

Sem tempo

Sem arrogâncias

Com tolerância

Com respeito

Às diferenças

Aos sonhos de cada um

Mesmo que esse dia

Fosse só um

Certamente não me sentiria

A Macabéa

Mas seria um pouquinho de mim

E teria, por fim

Como em Clareando do Alttin

E a minha Lispector

A minhA Hora da Estrela

Poeta15-3

CEGUEIRA

Indignar-se é ligeiro e urgente

Perante o ser, sentir trans e universal

Que de nada adianta fingir ver

Se o poço da cegueira é pedestal

Pra salvar-se, fugir de qualquer mal

Amiúde, que condenam a nação

Disponho a escrever nas entrelinhas

Preceitos aos olhos e ao coração

Que o mundo é desigual e incoerente

É sabido por qualquer influencer

De Norte a Sul, em qualquer continente

A vida como num açoitar de vento

Se tempestua, pisca e passa em momentos

Finca-se em si e não perdoa lamentos

Poeta15-4
Poeta16
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MARCELO
GIRARD

@marcelogirardcom

Marcelo Girard é carioca, poeta e compositor. Em 1990 com apenas 16 anos lançou o polêmico livro de poesia O Dente Cariado De Cristo, em 1999 RAIVÓDIO POESIA MIX.

Em 2005 com prefácio do crítico literário de O Globo, André Luis Mansur, lança O Perfume do átomo. E em 2016 lança nas plataformas digitais Dublê De Figurante.

Foi criador da primeira rádio de poesia e literatura do Brasil fundada em 2007 até 2020.

É editor-chefe de jornais e revistas on-line no Brasil.

Em julho de 2021 foi publicado pela Academia Brasileira de Letras na Revista da instituição com 6 (seis) poemas.

O poeta participou de coletâneas com autores como: Ferreira Gullar, Olga Savary e o imortal Antônio Carlos Secchin e diversos eventos, feiras literárias, Bienais e exposições nestes 30 anos de poesia.

Conheça mais do autor no site marcelogirard.com

Poeta16-1

– NÃO VOU AO MEU ENTERRO –

Para evitar o cheiro das flores

O choro do meu inimigo

O encontro de meus dois amores

As roupas apertadas

Parede de madeira envernizada

O sono silencioso dos sonhos

A maquiagem fora de moda

Rabecão correndo sem cuidado

Pertences pelo coveiro roubados

Eu virar santo

Qualquer um da autópsia

Desnudar o manto

Um padre desconhecido

A missa comprada

Uma reza obrigada

E em vida me lembrar

Que não fui nada.

– CONSECUÇÃO –

A alma procura a trilha da paz,

Não consegue abrigo.

É como semente de pão

Que não vira trigo.

O corpo procura uma carne

Que deseje se espetar.

É como vinho no cacho

Que não consegue embriagar.

O corpo tampa a alma

Como uma parede

Que quer balançar sem rede.

A alma está dentro do corpo,

Por isso não deve opinar.

É como um caixão

Que não consegue se matar.

Poeta16-2

– FLOR DE SAL –

Somos como duas mãos

Guardando confetes,

Esperando o carnaval.

Uma taça dentro da outra, frágeis.

Transparentes como saliva na boca.

Estamos ilhados em nós,

Procurando a luz como girassóis.

Duas estrelas em rota de colisão.

Não sabemos o segredo da mágica.

Somos Lua cheia no verão,

Abelha e planta autofágica.

Fizemos trilhas erradas,

Choramos vermelho,

Seguimos as bússolas imantadas.

Nos transformamos como cacau:

Do amargo ao doce.

E hoje somos raros...

Como Flor de Sal.

Poeta16-3

– FILOSOFIA DA PORTA –

Tem gente que fecha a porta e não quer sair,

E gente que não abre a porta e fica parado.

Tem gente que chega perto mas não quer abrir,

Outros preferem a janela para fugir da porta certa.

Tem gente que empurra a porta mas não quer ir,

Tem até quem constrói uma porta ao lado da aberta.

Também tem os que dizem que não viram a porta !!!

Alguns deixam a porta semiaberta.

E tem aqueles que já estão lá dentro,

Quando aqui fora aperta.

Outros em clima de alerta,

Se escondem atrás da porta.

E tem gente que faz tudo isso

Diferente,

E nem se importa.

Poeta16-4
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