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Cristo Redentor

IV COPA DE POESIA
BRASIL, OUTUBRO 2022

DIAS 9, 16, 23 DE OUTUBRO E 06/NOV
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Ananda Scaravelli

ANANDA SCARAVELLI

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Ananda Scaravelli tem 28 anos. Nascida em Florianópolis, Santa Catarina, reside atualmente em São Paulo Capital. É atriz graduada em Teatro pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) . Publicou seu e-book "Desnudar-se" no web-site da Amazon Prime. Ganhadora do sexto lugar e Menção Honrosa no edital "Revirar o Mundo - pandemia e recomeço" da editora Giostri em 2020 com seu conto "O Vazio que Habitamos". Escreve e produz roteiros de cinema.

 

Instagram: @anandascaravelli

1 - Sobre Cinzas

 

Desejei tanto te ter. Saber sobre seu dia, cotidiano. Tudo que passava na sua vida.

Como o desejo é forte e pode se tornar realidade.

Poderíamos ser uma obra de arte, ao invés disso somos uma peça borrada.

Tinta a óleo desmanchada em água de mágoas. Fissuras feitas em tela.

Quis nos consertar, remendar, recordar os dias que fui só sua.

Quis relembrar, mas o hoje se faz tão compassivo.

Estamos distantes e tão distintos.

Já não sei se o hoje é nosso e se o amanhã nos terá.

Somos incertos em nossas dores.

Estou incerta em nossas juras de amores.

Estamos rotos, estamos soltos, estamos tentando ainda ser dois.

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2 - Árvore da Vida

 

Que tenhamos sempre o coração aberto

Para nos rumos, novos ventos.

Que tenhamos sempre os olhos atentos

Para tudo que é singelo

Para tudo que é belo

 

Que não nos falta perseverança

Para seguir a vida com alegria

Como a sentida por uma criança

 

Que não tenhamos muitas certezas

Pois com ela nos tornamos rígidos

E a rigidez endurece o peito

Não no deixando ver toda a beleza que nos rodeia

 

Que sejamos como árvores

Grandes, majestosas

Pacientes e frondosas

Com seus galhos grandes

Dando sombra as prosas.

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3 - Daqueles lábios

É besteira procurar em outros lábios qualquer contato, se o que eu quero mesmo é um

contorno que só pode ser preenchido pelos lábios teus. Qualquer verso é pequeno

demais, singelo demais para transpassar o turbilhão que acontece aqui dentro. Não dá

para fugir do que sentimos, não dá para fugir de nós mesmos. Sigo a lembrar do teu eu,

teus cachos e do teu olhar doce que sorri sem querer ser visto. Lembro de você

querendo fugir, mas ao mesmo tempo esquecendo de tudo e se entregando em meus

braços, chamando eles de lar.

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4 - É preciso deixar chover para brotar

Me vi dentro do olho do furacão, sem saída e sem direção.

Dentro da tempestade, o mundo parece perder o sentido. Tudo ganha densidade.

Após as nuvens pesadas, meu corpo jaz na praia. Cabelos revoltosos e a boca salgada.

Sal escorrido do mar e das lágrimas, mas estou viva. E de repente me sinto grata.

Caminho entre a areia e a grama aparece de surpresa diante de mim , tão firme e farta.

Escorro com a terra, viro raíz. Crio galhos longos que desatam do tronco sem fim.

Sem a tempestade, não teria brotado enfim.

5 - Aquilo que a noite cala

Hoje na noite remota

Eu só quero destruir algo belo.

Quero arruinar o brilho da noite,

Que me lembra do passado perverso.

 

Quero sessegar meu silêncio ansioso,

Dispersar meu medo receoso

Quero fazer oceano do meu lado morto

Catar conchas marítimas do meu leito torto.

 

Quero olhar pro céu nublado

No cinza levemente azulado

Ver por entra as árvores cansadas

Cantar o canto da chuva alada

 

Entre cinzas estranhos

A beleza da noite retorna

Mais um delírio insona

Da poeta entediada.

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