CLÁUDIA DULCE
Cláudia Dulce Chimbundo Ficale de nacionalidade angolana nasceu aos 17 de fevereiro de 1997, em Saurimo, província da Lunda Sul, filha de Dinto Ficale e de Palmira Chimbundo. Frequentara 5 anos de Direito na universidade Dom Alexandre Cardeal do Nascimento em Malange. Participou em duas antologias Nzila "Caminhos do sonho", "Pétalas e pedaços de nós" e na Revista The Bard, e venceu concurso províncial Inter escolar em 2016 realizado pela direção províncial da cultura da Lunda - Sul no qual foi a primeira classificada. Também é uma das vencedoras do concurso literário melhor poema angolano realizado pelo núcleo chá da vida Brasil no qual foi a segunda classificada
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1 - NGOLA
Assim era chamado pelo seu povo,
Ngola que foi colonizado
Era maltrado
Sem se importar com a sua dor,
Era exportado
E vendido.
Com tanto sofrimento tornou-se pensador
Onde serei levado?
Eu que trabalho sem recompensa
Agora deixo os meus filhos e a minha esperança,
O que será deles
Sem a minha presença?!
Pensava e repensava o pobre homem,
O meu povo está sofrendo
E muitos estão morrendo
Yami nguri tximbinda lunga
Comunicou-se com a rainha Njinga!
Lutamos lutamos
Com força de liberdade
Em busca da identidade!
Agora somos livres,
Livres de pensar
E de se expressar,
Livres de plantar
E de colher,
Livre até aos dias de hoje.
2 - SOBREVIVO
Sobrevivo num mundo de lamento,
Sofrimento, morte e dor
Dor de perder
aquele que um dia nos amou e nos cuidou,
Que a nós a vida dedicou.
Dor de pensar em tudo
Em infâmias do mundo,
Mundo de injustiça,
Ódio e rancor,
Ódio sem nascente
Nem foz
Em que o amor perdeu a voz.
Sobrevivo num mundo
De violência, doenças...
Ó mundo malandro
Mundo safado,
que se preocupa
Com os bens que o malogrado deixou
Esquecendo o que ele um dia significou
Mundo malfeitor
Que nem sei quem é o autor.
Sobrevivo num mundo
em que eu sabia tudo
Agora nada sei.
Mundo de tormento
Que não sabe
o que é o sentimento
Doi no peito
Doi aqui dentro
Nele eu não vivo
Eu Sobrevivo.
Mundo com entrada
Sem saída
Sem saber o dia da partida
Nele tudo é duro
Tudo é escuro
Este é o mundo
Em que eu Sobrevivo.
3 - GRITOS DE ÁFRICA
Falo em português ou em inglês,
O mundo é ingrato,
Fez-me de gato e sapato
Como uma rosa
sem cravo
Feito escravo.
Escuta
Eu gravo
na minha memória
Essa triste história
Do renegado, maltratado e escravizado,
Dentro da minha própria casa,
Espancado
Para não falar,
Chicoteado para me calar
Ameaçado
Para não denunciar.
Fui humilhado
Até perder a dignidade
Que maldade!
Dizes para esquecer essa fatalidade!
Quer que te sirva como rei,
Escravo já mais serei
Alcancei a liberdade,
Desde o dia que mudei de mentalidade.
Já não há superioridade nem inferioridade
Sai..., vai...,
Para nunca mais voltar.
Aprendi a me amar,
valorizar e aceitar
Tal como sou,
Preta e esbelta!
4 - NOVA ANGOLA
Que o sol nasceu e brilhou
Para seus filhos
Que viviam momentos de terror,
Dissabor, maltratos e muita dor,
Hoje pátria libertada, reconciliada…
Esta sim é a minha Angola,
Onde os filhos dos camponeses
Também vão à escola
Deixando o papelão
Levando uma sacola
E vivendo outra era,
Era dos licenciados, doutores..., Que no passado era só um sonho Para o filho do camponês.
Esta é a minha Angola
Cheia de mudanças,
Intacta a esperança
No sorriso de uma criança
Que almeja a vitória E vive a sua história.
5 - MINHA ÁFRICA
Minha África é de muitos reinos,
De grandes guerreiros,
Fortes, idealistas,
Altruístas, mentes brilhantes
Seres pensantes.
Minha África,
É a África de Cheikh Anta Diop,
Patrice Lumumba, Nelson Mandela
Njinga a Mbandi...
Minha África é angelical
Imaculada sem pecados,
É fenomenal, sem igual.
África é história
África é memória
África é tradição
África é paixão
África é linhagem
África é paisagem
África é beleza
África é pureza
África minha realiza.