RICK SOARES

Carlos Henrique Soares Barboza (Rick Soares), nasceu em 1988 em Recife/PE onde reside até hoje. Começou a escrita literária de maneira despretensiosa, mas com o tempo lhe tomou a alma. Lançou o seu primeiro livro no ano de 2022, "Só Ares Poéticos - ao vento", pela editora Valleti Books e teve participação nas antologias: "Quando a voz cala, a poesia fala", "Taverna Poética - Entre o vinho Byroniano e o Ultrarromantismo Moderno", "Conto por Conto - Sentimento Maternal" e "Deixe-me Transbordar".
Instagram: @rick.so.ares
1 - EPIFANIA (em parceria com Fábio Aiolfi)
É desconhecido, incabível, inodoro…
E tão imenso qual o ar que em mim carrego.
Tento descrever e chega a ser contraditório.
Do que estou falando?
Tudo isso que segrego.
Vem de mim, como pontes em acaloro!
E sobressaio num bater de asas ocultas,
Respeitantes, vívidas no sorriso e no choro.
Do que estou falando?
De minhas forças insepultas.
E me expresso, ao decifrar o que anelo,
Quando enxergo, neste reflexo o que senti.
Embora queira reverter tudo ao belo.
Do que estou falando?
Eu já percebo o prisma em mim.
De minhas constantes variações em mesmo elo.
Sobrevivo buscando por uma resposta acabada,
Como se tudo dentro de mim fosse puro duelo.
Do que estou falando?
Toda a poesia suscitada.
2 - SONETO DA MATERNIDADE
Nada é eterno, senão o amor de mãe
que por seu filho a tudo resiste.
Nada é tão puro quanto ele também.
Tão forte e singelo, tal qual não existe.
De todo o amor que uma mãe possui
não lhe convém que se guarde a metade,
pois, mais que o dobro do peito lhe flui.
N’amor de mãe não se vê vaidade.
Quando em estrada se põe o seu filho,
em seu seio, em silêncio, a dor brada.
Em seus olhos mantém o seu brilho.
Nada é eterno, salvo o de mãe, amiúdo!
Para alguns, os cansados, amor é tudo.
Para uma mãe, ainda, não é nada!
3 - QUE SEJA ETERNO
Que seja eterno o sentimento
De que a cada momento
Renova-se a esperança.
Que seja eterno o momento
De que, tido a esperança
Fortaleça-se o sentimento.
Que seja eterna a esperança
De que a cada sentimento
Viva-se o momento.
Intensamente.
Que seja eterna a certeza
De que a cada instante
Renova-se o amor.
Que seja eterno o instante
Em que no amor
Viva-se com certeza.
Que seja eterno o amor
Que com certeza
Não cessou nenhum instante.
4 - EU NÃO QUERO SER POETA
Na verdade, eu nunca quis.
Sou apenas sensível demais,
Emocional demais,
Amante demais,
Mas eu não sou poeta!
Escrevo sobre mim um pouco,
Expresso ideias,
ressalto sentimentos, utilizo hipérboles…
E com eufemismo me defino:
Eu não sou poeta!
Eu imagino muito e acabo vendo o que os outros não conseguem enxergar.
Eu invado sentimentos alheios, sem que me tenham dado autoridade para tal.
Ou talvez tenham!
Eu não quero ser poeta!
O poeta é um imã de sonhos e fantasias!
E aquele que tem sonhos e fantasias é atraído e pensa que foi conduzido por ele, quando, na verdade, o permitiu participar dos seus sonhos e fantasias.
Eu não quero ser poeta!
Eu não sou poeta.
Poeta aonde vai é flecha
E é alvo.
5 - LIVRE
Senti-me sozinho no deserto.
Rodeado apenas por areia,
sem roupas, sem coisa alguma em mãos.
"Eu não sou agora o mais livre dos homens?",
gritei para o vazio, sem resposta.
Estava sozinho no deserto,
e morri sozinho no deserto.
Vi-me sozinho em meu castelo.
Cercado por tudo o que fosse capaz de alcançar.
"Não sou eu agora o mais livre dos homens?",
gritei para minhas conquistas, ecoando a minha fortuna.
E fiquei sozinho no meu castelo,
eu morri sozinho no meu castelo.
Estava sozinho em mim mesmo.
Cercado por coisas que minha mente
e minhas imaginações criaram.
Os sonhos, a arte, as invenções.
"Eu sou o mais livre dos homens.",
eu disse a mim mesmo.
Eu estava sozinho em mim mesmo,
e permaneci. Livre!