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Cristo Redentor

IV COPA DE POESIA
BRASIL, OUTUBRO 2022

DIAS 9, 16, 23 DE OUTUBRO E 06/NOV
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Bruno Pereira

BRUNO PEREIRA

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BRUNO PEREIRA, 38 anos, técnico superior no Município de Mondim de Basto com funções mais ligadas à cultura. Editou o primeiro livro, “Fragmentos,” em 2006. Não se ficou por esse género e escreveu, também, prosa, literatura fantástica e terror. O último livro, “C.I.N.C.O,” foi editado em 2020 misturando prosa e poesia. Muito ativo a nível cultural coordenou um grupo de teatro juvenil, o Tâmegar, durante dez anos e, apaixonado por futebol, acabou o curso de treinador em maio de 2022.

 

Instagram: @brunomvpereira

1

Espero que estas palavras cheguem até ti.

Nesta luta contra o tempo

Pelo tempo que perdi.

A vertigem das coisas nunca nos caiu bem

Foi-se criando um falso delírio

Subitamente amarrado e feito refém.

[afinal não era para sempre]

Fiquei preso num vício que tem o teu nome

Agora moro na rua porque a minha casa eras tu

Alimentei, inconscientemente, esta dor que me consome

Não há paz dentro de mim

Despertei na cama vazia

E só nesse instante percebi que era o fim.

[afinal não era para sempre]

Agora procuro por ti em corpos que não são o teu.

Faço dos meus dias uma busca incessante

Tentando recuperar algo que já foi meu.

[algo que foi nosso]

Passo a passo

Vou descalço pela escuridão.

Envolto neste embaraço

Nesta dor que nunca pensei sentir.

Por não te ter mais aqui.

Poesia1

2

O meu corpo pede por uma paz

que só encontra contigo

Longe mostra-se incapaz

como se a tua ausência fosse castigo.

O meu corpo está viciado

em moldar-se com o teu

e sem aviso, este corpo apaixonado

deixa de ser meu.

 

O meu corpo deixou de ser apenas um

precisa de mais

de outro corpo em comum

de um amor que jamais

 

pensou encontrar...

 

Não sou dono do meu corpo

ele tem a sua própria vontade

e procura, de forma incansável, o conforto

de uma felicidade

que apenas tu consegues proporcionar

Poesia2

Hoje é mais um dia em que saio de mim.

Em que incorporo outra pessoa sem tempo nem fim

Hoje esqueço-me quem sou e todas as dores que carrego.

Ou faço delas escravas e uso-as a meu bel-prazer.

Não quero que recordem o nome que levo

Desejo que cada lágrima seja uma navalha, que faça doer.

Esta noite o palco é meu e não quero cá mais ninguém.

Nem a mim.

Só a personagem, aquela da qual me tornei refém

Que torno real, que sangra tanto da pele como da alma.

Espero que se faça silêncio do inicio ao fim.

Em mim e em vós, que o nosso interior seja invadido pela calma.

Que nas paredes deste teatro apenas ecoe a voz que eu, esta noite, represento.

De quem eu sou hoje por mais que doe

Por mais que queira esconder cá dentro.

Desde que se abra a cortina

Que a mudez das vossas gargantas e de todas as pessoas que escondo em mim para que a pessoa que hoje finjo ser sejam interrompidas apenas na hora de aplaudir

E que esses aplausos, sim, continuem depois de terminar em revolta desatina

Que ainda serei aquilo que fui durante oitenta e três minutos em frente a vós

Se saio de mim não é apenas por um período tão pequeno de tempo, se saio de mim é difícil voltar.

Não me permite o corpo nem a voz.

Até amanhã de manhã talvez ainda responda ao nome pelo que respondo hoje em um outro mundo

Preso neste vício e nesta fome

De ser outra pessoa nem que seja apenas por um segundo.

Poesia3

4

Dentro de mim

Espreita algo que nunca lhe soube o nome

Que cheira às flores mais bonitas do jardim

Tenho que me aproximar com cuidado

Senão vai esconder-se ou, então, some

Poderá sentir-se desnorteado

Por vezes, muitas até, não sabe o próximo passo

Talvez seja medo

Talvez embaraço

E, por enquanto, o seu nome é segredo

Ou assim o pensa, porque afinal

Se tem nome, chama-se amor, e no final

Não dá para esconder.

Poesia4

5

Corpos de plástico

De todas as formas e feitios

Corpos de elástico

Envaidece, esmorece, dá a volta e aborrece.

Corpos vazios

Cheios de coisa nenhuma.

Corpos macios

Banhados em ferrugem.

Corpos sem alma

Sem paz nem calma.

Apenas corpos.

Sem mais nada.

Poesia5

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