O plantão de Alessandra Valle é invadido por filhos à procura do pai. Eu, Luiz Primati, trago a segunda e última parte de um conto de 2018, publicado inicialmente no Facebook em partes e depois entrou para o livro: "Velhas Histórias Urbanas" que foi baseado num fato. O nome do conto é "O Palhaço do Coqueiro". E por último, Sidnei Capella apresenta o último capítulo de seu conto sobre a espiritualidade. Simone Caetano nos traz um novo conto.
Esse caderno tem a intenção de divertir os nossos leitores que, sempre acabam tirando algum ensinamento para suas vidas.
Leia, Reflita, Comente!
PELAS RUAS DA VIDA
por Alessandra Valle
Era sexta-feira, o plantão na “Desaparecidos” começou com três filhos adultos muito apreensivos.
Eles estavam a procura do pai, idoso que há mais de um ano apresentou sinais de Alzheimer.
— Nos últimos dias, nosso pai estava agitado, repetia que ali não era sua casa. Chegou a dizer estarmos o mantendo como prisioneiro — disse o filho mais velho, entristecido.
— Tenho um detalhe importante, investigadora — alertou-me a filha mais nova.
Entretanto, a urgência no momento era para que um dos filhos se dispusesse a preencher a autorização para divulgação da imagem do idoso desaparecido.
Tão logo a autorização foi concedida pela família, o cartaz com a foto do desaparecido fora enviado aos hospitais e abrigos públicos, como um sinal de alerta, informando que uma pessoa em situação de vulnerabilidade estava desaparecida.
— Agora sim, poderia me relatar a informação relevante sobre seu pai? — solicitei à filha mais nova do desaparecido, dando prosseguimento à investigação.
— Investigadora, nosso pai estava falando sobre pessoas com as quais ele conviveu à época do casamento com nossa mãe. Lembrando de situações ocorridas na casa em que tínhamos no bairro de Anchieta, no Município do Rio de Janeiro.
Identificamos o local exato de onde se situava a casa onde o desaparecido havia morado e descobrimos um telefone residencial instalado na propriedade.
Ao efetuarmos o contato por telefone, uma jovem atendeu a ligação e, logo, suspirou aliviada.
Ela nos informou que, desde a noite passada, um idoso tocou a campainha da casa várias vezes e gritou ordenando que abrissem a porta de sua casa.
A jovem disse ainda, que ao amanhecer, certificou-se de que o idoso estava dormindo sentado na rua, em frente à casa e ligou para o serviço de atendimento médico solicitando ajuda.
Durante a nossa conversa, enquanto a jovem nos transmitia a descrição das características físicas do idoso que bateu à sua porta, houve a confirmação de que o desaparecido estava internado na UPA — Unidade de Pronto Atendimento, que fica localizado também no bairro de Anchieta.
As assistentes sociais do referido hospital informaram que o idoso estava bem, apesar de apresentar confusão mental.
— Precisamos dar mais atenção ao meu pai, ele está saudoso de tudo o que já viveu nesta vida — disse a filha mais velha com lágrimas nos olhos.
Em situações semelhantes, idosos perambulam pelas ruas à procura dos locais que marcaram suas vidas com momentos importantes, como onde criaram seus filhos ou o local onde passaram suas infâncias.
Costumo chamar esses locais de “ruas da vida” por onde andamos e quando chegar a nossa vez de envelhecermos, também sentiremos saudade.
Os filhos do idoso encontrado se abraçaram e saíram apressados para reverem o pai.
Cuidemos dos nossos idosos, de modo a evitar que se percam e sofram de alguma forma.
O PALHAÇO DO COQUEIRO
por Luiz Primati
IG: @luizprimati
CAPÍTULO 2 — ASSASSINATOS NA PRAIA
Daniela pegou um copo de água para Gilmar. Tremia muito. Dizia estar assustado com as atitudes de Pedro.
— O que ele fez meu amor? — perguntou Daniela preocupada com Gilmar.
— Esse rapazinho está cada vez mais estranho… Eu te falei desde que ele tinha 5 anos que esse garoto não era normal… — tomou um gole de água.
— Mas o que ele fez de tão grave que te deixou assim?
— Calma que vou contar — respirou fundo. — Hoje ele pegou a bicicleta e foi até a praia do Janga. Pegou aquela Avenida que dá bem na barraca na beira da praia. Eu o segui na minha bicicleta. Ele tinha uma mochila nas costas. Parou ao lado da barraca. Entrou no banheiro e saiu trocado de palhaço. Achei estranhíssimo.
— Estranho por quê? Ele deve ter ido fazer alguma apresentação para os turistas. Muita gente faz isso para ganhar uns trocados — Daniela tentava proteger o filho.
— Eu também pensei nisso Dani. Só que ele ficou por ali mesmo, ao lado da barraca e subiu num coqueiro. Um bem alto que tem ali.
— Subiu no coqueiro? Acho que queria avistar onde os turistas estavam concentrados — falou Daniela mais uma vez tentando proteger o filho.
— Calma Dani. Não é nada disso. Pedro chegou até o topo do coqueiro e lá em cima ficou olhando para o céu. Ficou falando e olhando para o céu. Eu fiquei lá embaixo a uma distância segura para ele não me ver. Depois de umas 3 horas, foi isso mesmo que eu disse: 3 horas, ele desceu, triste, entrou no banheiro da barraca, trocou de roupa novamente. Voltou para o circo. Como ele vinha devagar, peguei um outro caminho e cheguei aqui rápido para te contar.
— É estranho mesmo… Deixemos que o Pedro chegue e explique. Deve ter um motivo.
— Que motivo Dani? Que motivo? Nosso filho é maluco mesmo — falou Gilmar inconsolável.
— Sem julgamentos, por favor. Deixe-o chegar e falo com ele. Tome um banho e vá descansar.
Gilmar obedeceu. Estava muito cansado para discutir. Daniela sentou-se no sofá, ficou folheando uma revista até que Pedro chegasse. E não tardou para ele aparecer. Entrou, bateu a porta do trailer e foi para seu canto. Daniela se aproximou para conversar. Ficaram quase uma hora conversando. Gilmar estava lá fora tomando um ar e pensando sobre o ocorrido.
Daniela, pacientemente escutou Pedro e depois saiu para falar com o marido. Ele logo quis saber.
— E aí? Conseguiu falar com o maluco do seu filho? Ele te contou o que fazia lá em cima?
— Gilmar, sempre que você se zanga com Pedro fala que o maluco é meu filho. Quero lembrá-lo que não o fiz sozinho. Se ele é maluco, tem um pouco de loucura de nós dois.
Gilmar ficou calado. Estava arrependido de ter falado dessa forma com Daniela.
— Me desculpe. Estou nervoso…
— Eu seu, eu sei. Contarei o que ele me falou. Disse que lá em cima do coqueiro ele fica ensaiando as suas piadas, que as conta para a lua. Se ela lhe dá algum sinal ele sabe que a piada é boa, caso contrário já elimina do seu repertório.
— Lua dando sinal para o Pedro? Ela pisca para ele? Não disse que ele é maluco?
— Calma Gilmar. Ele diz que a lua sorri. E quando ela sorri a piada é boa.
— Só me faltava essa… — Gilmar falou em tom alterado. — A lua agora sorri para ele…
— Gilmar, é só uma fase. Vai passar. Tenha paciência.
— Humpf! Paciência… A partir de hoje você fica de olho nele. Cansei.
Gilmar se foi para dentro do trailer. Daniela o seguiu. Nessa noite nenhum deles mais conversou.
Os dias que se seguiram foram estranhos. Toda tarde Pedro ia para a mesma barraca, vestia a mesma fantasia e subia no mesmo coqueiro. Ficava lá em cima resmungando para o céu e depois descia. Daniela o seguiu por quase um mês não deixando que Pedro a visse. Depois, em casa, perguntava como tinha sido a resposta da lua. Quase sempre ele dizia que a lua não tinha gostado. E Daniela dizia para ele ter paciência que uma hora ela gostaria.
Foi exatamente isso que aconteceu. Pedro contou a ela que a lua tinha sorrido para algumas de suas piadas e as tinha separado. Daniela estava lá e não tinha visto nada de diferente. Achou estranho. Resolveu não contrariar o filho. Somente o elogiou.
Isso ocorreu por vários dias no mês. Pedro dizia que a lua tinha sorrido pouco, ou sorrido muito. E outras vezes nada. Daniela começou a anotar as luas e confrontar com o que Pedro dizia. Após tanto quebrar a cabeça descobriu que, quando a lua estava Crescente, Quarto Crescente, Quarto Minguante e Minguante, Pedro dizia que ela estava sorrindo pouco ou muito. E quando estava com lua nova ou cheia, dizia que ela não sorria. Comentou isso com Gilmar. Chegaram à conclusão que Pedro enxergava essas fases da lua como sorrisos. Apesar de maluco, fazia algum sentido. Preocupados e atentos. Foram assim que ficaram.
Depois de 2 meses Pedro confidenciou para a mãe que já tinha as piadas engraçadas que contaria às pessoas. Piadas aprovadas pelo sorriso da lua. Daniela o acariciou e disse que nem todos poderiam gostar. Ele insistia em dizer que se a lua gostou, eles também gostariam.
Daniela parou de seguir Pedro. Já sabia que ele era inofensivo. Um pouco maluco, só um pouquinho, mas estava tudo bem. Contou a Gilmar que não achou nada normal as atitudes de Pedro. Ainda pensaria no que fazer com o filho.
Pedro já tinha sua estratégia montada e a executou conforme planejado. Toda noite ia até à praia. Se trocava coma roupa de palhaço. Depois subia no coqueiro e contava as piadas para a lua. Se ela risse, contaria as piadas para as pessoas. Nos primeiros dias a lua não riu. Pedro descia do coqueiro, trocava de roupa e ia embora para casa. As pessoas já o conheciam por ali. Sabiam ser maluquinho. O apelidaram de “O Palhaço do Coqueiro”.
Insistente e após 5 dias contando piadas para a lua, ela sorriu. Desceu feliz do coqueiro, montou em sua bicicleta e foi até a praia onde tinha uma concentração grande de pessoas. Se posicionou próximo a elas e começou a contar suas piadas. As pessoas paravam, escutavam e se iam. Sem rir. Não achavam graça. Pedro ficou muito bravo no primeiro dia. Esbravejou, xingou as pessoas e se foi em sua bicicleta, voltando ao circo.
No dia seguinte a mesma cena se repetiu. Pedro agiu da mesma forma e saiu frustrado novamente. Pensou durante toda a noite. Não entendia porque as pessoas não riam. Afinal a lua tinha aprovado aquelas piadas. Chorou muito, sem deixar que seus pais percebessem. Jurou vingar àquelas pessoas.
No terceiro dia ele repetiu o mesmo plano. Novamente ninguém riu. No entanto, um homem o ridicularizou diante das outras pessoas.
— Vê se você se toca. Cai fora daqui seu palhaço sem graça. Ninguém quer você por aqui perturbando os turistas — disse o homem alto, de circunferência grande. Peso acima dos 100 quilos.
Pedro saiu dali raivoso. Entrou num banheiro próximo e ficou lá por muito tempo. Nesse dia chegou tarde em casa.
Na manhã seguinte uma notícia corria a cidade. Um homem tinha sido encontrado na praia, morto. Os curiosos se juntavam em volta do homem. Alto, gordo, garganta cortada. Os pais souberam da notícia e logo se entreolharam. Era a praia que Pedro frequentava. Foram falar com ele.
— Pedro, meu filho, você soube o que aconteceu ontem lá na praia do Janga? — perguntou Daniela.
— Não soube não — Pedro continuou fazendo suas coisas sem querer saber do que se tratava.
— Um homem foi morto — falou Gilmar.
Pedro deu de ombros.
— Você não tem medo? Foi na mesma praia que você vai toda noite — falou Daniela temendo o pior para seu filho.
— Não se preocupe, mãe. Por que alguém mexeria com um palhaço? Além de tudo, sem graça?
Os pais estranharam sua atitude, mas resolveram deixá-lo sozinho. Gilmar acreditava que deveriam ficar de olho nele.
Mais alguns dias se passaram e outra pessoa apareceu morta. Era uma mulher. Mesma praia, mesma causa da morte: garganta cortada. A mãe contou novamente para Pedro. Ele, friamente, disse não ligar. Ela achava muito estranha a frieza do filho.
As mortes continuaram ocorrendo. Não todas as noites, mas a cada 3 dias, depois 7. Os moradores da cidade estavam assustados. A polícia, atenta. Gilmar desconfiava do filho e começou a ficar de olho nele quando voltava. Esperava Pedro dormir e olhava sua mochila. Tinha certeza de que encontraria uma faca entre seus pertences. Nada. Procurou por manchas de sangue em suas roupas. Nada também. Se Pedro não matava as pessoas, quem as matava?
* * *
As atitudes do filho faziam com que Gilmar tivesse certeza de que as mortes da praia do Janga foram cometidas por ele. Bastava saber o motivo. Ninguém merecia aquele destino cruel. Gilmar já tinha seus próprios palhaços ajudantes nessa época. Logo seria a vez dele se aposentar também e precisava de um sucessor. Pediu para que cuidassem do show naquela noite para seguir o filho. Assim o fez.
Daniela tinha razão. O ritual era o mesmo, toda noite. Gilmar o ficou observando no topo do coqueiro contando as piadas para a lua e, viu quando ela sorriu. Era lua minguante. Pedro desceu feliz do coqueiro, pegou sua bicicleta e rumou para onde estavam as pessoas. Gilmar o seguiu.
Pedro deixou sua bicicleta num canto e foi no meio da multidão contar suas piadas. Gilmar ficou no fundo, observando. As pessoas não riam. Eram sempre os mesmos estilos de piadas sem graça. O filho ia ficando irritado. Tentava contar uma outra, e outra e logo as pessoas já tinham dispersado. Ele correu para dentro de um banheiro desses que existem nas praias, tipo um banheiro químico, mas de madeira. Gilmar o seguiu até lá. Iria falar com o filho, consolá-lo. Ao se aproximar do banheiro, ouviu vozes lá dentro.
— Eles não gostaram de novo — falou Pedro para alguém.
— São uns imbecis. Já te disse para não perder tempo com essa cidadezinha. Mude-se para a capital. Lá você terá o seu talento reconhecido — Falou uma voz firme para Pedro.
— Eu nasci aqui. Gosto desse lugar. Meu pai faz as pessoas rirem, por que eu não? — lamentava-se.
— Escute aqui — disse a voz com energia redobrada. — Você precisa parar de ser criança. Cresça! Não aguento mais você se lamentando. E também não aguento ver você assim triste.
— Desculpe. Eu queria ser forte como você. Queria que as pessoas rissem de minhas piadas como riem das suas — falou Pedro num tom quase de choro.
— Já te disse que essa profissão é dura. É preciso perseverança.
Por um momento somente era possível ouvir Pedro chorando ali dentro. Gilmar pensou em abrir a porta do banheiro e abraçar o filho. Poderia ser um momento dos dois acertarem o relacionamento. Ou então deveria deixar que o amigo o consolasse. Pedro poderia ficar magoado se entrasse no meio da conversa.
— Me diga quem foi hoje a pessoa que te fez chorar — voltou a voz a falar com Pedro.
— Não teve ninguém hoje. Acho que minhas piadas não estavam boas.
— Já te disse para não tentar proteger essas pessoas. São medíocres. Me diga quem foi — disse a voz em tom alto.
— Está na hora de eu ir embora. Amanhã a gente volta a se falar após o show — falou Pedro com a voz assustada.
— Hei, onde pensa que vai? — gritou a voz com Pedro. — Sente-se aí. Não sai daqui sem me dizer quem foi que te magoou hoje. Me dê as suas características que o encontro.
Gilmar pensou por um momento em intervir novamente. Se conteve. Queria ver até onde iria aquela conversa. Se preciso fosse interviria.
— Fale logo. Não tenho a noite toda — gritou a voz assustando Pedro e Gilmar.
— Está bem, eu falo. É um homem baixo. Calção azul-claro, camiseta regata branca. Tem um bigode grosso. Cabelo curto, preto.
— OK! Deixe comigo agora.
— Você não fará nada com ele, não é mesmo? — implorou Pedro.
— Claro que não! Vou apenas contar-lhe algumas piadas.
— Só isso? Tem certeza? — insistiu Pedro.
— Certeza absoluta. Fique tranquilo. Já volto.
A porta do banheiro foi aberta com força. De dentro dele saiu um homem vestido de palhaço. O rosto branco por inteiro. Cabelos vermelhos e amarelos. Na boca uma espécie de dentadura que mostrava dentes grandes e pontiagudos. O contorno dos olhos era preto, como olheiras. Era assustador. Saiu andando rápido. No impulso Gilmar seguiu o palhaço.
Parecia que o palhaço assustador procurava pelo homem que Pedro descrevera. Andava tão rápido que quase corria. Gilmar o seguia numa certa distância, até que o palhaço parece ter achado o homem. Pelo menos as características que Pedro descrevera batiam com o que via.
— Hei, quero falar com você — disse o palhaço para o homem que se virou.
— Ah! Não! Outro palhaço? Acho que vocês estão se tornando muito inconvenientes — esbravejou o homem e saiu andando. O palhaço o seguiu. Ali onde estavam já não haviam pessoas.
— Espere! Quero apenas contar algumas piadas — falou o palhaço seguindo o homem.
— Não estou interessado — disse sem olhar para trás.
Gilmar seguia os dois.
— Mas contarei mesmo assim. Tenho certeza de que o senhor gostará — disse o palhaço caminhando atrás do homem.
— Vá embora!
— Como chama uma mulher que visitou uma plantação de uva?
— …
— Viúva!
O palhaço riu alto. O homem continuava caminhando e não rindo. O palhaço insistia.
— O que o tomate foi fazer no banco?
— …
— Foi tirar extrato…
O palhaço riu alto novamente. O homem se irritou. Parou bruscamente. O palhaço também. Gilmar conseguiu se esconder atrás de um coqueiro para não ser visto por nenhum deles.
— Escute aqui seu palhaço — falou o homem com o dedo em riste, apontando para o rosto do palhaço. — Suas piadas são totalmente sem graça, iguais aquelas contadas por seu amigo. Por que vocês não dão o fora de nossa praia? Vão tentar a vida com um trabalho de verdade. Você é totalmente sem graça — gritou o homem.
O palhaço se enfureceu. Passou uma rasteira no homem que caiu de costas no chão. O palhaço pulou em cima do homem e começou a gritar com ele.
— Então você não achou graça das minhas piadas? — O palhaço desferiu um soco no rosto do homem e em seguida segurou seus braços. Gilmar olhava a cena apavorado.
— Me solta seu palhaço idiota —esbravejava o homem, no chão, imobilizado.
— Que tal essa? Qual a semelhança entre um pastor e um martelo?
— …
— Ambos pregam — riu alto o palhaço.
— Me solta. Não tem graça nenhuma.
— E isso tem graça? — perguntou o palhaço e desferiu outro soco no rosto do homem que ficou desacordado. A situação parecia fora de controle.
Gilmar pensou em buscar ajuda e saiu correndo. O palhaço continuou.
— Como se chama o cereal preferido do vampiro?
— …
— Aveia! — Há, há, há.
O homem, ainda tonto pelo soco, não riu. O palhaço se irritou de vez. Tirou um fio de nylon de dentro do bolso e pressionou na garganta do homem. Imediatamente suas mãos agarraram o fio tentando tirá-lo de sua garganta. O palhaço era mais forte e jogou todo o peso sobre o homem. Em poucos segundos a garganta dele estava cortada pelo fio de nylon. O homem começou a engasgar com o próprio sangue. O palhaço se levantou e saiu dali em passos largos.
Quando Gilmar chegou com alguns homens para ajudar, era tarde. O homem estava totalmente desacordado. Uma poça enorme de sangue circundava seu corpo. Os olhos abertos olhando para o alto. Um sorriso na face, feito com sangue. Deveria ter sido o palhaço.
As pessoas ficaram em pânico. Olharam em torno procurando o homem assassino. Gilmar não disse ser um palhaço. Tinha medo de que se revoltassem contra ele ou o filho Pedro.
— Não mexam no corpo. Chamarei a polícia — disse Gilmar para os homens. — Fiquem atentos que ele pode estar por aqui ainda.
Gilmar voltou correndo até o banheiro na praia. Ainda conseguiria chegar a tempo de pegar o palhaço assassino. O caminho era longo para ele. Já não tinha 30 anos. A idade pesava.
Finalmente chegou ao banheiro e foi logo abrindo a porta. Nada. Seu filho e o palhaço sumiram. Descansou um pouco para recobrar o fôlego. Depois pegou sua bicicleta e foi embora para o circo. Lá confrontaria o filho.
Ao chegar no trailer Pedro estava dormindo. Foi novamente revistar a mochila do filho. Dessa vez achou o fio de nylon, os cabelos coloridos e a dentadura. Foi aí que a ficha caiu. Pedro era o palhaço assassino. Como não tinha visto isso antes? Era ele mesmo fazendo as duas vozes no banheiro. Eram traços da loucura que ele identificara no filho desde pequeno. Tinha lido sobre isso.
Acordou Daniela e a levou para fora do trailer para contar o ocorrido. Ficou muito chocada e caiu no choro. Não queria ver seu filho preso. Gilmar insistia que deveriam denunciá-lo. Daniela implorou, mas Gilmar saiu para comunicar para as autoridades.
— Filho, acorda. Você tem que partir — falou a mãe em prantos. Pedro ainda tonto pelo sono tentava entender o que acontecia.
— O que é mãe? Deixa-me dormir…
— Você não entende. A polícia está vindo aí. Vão te prender — gritou Daniela.
— Me prender por quê? — questionou Pedro com muita calma.
— Pelos assassinatos que cometeu na praia…
— Que assassinatos?
— Seu pai te seguiu esta noite. Ele viu quando você matou aquele homem na praia com o fio de nylon. Você tem que fugir — Implorou Daniela.
— Mãe, fica tranquila. Não fui eu. Foi o Sardinha.
— Sardinha? Quem é Sardinha?
— É o palhaço que ensinou uma lição àquelas pessoas.
— Lição? Ele as matou. Quero dizer, você as matou meu filho. Fuja enquanto é tempo.
— Já disse que não fui eu. Foi o Sardinha, o meu amigo palhaço — falou Pedro com calma irritante.
A mãe abraçou o filho e caiu num choro compulsivo. Era pior que ela imaginava. Pedro ficou acariciando seus cabelos e dizendo para ela não se preocupar. Quando a polícia chegou com Gilmar, Pedro nem contestou a prisão.
— Sou inocente. Apenas um mal-entendido. Assim que as coisas se esclarecerem eu volto — disse Pedro para os pais.
Daniela chorava abraçada a Gilmar que a segurava com força. A polícia recolheu as provas dos crimes, algemaram Pedro e o levaram para o carro de polícia. Logo as sirenes romperam o silêncio da noite. Uma multidão circense se reuniu em torno deles. Todos estavam surpresos. Nunca imaginaram que isso acontecia bem diante do nariz deles.
Os pais de Pedro resolveram se mudar da cidade. Temiam que as pessoas pudessem descontar neles o que o filho fizera. Além disso, José se sentiria mais seguro se eles se mudassem. Indicou outro circo a eles, cerca de 300 km de distância. Lá ficariam bem.
Pedro foi internado num hospital de custódia e tratamento psiquiátrico na Ilha de Itamaracá. Foi identificado sofrer de transtorno dissociativo de identidade, ou seja, transtorno de múltiplas personalidades. Da janela de seu quarto via a lua e dali contava suas piadas para ela. Com a quantidade de calmantes que tomava diariamente, para ele, a lua estava sempre sorrindo. Se sentia realizado, feliz. Os pais o visitavam sempre que podiam. Se sentiam tristes ao ver a situação do filho, mas entenderam estar melhor dessa maneira. Não sofria mais por não rirem de suas piadas.
SONO PROFUNDO
por Sidnei Capella
IG: @capsidnei
CAPÍTULO III — RETORNO
Osvaldo, deitado em uma maca, desacordado a horas, pronunciava nomes desconhecidos, virava de um lado para outro e rangia os dentes sem parar. A inquietação do Osvaldo era tanta que, a luz acima da cabeceira da maca, piscava sem parar.
─ Amigo! Acorda ─ o paciente da maca ao lado, acordou Osvaldo.
─ Opa! Quem é você? ─ perguntou Osvaldo.
─ Sou o Miguel! Estou esperando a liberação para eu voltar para o plano material.
─ Estou internado em um hospital de loucos? ─ perguntou Osvaldo, ao escutar a justificativa do Miguel.
Osvaldo gritava tanto, que os pacientes da sala, olhavam e pediam para o gritão parar, todas as luzes começaram a piscar e o clima da sala, começou a ficar assustador, com todos os internos falando simultaneamente.
“Eu não aguento mais ficar neste hospital, ninguém me fala nada!” ─ pensou Osvaldo irritado.
Ao meio de tanto falatório iniciou uma música suave e gradualmente foram surgindo homens e mulheres, com semblantes suaves, olhares consoladores, em passos leves, quase que levitando e trajando roupas brancas.
Destinaram-se em direção dos internos, elevaram as mãos e magnetizavam os acamados, alguns casos de pacientes mais graves ingeriam água fluidificada, o ambiente foi ficando calmo, as luzes pararam de piscar e, tudo voltou ao normal, estabelecendo uma profunda paz no ambiente.
─ Osvaldo, meu irmão! Está se sentindo melhor? ─ falou o amigo espiritual a trabalho da paz no ambiente.
─ Estou travado nesta maca! ─ respondeu Osvaldo esbravecido.
─ Irmão Osvaldo, calma!
─ Você me pede calma? Não sei onde estou! Eu me lembro estar falando com o senhor, aí você colocou a mão na minha cabeça e apaguei, quero explicações?
─ Osvaldo, você sofreu um grave acidente, está desacordado na Terra e, está aqui aguardando a decisão do plano maior no que será do seu destino.
─ O quê? O senhor é louco?
“Não estou entendendo mais nada, será que eu morri?” ─ pensou Osvaldo.
─ Ainda não! ─ falou o amigo espiritual.
─ Você lê pensamentos?
─ Osvaldo, meu nome é Henrique e cuidado com o que pensa! ─ respondeu sorrindo o amigo espiritual.
Osvaldo boquiaberto, olhou fixamente para o Henrique e falou lembrar nitidamente do acidente e, que não tinha culpa de estar passando por uma aprovação de voltar para terra. Descreveu para o Henrique que o carro que bateu no seu veículo, infringiu as leis de trânsito, passando o sinal vermelho do farol.
─ Ele é um canalha! Bateu no meu carro e, mandou-me para este hospital ─ falou Osvaldo, indignado.
Henrique complacentemente falou que a colisão dos veículos se ocasionou pela pressa do azarado, intencionado em socorrer a genitora, que faleceu no local e encerrando a vida material com o espírito acomodando-se em uma esfera espiritual. Com um olhar sério, Osvaldo escutou atentamente o Anjo Protetor, e falou:
─ Henrique! Como não julgar? Este canalha não merece o meu perdão.
─ Irmão Osvaldo, estou falando do outro lado da moeda, entenda e não julgue! Você terá que aprender a perdoar é o que vai te levar para a Terra em, mas uma oportunidade de ser um ser humano melhor em sua existência atual. A consciência do causador do acidente já está cobrando-o ─ falou Henrique, chamando a atenção de Osvaldo.
Ao terminar o assunto, Henrique, pegou um copo de água fluidificada e deu para o Osvaldo tomar. Enquanto Osvaldo tomava a água, o amigo espiritual sentou-se ao lado da maca, colocou a mão sobre o ombro do estagnado Osvaldo, olhou-lhe e, quando o acamado terminou de tomar o último gole de água, Henrique pegou o copo que gradualmente em suas mãos foi desmaterializando-se.
Osvaldo olhava tudo que acontecia, escutando e pensando… lentamente foi acreditando e retomando a paciência, estabelecendo uma confirmação em sua consciência que, aquele local não era a Terra e que faria de tudo para despertar a fé.
A única coisa que levava esperança a Osvaldo era que ele podia ter mais uma oportunidade de materialização na Terra e voltar à vida com a família, os pensamentos trafegavam na mente… o retorno em vida materializada só dependia dele próprio.
Ainda tinha a questão do despertar do sentimento do perdão, como Osvaldo na Terra era uma pessoa durona e incrédula, o espírito do petrificado indivíduo encontrava dificuldade para despertar tal sentimento grandioso. Foi aí que Henrique acendeu uma luz na mente do Osvaldo, e falou que o sujeito que ocasionou o acidente era o seu irmão na vida passada, foram criados em um lar de desafetos por ambas as partes e o principal causador das brigas fraternas era o Osvaldo.
O amigo espiritual, finalizando as explicações e conseguindo fazer Osvaldo acreditar, afirmou que o plano espiritual não teve escolha e era a hora, por uma tragédia, ambos se encontrarem para um futuro acerto de contas.
─ Henrique! Como fica a minha família? ─ perguntou Osvaldo com o coração arrependido e brando.
O anjo amigo, ficou um tempo quieto… arrumou a mesa pequena ao lado da cama do Osvaldo, olhou para o acamado, fechou os olhos, colocou as mãos em posição de oração e levantou a cabeça para o alto. Neste exato momento, Osvaldo olhou para Henrique que captava pingos de luzes prateados, transformados em fios prateados que penetravam através da parte frontal da cabeça do Osvaldo, os pingos prateados brotavam do teto branco da sala.
Por longos minutos Henrique, ficou na mesma posição… até que abriu os olhos, tomou um gole de água fluidificada e falou satisfeito para Osvaldo:
─ É um homem de muita sorte! Tem uma família na Terra que gosta muito de você.
Osvaldo atentamente ouvia Henrique, que se comportou como um professor amigo explicando tudo que o acamado perguntou, com uma das mãos entre o travesseiro e a nuca do agora, mais tranquilo, vitimado. Se pôs, a, falar que, quando os encarnados vibravam em orações, impulsionavam uma onda magnética puxando o espírito do moribundo em transe para o planeta terra, por isso Osvaldo se comportava com tal inquietação.
A dedicação da esposa e dos filhos em buscar conhecimentos no mundo espiritual através de orações e da fé, estariam provavelmente levando Osvaldo de volta para o lar terrestre.
─ A sua família é bastante evoluída! São as orações dos seus, que abrem as portas do lar para entrada de benfeitores ─ esclareceu Henrique. ─ E tem mais Osvaldo! No dia do acidente, você estava amparado por amigos espirituais e a sua mãe liderava a equipe ─ complementou Henrique.
“Então foi isso! Sentia... a todo momento a presença do espírito da minha querida mãe. Agora acredito no plano espiritual!” ─ pensou Osvaldo, olhando para o Henrique.
─ Exatamente! Falou Henrique.
─ Henrique você está lendo os meus pensamentos novamente? ─ perguntou Osvaldo, sorrindo!
Henrique retribuiu com um largo sorriso, ergueu as mãos abertas ao alto, agradeceu pelo entendimento e evolução de Osvaldo e, clamou em voz alta:
─ Forças do bem! Osvaldo já está pronto para retornar a pátria terrestre, ele entendeu, despertou uma fagulha do sentimento do perdão.
Enquanto Henrique clamava… novamente chuvas de pingos, agora com a cor dourada e com um fluxo maior, brotavam de todos os lados, surgiam corpos luminosos aos redores da maca. Osvaldo assistia tudo com uma profunda paz no coração, não sabia para que lado olhava era tudo muito lindo e real, o branco das paredes brilhava, os pingos que caiam do teto tornavam-se fios dourados. Osvaldo olhou para frente da maca, constatou que a parede da sala ondulava, atravessando-a um corpo de uma senhora com o invólucro iluminado que levitando se dirigiu até a maca, firmou os pés no chão e gradualmente foi perdendo a luminosidade.
─ Mãe, minha Mãe! ─ falou Osvaldo emocionado.
A mãe do Osvaldo, colocou a mão sobre a fronte do filho e falou:
─ Filho! Chegou a hora do retorno para a Terra.
Henrique observou toda cena sem falar uma palavra, olhou fixamente para os olhos do Osvaldo e balançou a cabeça com o gesto de sim, como sinal de aprovação para todos que ali se encontravam.
Ao redor da maca homens e mulheres, com traços suaves e olhares tranquilos, com as mãos erguidas sobre o corpo do Osvaldo, iniciaram um som com a boca; era uma melodia agradável, as paredes começaram a tremer, a maca balançou, Osvaldo sentiu o corpo flutuar e ser levado para um túnel esfumaçado e apagou, acordando no quarto do hospital.
─ Osvaldo você voltou, Graças a Deus! ─ agradeceu a Lídia, vendo Osvaldo despertar do coma.
Osvaldo permaneceu alguns dias internado, com a sensação de um longo sonho em outro mundo, lembrou vagamente de alguns detalhes que, contou para os médicos, familiares e amigos.
─ Amor! Quando você vai à Casa de Oração? ─ perguntou Osvaldo.
─ Querido! O dia que você quiser ─ respondeu Lídia.
“Osvaldo depois do coma é outro homem!” ─ pensou Lídia, satisfeita com a evolução moral do marido.
Osvaldo foi liberado do hospital, permaneceu alguns dias de repouso e retornando a vida normal, frequentou as palestras espíritas, se tornou aluno do estudo bíblico, não perdia o evangelho no lar realizado pela família.
Uma noite chuvosa, em uma sessão espírita, Osvaldo, prestando serviços de voluntariado para a Instituição no balcão de informações, chamou o próximo da fila:
─ Próximo, por favor!
Se dirigiu ao encontro do Osvaldo, um senhor com a idade mediana, barba relaxada, exalando cheiro de fumaça de cigarro, roupas amarrotadas e cabelos despenteados.
─ Ajuda-me irmão, preciso de orações! ─ suplicou o desconhecido para Osvaldo.
Em um determinado momento da vida, a colisão de dois veículos ocasionou com que dois irmãos de encarnações passadas se encontrassem, através do acidente. Um deles era Osvaldo voltando para casa, para passear com a família, o outro, era o descabelado barbudo com pressa para socorrer a genitora, situações diferentes.
Agora os dois espíritos, movidos pela força espiritual, estando separados por um simples balcão de atendimento em uma casa de orações, dois inimigos espirituais em outra encarnação, estão movidos pela força do perdão.
“Entre o céu e à terra, existem grandes mistérios.”
Este conto não é baseado em fatos.
FIM
STRESS NA CAPITAL
por Simone Caetano
IG: @simonecaetanofa
Minha Nossa Senhora, chegou o dia! Agora ou vai ou racha! Mala de mão pronta, pasta de documentos, bastante lanche para não precisar comer no caminho. Ah, sim: máscaras, muitas delas, não podem faltar.
É óbvio que vou de calça jeans e blusa de manga comprida; vou sentir muito calor, mas... é necessário. Finalmente irei usar meu chapeuzinho rosa com flores amarelas, meu companheiro de caminhada; vou ficar um pouco disfarçada, mas é por uma boa causa. Não posso esquecer de levar um casaco, irei me cobrir com ele no ônibus. Ônibus? Ai, meu Deus, esqueci desse pequeno detalhe: lembrar do ônibus é lembrar do álcool gel. Acho que um litro vai dar, né? No buzu vou fazer meu castelo isolado, distanciado, com grandes muralhas, rodeado por um fosso profundo, cheio de crocodilos. Professora tem disso: muita imaginação. Álcool gel espraiado pelas duas poltronas, sim duas, claro que sim! Só para mim, vale muito o investimento. Vou tentar dormir durante toda a viagem para não lembrar de fazer xixi, nem pensar em ir ao banheiro, ou melhor, ou pior, na porta do banheiro, torneira, assento do trono, vixe! Apaga, apaga. Chegando lá terei que pegar um uber, mas não vou pensar nisso agora.
Ficarei bem no meu hotel à beira mar, bem ventilado. Até já fiz meu check list, por telefone mesmo com o gerente:
- E a higiene? Sim, na recepção, banheiros, escadas, sim, isso mesmo.
- Quarto já desinfetado? Tipo quarto de hospital... isso! E as roupas de cama? Isso, tempo de troca igual às máscaras: de 4 em 4 horas. Não pode ser? Por favorzinho! Ih, acho que a ligação caiu; chegando lá faço auditoria in loco.
Além da reunião na Secretaria de Educação, quero fazer algumas visitas. Tem tanto tempo que não vou à capital, não posso deixar de fazer, será que não? Pensando bem, seria bom poder visitar algumas amigas ao vivo e em cores, como a minha amiga escritora, temos amigos em comuns. Conhecemo-nos no lançamento de um livro de um amigo. Saudades! Já se passaram sete anos, que pena não poder abraçá-la, mas ela vai entender. Pena que terei pouco tempo, serão poucos dias, terei que voltar logo para minha rotina de aulas, revisões, provas, tudo on-line, lógico.
Finalmente cheguei! E o uber também, álcool gel na mão, tomarei cuidado para não cair gotas no olho do motorista, já pensou? Acidente na certa, Deus me livre! Entrei, abri todas as janelas, evitei conversar. Cheguei ao hotel. Ai meu Deus, me proteja! Cidade tão violenta, já tô com saudade do meu interior.
Ah, enfim já estou na minha casa, na minha cama e no meu computador. O que será que minha amiga pensou? Fui à casa dela, visita de médico, sentei no lugar mais ventilado da casa, será que ela notou? Não queria comer nada, mas, para não ser mal educada, tomei um cafezinho com bolo, tava gostoso. Fugi, ou melhor, saí quase correndo. Não almocei, pois não deu tempo de fazer o check list na cozinha. Também não deu tempo para provar comida boa e caseira. Mas o acarajé que comi na barra tava muito bom, não tinha covid não, com certeza não tinha; a baiana parecia tão limpinha, toda vestida de branco, com seu vestido rendado e torso prendendo os cabelos. Será que tinha? Xii! Com tanto stress, esqueci-me de ir à praia; iria conhecer uma praia paradisíaca no Litoral Norte, ao ar livre, sem aglomeração. Mas, pensando bem, não seria tão bom assim, afinal, iria ter apenas algumas horas de puro prazer, sem nenhuma preocupação. Somente sol e mar. Ah! E também mar e sol.
NOSSOS COLUNISTAS
Alessandra Valle, Carlos Palmito e Luiz Primati. Depois Sidnei Capella e Simone Caetano.
Simone, parabéns! O seu conto mostra a paranoia das pessoas, muitas vezes sem necessidade.
Luiz, gostei! Muito “show” o seu conto. Nunca deixarei de rir da piada de um palhaço, mesmo sem vontade e que a piada seja sem graça.
Alessandra, gosto muito dos contos baseados em situações reais, que escreve.
Que possamos ter mais atenção em tudo que acontece ao nosso redor!
Sidnei, cada vez melhor!
Adorei os contos! parabéns a estes contistas cheios de criatividade! Que os dedos nunca vos fiquem dormentes (AMÉN) Beijinhos a todos