O plantão de Alessandra Valle é surpreendido pela equipe que faz o envelhecimento de pessoas desaparecidas. Eu, Luiz Primati, trago a segunda e última parte de um conto de 2018, publicado inicialmente no Facebook em partes e depois entrou para o livro: "Velhas Histórias Urbanas" que foi baseado num fato. O nome do conto é "O Homem das Duas Caras". Sidnei Capella traz a primeira parte de um novo conto: "Festa de Aniversário".
Esse caderno tem a intenção de divertir os nossos leitores que, sempre acabam tirando algum ensinamento para suas vidas.
Leia, Reflita, Comente!
O TEMPO NÃO PARA
por Alessandra Valle
Naquela manhã, enquanto me arrumava para o trabalho, percebi que meu rosto estava com aparência cansada e me interroguei diante do espelho:
— O tempo passou rápido, não é mesmo? Há mais de uma década na polícia, algumas rugas lhe advieram. Como se sente, investigadora?
Atrasada que já estava, não me permiti desanimar, tratei de passar filtro solar e mais nada.
Apesar das rugas, meu sorriso no rosto e o bom humor me fazem sentir bem e muito produtiva. Afinal, envelhecer faz parte da vida.
Ao chegar na "Desaparecidos" sabia que aquele dia seria atípico e precisava me preparar emocionalmente, pois o Núcleo de Envelhecimento Facial faria a primeira apresentação de seu trabalho.
O caso escolhido para o envelhecimento foi de uma criança, do sexo feminino, que desaparecera com apenas 8 anos.
Lembro-me bem desta investigação, pois, tentamos todos os meios possíveis para apurar as circunstâncias e a autoria do crime, entretanto, não conseguimos provas concretas, apenas indícios.
Eu mesma, estive várias vezes no último local de onde a criança havia saído, refiz seu percurso e interroguei muitas testemunhas.
Infelizmente, o que deduzo ter acontecido, não pode ser comprovado.
Seria um crime perfeito? Acredito que não, pois a consciência de um abusador nunca deixará de ser punida. Acredito na justiça, divina.
Fato é que, naquela manhã, a mãe com a qual eu havia criado um vínculo, estaria ali para ver como a sua menina, hoje, estaria uma mulher.
Fui convidada pelo colega — que brilhantemente desempenha essa função na delegacia —para ver o produto de seu trabalho e me emocionei.
Podem pensar que eu não deveria sentir-me sensibilizada diante de uma imagem daquela, que nunca conheci, mas se enganam.
Posso afirmar que, quando passamos a investigar os fatos e as circunstâncias dos desaparecimentos, nos tornamos íntimos daqueles que sumiram.
Aprendemos a conhecê-los, pelos olhos de quem os amam e tomamos ciência de quase tudo, suas rotinas, preferências, vícios e virtudes.
Não poderia ser indiferente àquela menininha que saíra da escola sozinha pela primeira vez e nunca regressara ao lar.
Quando a mãe e a avó adentraram à sala do Núcleo de envelhecimento facial, ficamos a observar a tela do monitor projetada na parede em tamanho maior.
A imagem da menina que hoje seria mulher fez com que mãe e avó acariciassem a parede, demonstrando profundo carinho e saudade de um tempo que não pudera ser vivido, entretanto, nunca parou.
As lágrimas foram de saudade, não de desespero, pois, que elas tenham a certeza de que não desistimos em procurar pelo paradeiro de sua amada filha e neta.
O trabalho habilidoso, desenvolvido pelo policial do referido núcleo, requer tecnologias avançadas, por isso, não deveria ser desmerecido, tampouco esquecido pela instituição.
O cartaz contendo as fotos, original e envelhecida pela progressão facial no tempo, foi difundido pelos meios de comunicação e também para órgãos policiais estrangeiros.
Após o término do expediente, novamente diante do espelho, no banheiro da "Desaparecidos", enquanto lavava meu rosto, refleti que poder envelhecer é uma dádiva.
O HOMEM DAS DUAS CARAS
por Luiz Primati
IG: @luizprimati
CAPÍTULO II — DERRADEIRO
Edward ficou inconsolável com as negativas dos médicos em lhe operar. A mãe cumprira o que prometera. O levara a uma dezenas de especialistas e todos se negaram realizar a cirurgia. Era muito perigoso tentar qualquer coisa. Com a idade de 12 anos abandonou a escola. Os pais não tinham argumento para mantê-lo numa sala de aula. Aprofundou os estudos no piano. Pressionando as teclas de seu instrumento, produzia sons para neutralizar a voz de seu irmãozinho que habitava sua nuca.
Fora anos difíceis para Edward e para os seus pais. Raramente era visto. Sempre trancado em seu quarto, muitas vezes era surpreendido pela mãe e imediatamente disfarçava o choro. Quando perguntado dizia ser um cisco que irritava a córnea. Rebeca sabia o real motivo.
Aos 18 anos resolveu sair em busca de um perito. Se na Inglaterra não havia quem o quisesse operar, na América, com certeza, encontraria alguém. Fez as malas e comprou uma passagem de navio. Os pais tentaram dissuadi-lo da ideia e acabaram desistindo. Edward estava convicto que a felicidade estava do outro lado do oceano. Rebeca se ofereceu para ir junto. Ele recusou.
O destino era o estado da Pensilvânia, mais precisamente na cidade da Filadélfia. Havia relatos de um jovem cirurgião que se destacava no hospital local. Dr. Kane. Evan O’Neill Kane. Cerca de 25 anos. A família toda havia escolhido a medicina e muitos deles, cirurgiões de sucesso. E era com Dr. Kane que Edward iria se encontrar.
A viagem havia durado pouco mais de 20 dias. Fora cansativa e, por vezes, Edward enjoou com o balanço do navio. Assim que chegou aos EUA, fez questão de ir para a Filadélfia sem parada. Descansaria num hotel e no dia seguinte procuraria pelo dr. Kane. Esse era o plano.
A ansiedade em encontrar o médico era tanta que lhe tirara o sono. Mesmo cansado da longa viagem, sua mente não o deixava pregar o olho. Na manhã seguinte mal tomou o desjejum e rumou para a Rua 8. Estava a cerca de 1 km do "Pennsylvania Hospital" onde encontraria seu salvador. Foi a pé mesmo. Não tinha paciência para esperar por uma carruagem. Com um chapéu que cobria boa parte da nuca e um lenço, rumou para o hospital.
Todos conheciam Dr. Kane no hospital. Insistiu com a atendente que era urgente falar-lhe e que o Dr. Kane se interessaria pelo seu caso raro. Ela tinha ordens de não o incomodar com estranhos. Edward mostrou a segunda face para a atendente que ficou paralisada. Depois que colocou os pés novamente na Terra, levou Edward para o consultório de Kane. Pediu que o esperasse enquanto procurava o Dr. pelo hospital.
A porta do consultório se abriu. Na frente vinha a atendente que se chamava Beth. Atrás dela o Dr. Kane, jovem, enérgico e esbravejando.
— É ele que quer lhe falar Dr. Kane — apontou Beth para Edward que imediatamente se levantou esticando a mão para o médico.
— Sou o Dr. Kane. Em que posso ser útil? Mas aviso-lhe que tenho apenas 5 minutos. Beth insistiu que você tem uma doença rara e que eu poderia me interessar. Já vi de tudo aqui nesse hospital. De tudo mesmo.
— Entendo. Sei que seu tempo é curto e precioso. Mas talvez o Dr. possa me ajudar.
Dr. Kane se aproximou de Edward que imediatamente tirou o chapéu da cabeça, retirou o lenço que cobria a nuca e virou-se. O espanto foi sentido na tensão que cortou o ar. Beth chegou a soltar um suspiro. Dr. Kane engoliu o susto.
— Que espantoso… — disse Dr. Kane segurando a cabeça de Edward. — Venha até essa maca. Por favor, deite-se para eu poder examiná-lo melhor.
Edward ficara feliz de ter toda a atenção do médico. Agora seria apenas questão de convencê-lo sobre a cirurgia.
— Eu só conhecia esses casos de Diprosopia através dos livros. É uma oportunidade enorme poder estudar um caso real.
Kane e sua atendente olhavam com espanto para aquela outra face. O cirurgião pegou seus instrumentos e começou a olhar nas pupilas, narinas, boca. Tudo que os outros médicos faziam ele repetia. É o que qualquer médico que se deparasse com aquela anomalia faria. O médico ficou estudando a face na nuca de Edward por quase 40 minutos. Chamou residentes e colegas de profissão para verem. O espanto era geral. Após serenado os ânimos, se dirigiu novamente a Edward.
— Senhor Edward, é realmente fascinante poder estudar essa face em sua nuca. Como o senhor deve saber, aqui somos todos ocupados com as emergências do dia a dia. Muita gente nos procura da mesma forma que o senhor nos procurou. — Fez uma pausa para pensar, como se procurasse algo numa agenda invisível. Voltou a falar. — Após conversar com meus colegas, acreditamos que podemos disponibilizar cerca de 3 horas semanais para estudá-lo. O que o senhor acha?
— Me estudar? Penso que não estou entendendo… — falou Edward confuso.
— Eu sei, eu sei. O senhor deve estar pensando numa quantia maior, no entanto, acredito que consiga US$ 50 por mês por 3 horas semanais.
— Não estou compreendendo nada. Está me confundindo ainda mais.
— Não acha suficiente essa quantia? Pagamos bem menos que isso para outros casos — explicou Dr. Kane também confuso.
— Mas não é por isso que vim.
— Não?
— Não! Eu quero que o Dr. remova essa segunda face de minha nuca — desabafou Edward.
— Remover? Como assim? Não quer receber um dinheiro para ser estudado?
— Claro que não. Quero que tire essa face daí…
Dr. Kane ficou boquiaberto. Ali no hospital sempre apareciam aventureiros e outros pilantras querendo ganhar um dinheiro fácil para deixarem ser estudados. Era a primeira vez que uma pessoa como Edward pedia para remover algo que poderia ser rentável.
— Não sei se isso é possível… — falou Kane andando de um lado para o outro, nervosamente.
— Dr. Kane, vim da Inglaterra para os Estados Unidos na esperança de que o senhor me ajudasse. Lá na minha terra nenhum cirurgião quis me operar.
— E nem eu quero. É muito perigoso. A face está encravada no seu crânio. A tentativa de remoção vai lhe causar morte certa. O melhor a fazer é se acostumar. Coloque um gorro, um chapéu… Esconda a outra face deixando o cabelo crescer. Sei lá! Mas não é possível remover essa face.
— Dr. Kane, eu lhe imploro… — Edward se pôs a chorar.
— Caro Edward, eu sei que essa face deve lhe incomodar muito. Já faz 18 anos que convive com ela. Já deveria ter se acostumado. O que não pode ser visto, não pode ser sentido.
— Dr. Kane, me ajude. Eu não aguento mais… Essa face é amaldiçoada. Ela tem vida própria. Acredite. Analise novamente.
Dr. Kane se espantou ao ouvir isso e voltou a examiná-la. Mas logo deu seu diagnóstico.
— Senhor Edward, impossível essa outra face ter algum tipo de movimento, mesmo espasmódico. Nenhum nervo e nenhum músculo existem nela e nem abaixo da pele. Deve ser imaginação do senhor. Sinto muito. Não posso operar. E tenho certeza de que nenhum outro cirurgião teria coragem de realizar tal remoção.
— Tem certeza, Dr. Kane? É sua última palavra? — implorou Edward.
— Certeza absoluta. Sinto muito.
Edward colocou o lenço na cabeça e o chapéu. Saiu cabisbaixo do consultório e voltou ao hotel. Na manhã seguinte retornaria para a Inglaterra.
* * *
Em Berkshire a vida voltou na mesmice. Edward retornou abatido para casa. Rebeca e Donald o consolaram. Ele chorou como um bebê faminto, em soluços. Demorou para dormir naquela noite. Sua cabeça ficou pesada. Teve uma enxaqueca. Voltaria à rotina.
Os anos foram passando. Chegaram os 20, 21, 22 e finalmente os 23 anos. Até aquele ponto, sua vida, fora muito dura. Não conseguia compreender o porquê daquele sofrimento todo. Na França, os livros de Allan Kardec falavam em resgate de vidas passadas. Edward lera sobre isso e não acreditava que merecesse sofrer daquela forma. Para ele era amaldiçoado. Carregava uma face demoníaca.
Era final de outubro. O outono estava com uma temperatura de 17 graus. Suportável, dizia Edward. Os pais estavam dormindo. O relógio da sala marcava 23:30h. Edward subiu para seus aposentos. Sentou-se na sua escrivaninha e escreveu algo numa folha. Dobrou e marcou: para meus pais. Se dirigiu para frente do espelho, pegou a pistola que o pai guardava em casa, apontou para o meio dos olhos da outra face e puxou o gatilho.
Donald e Rebeca chegaram correndo ao quarto de Edward para ver o que acontecera. No chão, com os miolos estourados, um rio de sangue corria da cabeça de Edward. Rebeca caiu sobre o filho, aos prantos, abraçando o corpo inerte de Edward sem se importar com o sangue que lhe manchara a camisola branca. Donald abraçou a mulher. Os dois choraram pela morte do filho a noite toda.
No dia seguinte enterraram Edward que finalmente teve paz. Na escrivaninha restou a carta.
“Queridos pais, sei que será difícil vocês compreenderem a atitude que tomei nessa noite, mas acreditem, foi melhor para mim. Desde pequeno sofro com meu irmãozinho grudado em mim. A face demoníaca, desculpem a expressão, sussurrava durante a noite, fazendo com que eu acordasse sobressaltado. Às vezes meu irmãozinho chorava, sorria, suspirava. Ele estava vivo dentro de mim. Era uma sensação muito estranha. As pessoas diziam que os olhos de meu irmãozinho os seguiam para todos os lados, coisa que eu não via, mas podia sentir. Sem contar o bullying que sofri na escola. Colegas meus chegaram a sugerir que eu trabalhasse no circo, num show de horrores. Isso foi demais. Me perdoem. Amo muito vocês e doravante estarei muito mais feliz. De seu filho amado, Edward.”
FESTA DE ANIVERSÁRIO
por Sidnei Capella
IG: @capsidnei
CAPÍTULO I — INDIGNAÇÃO
Diego um jovem prestes a completar dezessete anos, filho único, reside com os seus pais em uma pequena cidade no interior de São Paulo. Como todos os jovens, Diego segue a rotina se aventurando e descobrindo coisas novas e tem a sua volta: grandes amigos.
Aquele dia, Diego estava intrigado com o que constatou na sala de aula, voltou pensativo e chateado para casa.
Não gostou nada com que os amigos fizeram com ele. Irritado, decidiu pedir, para a sua mãe cancelar a festa de aniversário.
─ Diego! Sua festa está chegando... você convidou todos os seus amigos? ─ perguntou Izabel, mãe de Diego.
─ Chamei Mãe! Mas, não quero mais a festa. ─ Diego irritado, respondeu à pergunta de Izabel.
Izabel olhou receosa para o Diego, procurando entender o que aconteceu com o filho, e perguntou:
─ Está tudo pronto! Por que não quer mais a festa?
─ Os meus amigos, não merecem serem convidados para nenhuma festa ─ revoltado, Diego respondeu à pergunta com a voz trêmula e com os olhos banhados, derramou uma lágrima.
Com a mão no queixo Izabel, ficou olhando o filho. Ao perceber, Diego virou de costa, para a mãe não notar a lágrima que rolou no seu rosto.
“O que fizeram... com o Diego? Ele estava todo animado para à festa! Aconteceu algo de muito grave, descobrirei...” ─ pensou Izabel.
─ Rafael, está bem? ─ tentando descobrir o que aconteceu, Izabel perguntou ao filho sobre o melhor amigo, imaginando que a amizade entre os dois estava tudo bem.
Diego nada respondeu.
─ Me fala Diego! Te fiz uma pergunta... você está surdo?
─ Sei lá do Rafael! ─ respondeu Diego, aparentando indiferença ao melhor amigo.
Diego se comportou resistente em contar para a mãe o motivo que o deixou tão chateado a ponto de querer cancelar a festa de aniversário. A senhora Isabel, continuou insistindo em saber.
─ Diego! Diz-me o que deixou você tão chateado?
─ A senhora é insistente! Não quero falar sobre o assunto agora... ─ respondeu Diego de forma mal-educada.
─ Fala Diego! Quem sabe, posso te ajudar, e entender o que aconteceu?
─ Depois da janta falo…
─ Até a janta demorará… fala agora?
─ A senhora é curiosa! Falando em janta, que temos para almoçar?
─ Não falo! Você não me contou o que aconteceu no colégio.
─ Beleza! Vou até à panela e vejo ─ brincou Diego com a Mãe.
Diego ao chegar na beira do fogão, observou a panela que tinha um belo picadinho de carne com batatas e cenouras boiando no caldo vermelho.
Sobre a mesa, em uma travessa, o verde da salada de alface destacava-se ao lado da cumbuca com um arroz solto e uma jarra de suco de limão com pedras de gelo.
Era tudo que Diego precisava, pois, picadinho é um dos pratos que ele mais gostava e, o jovem, adorava suco de limão. Ao ver aquela maravilhosa refeição, Diego estampou um belo sorriso no rosto, pois, quer ver uma pessoa feliz? Esse era o Diego, quando o assunto era comer.
─ Diego! Desliga o picadinho e lave as mãos para almoçarmos ─ gritou Izabel, parecendo estar com muita fome.
“Este rango parece estar maravilhoso, pegarei um pedaço de pão para comer com este molho da carne. Que fome doida eu estou!” ─ pensou Diego.
Diego, desligou o fogo, pegou o pão, colocou um pouco do caldo em um prato, sentou-se na cadeira a beira da mesa e, sem lavar as mãos, mergulhou o pão no suculento caldo, saboreando feliz da vida os pedaços de pães embebidos de molho. Como dizem “alegria de pobre dura pouco”, quando a senhora Izabel entrou na cozinha e deparou-se com a cena do Diego, lambendo o prato, soltou um berro:
─ Diego! Pare com isso, você nem lavou as mãos ─ indignada, Izabel esbravejou com o filho ─ já te falei para não comer pão antes das refeições, lave as mãos!
“Ainda bem que fiz picadinho, Diego parece estar mais feliz agora” ─ Izabel pensou, enquanto o filho lavou as mãos. ─ Nunca vi uma pessoa gostar tanto de picadinho igual ao Diego ─ falou em voz alta, Izabel.
Os dois almoçaram e, o Diego ajudou Izabel arrumar a louça do almoço. Papearam bastante. Diego e a mãe não tocaram no assunto do aniversário e nem no que havia acontecido no colégio.
Logo após o término da arrumação na cozinha, Izabel pediu para Diego molhar as plantas do jardim. Diego como sempre muito prestativo para a família, molhou as plantas sem reclamar.
Ao terminar a tarefa, o jovem subiu para o quarto, finalizou os deveres do colégio e tomou banho. Ao sair do banho notou que o smartfone tocava por chamada de vídeo, era o melhor amigo Rafael, apesar do belo almoço Diego continuou intrigado e não atendeu a ligação. Desceu para o cômodo da sala, ligou a televisão, só falou, quando Nilton chegou e perguntou o que estava acontecendo, pois, percebeu o silêncio do filho.
─ Filho! Tudo bem?
─ Tudo bem Pai! ─ respondeu Diego à pergunta do Nilton, sem dar muita atenção continuou calado assistindo à programação e pensativo…
Nilton foi para a cozinha e perguntou para a Izabel o que o Diego tinha, pois, achou o filho muito calado.
─ Minha amada mulher, o que nosso filho tem?
─ Nilton o que você quer? Está tão gentil!
O casal caiu na risada e finalizaram os risos com um longo… beijo, apaixonado.
Após o Beijo, Izabel respondeu ao Nilton que o filho está calado desde que chegou do colégio e, suspeita que algo tenha acontecido. Relatou ao marido que Diego prometeu contar o acontecido após o jantar.
─ Nilton, Diego comentou furioso que não quer mais a festa de aniversário.
─ Está tudo encomendado mulher! Você já fechou os serviços da sua amiga Karen, para a decoração?
“Quando o Diego olhar para Karen, aquele mulherão, ele não cancelará a festa” ─ pensou Nilton.
─ Combinei com a Karen amanhã para acertarmos os detalhes! ─ respondeu Izabel. ─ Nilton escutou o que eu falei? ─ perguntou Izabel, que mal sabia que os pensamentos do marido estavam na bela Karen, dona de lindas curvas corporais.
Como sempre, Izabel preparou um delicioso jantar, a família comeu e após o término da refeição, Nilton convocou a esposa e Diego para uma pequena reunião familiar.
─ Diego, sem milongas... o que aconteceu com você na escola?
─ Pai! Meus amigos, quando me viram entrando na sala de aula, pararam de falar e ficaram me olhando assustados. Tive a impressão que estavam falando de mim.
─ Diego, só por isso está magoado com os seus amigos?
─ Sim Pai, achei estranho! Os meus amigos nunca me evitaram, principalmente o Rafael, participo de tudo com eles... ─ falou Diego, desabafando com os Pais.
Nilton e Izabel ficaram por um longo tempo conversando com o filho e convencendo-o que não tinha necessidade de cancelar o aniversário, orientou Diego a conversar com o Rafael.
─ Conversa com o Rafael, e pergunta o que está acontecendo ─ orientou Nilton, enquanto Izabel, calada, observava a conversa entre pai e filho.
Diego escutou o pai atentamente, até o momento em que começou ficar com sono. Os conselhos do Nilton, valeram a pena.
─ Vou para o meu quarto pai, estou com sono.
─ Vai lá filho, não fica chateado. Tudo passa! Boa noite!
─ Boa noite! Pai, boa noite! Mãe, amanhã falo com o Rafael ─ falou Diego decidido em conversar com o amigo.
Após conversar com o pai, Diego ficou tranquilo, já na cama, pronto para dormir, recebeu uma ligação de vídeo da Julia. Diego achou estranho a ligação da amiga do colégio. Atendeu a ligação e comentou que já era tarde da noite e estava com sono, Julia insistiu em falar, Diego a tratou com austeridade.
Julia apresentava uma atração pelo jovem, mas nunca revelou, alguns amigos percebiam o cuidado dela com Diego. Ela percebeu naquele dia no colégio que Diego estava chateado; mal sabia o jovem garoto que os seus amigos estavam combinando surpresas para o aniversário, Julia só queria tranquilizá-lo, mas sem estragar a surpresa.
Diego, nunca notou as indiretas da colega de classe, sempre teve a garota como uma grande amiga. Infelizmente, naquela noite, a jovem pegou o seu príncipe com sono e mal-humorado, apresentando sentimento de rancor com os colegas. Conversaram da festa, mas a conversa não durou muito tempo e logo se despediram. Julia, como sempre, cantou o seu príncipe que, naquela noite estava mais para sapo. Julia entendeu o comportamento do Diego, se colocando no lugar do amigo. A jovem garota apaixonada estava se sentindo culpada pela revolta do garoto.
“Estamos combinando o que for melhor para Diego no aniversário. Se eu lhe falar, não será surpresa” ─ pensou Julia.
No dia seguinte Julia, ligou para o Rafael e falou o que havia acontecido na noite anterior, durante a chamada de vídeo com Diego.
Rafael escutou Julia atentamente, pediu para a amiga ficar tranquila e mostrou-se mais interessado na surpresa, do que, nas neuroses de Diego. Mesmo depois da conversa com o Rafael, a gata de olhos azuis, que só o Diego não percebia que a amiga era linda interna e externamente, permaneceu preocupada em nunca conseguir um namoro com o Jovem.
“A surpresa que estamos preparando, pode custar caro para mim. Pelo que conheço o Diego, ele tem um gênio forte, pode nunca querer nada comigo!” ─ pensou Julia, ainda em chamada de vídeo com o Rafael.
─ Julia, você viaja nas ideias... calma! ─ Rafael calmo, tranquilizou Julia.
─ O Diego está na pura neurose, eu senti a fúria! ─ exprimiu Julia, com a fisionomia de preocupada.
─ Se fosse eu, você ignorava! ─ expressou Rafael, brincando com a garota dos olhos azuis.
Não demorou muito, Rafael se despediu de Julia, desligou o telefone, caminhou até a casa do Diego chamando-o para o treino de futebol.
─ Diego! Diego! Vamos para o futebol?
─ Vamos! Mas, antes do futebol, quero falar com você. ─ Diego, aparentemente nervoso e com a fisionomia emburrada, chamou o amigo para uma conversa. ─ Ontem, quando entrei na sala de aula, você e os nossos amigos estavam cochichando, quando perceberam a minha presença, pararam de falar e, ficaram com caras, de bundão! Por quê?
Rafael, percebendo que a ansiedade estava consumindo a paciência de Diego, resolveu contar parcialmente o motivo da exclusão do amigo em sala de aula. Os inseparáveis amigos foram conversando no caminho em destino ao campo de treino. Rafael contou que tudo se tratava de uma reunião para decidir as surpresas ao amigo aniversariante.
─ Beleza brother! Já que é surpresa espero... Não vejo a hora de chegar a minha festa. Será “show”! ─ Diego, aliviado, confirmou a festa para o Rafael.
Após o jogo de futebol, Diego voltou para casa, conversou com os pais e mostrou-se empolgado para a festa.
─ Que bom que foi tudo resolvido! ─ falou Izabel, orgulhosa pela atitude de Diego em conversar com o amigo antes de tomar decisões precipitadas.
Não demorou muito tempo, tocou a campainha, era a exuberante Karen, atendida por Izabel e convidada para entrar. Sentaram-se no sofá da sala e começaram a combinar os detalhes da decoração de uma festa a fantasia, tema escolhido por Diego. Quando o jovem entrou na sala, chamado pela mãe para dar o de acordo final, ficou estático, olhando para os volumosos seios de Karen, que ao perceber o olhar do jovem ajeitou-os, puxando para cima o decote da pequena camiseta.
Diego imediatamente desviou o olhar para outro canto da sala. Naquele momento tudo era perfeito para Diego que concordou com tudo que Izabel e Karen combinaram para a festa. Com os hormônios a flor da pele, Diego voltou o olhar para a cheirosa decoradora e disfarçadamente admirou as lindas pernas da bela morena bronzeada, que vestida com uma minissaia laranja, destacou-se o desenho de um dragão tatuado na coxa direita.
Izabel chamou o marido para assinar o contrato de serviços da profissional de decoração. Nilton, ao ver a linda mulher, ficou sem ação com tanta beleza. Agora eram pai e filho boquiabertos. As horas avançaram, e a estrondosa mulher resolveu ir embora. Nilton e Izabel acompanharam Karen até o portão, enquanto Diego, ficou no corredor do lado externo da casa, admirando o lindo traseiro da decoradora que caminhou em passos lentos rebolando em direção ao portão de saída.
Izabel e Nilton despediram-se de Karen que, entrou no automóvel e partiu, enquanto Diego tomou banho e engravidou o ralo do banheiro.
Continua...
NOSSOS COLUNISTAS
Alessandra Valle, Luiz Primati e Sidnei Capella.
Alessandra Valle - Assim é o ciclo da vida, nascer, envelhecer, morrer... e temos sempre que passar por estes estágios, ao não passarmos, algo correu mal, poderemos simplesmente ter desaparecido e quem nos queria não acompanhou estes nossos passos, ou seja, não envelhecemos com os outros, ou então morremos antes de completar o segundo estágio, deambulo nas palavras, tudo o que quero dizer é que é uma dádiva envelhecer.
Luiz Primati - excelente finalização do conto, aprimorado, uma vez que o mesmo se refere a um caso real. Muito bom trabalho de fácil leitura e interpretação. Adorei
Sidnei Capella - Boa boa, vamos ver o resto do conto, espero que o Diego deixe de achar que o mundo está contra…
Adorei! Que qualidade 👏🏻👏🏻
Me impressionou positivamente tudo que li, neste magnifico caderno.
Luiz, essa foto de duas caras, é impressionante, uma obra de arte! 🌞
Luiz, Ótimo conto. O final do Edward não foi dos mais felizes, em um certo momento da minha leitura, pensei que o Dr. Kane, ia operar o rapaz duas faces.
Parabéns, Alessandra! Gosto muito das histórias que nos traz. Trabalho sensacional da Polícia.