A Valleti Kids tem a honra de apresentar a quarta edição do caderno ESTÓRIAS DO VALLETINHO.
Os colunistas Alessandra Valle e Luiz Primati, apresentam contos para crianças, jovens e famílias.
Querem conhecer a infância de mais uma personalidade com dom inato? O conto de Alessandra Valle vai apresentar RAUL, menino que canta e encanta crianças e famílias com suas músicas que falam ao coração.
Enquanto o autor Luiz Primati, conta a estória do galo Godofredo que aprende a amar seu trabalho: cantar para que o dia comece bem.
Vamos nos encantar com as ESTÓRIAS DO VALLETINHO desta edição.
Mães, pais, responsáveis e educadores encontrarão boas estórias para divertir, educar e entreter a criançada.
Todo sábado uma novidade da Valleti Kids.
Luiz Primati e Alessandra Valle
AUTORA ALESSANDRA VALLE
Alessandra Valle é escritora para infância e teve seu primeiro livro publicado em 2021 - A MENINA BEL E O GATO GRATO - o qual teve mais de 200 downloads e 400 livros físicos distribuídos pelo Brasil. Com foco no autoconhecimento, a escritora busca em suas histórias a identificação dos personagens com os leitores e os leva a refletir sobre suas condutas visando o despertar de virtudes na consciência.
MÚSICA NAS MANHÃS DE DOMINGO
No caminho do menino Raul tinha uma grande pedra, e como lhe disseram que com sua força poderia ser capaz de removê-la, segurou-a com as mãos, fez um grande esforço, mas a rocha não se mexeu.
Foi quando um amigo, que vinha pelo mesmo caminho, se aproximou e lhe ofereceu ajuda.
Ambos se empenharam e conseguiram afastar a pedra, liberando a passagem, mas isto só foi possível porque os meninos uniram forças.
Foram braços com braços, mentes com mentes e dessa forma, Raul percebeu que se vai mais longe e que juntos, podem mais.
Assim é a infância de Raul, sempre nas manhãs de domingo costuma sair para encontrar as crianças da rua e fazer o que mais ama: cantar.
Durante a caminhada aprecia a natureza e toda diversidade de criaturas, refletindo sobre a utilidade da chuva a molhar os campos floridos e a necessidade de liberdade para os passarinhos, a fim de que possam cantar e construir seus ninhos.
— Como somos diferentes, cada um tem o seu jeito. Ninguém é igual à gente e cada um merece respeito - pensava enquanto caminhava para mais um encontro dominical.
Ao chegar ao seu destino, Raul encontrou a criançada formada numa grande roda. Todos lhe aguardavam animados, pois o menino Raul trazia consigo a alegria proporcionada pela melodia do seu violão.
— Vem Raul, comece desde já! Canta aquela que diz que a vida é simples como deve ser - falou uma amiga vibrante para iniciar a cantoria.
— Vamos sentar-nos ainda mais perto — chamou Raul buscando aproximar as famílias.
E com alegria, brincadeira, espiritualidade e acolhimento, o menino artista começou a cantar e tocar músicas de sua própria autoria para alegria de todos.
A música de Raul fala ao coração, desperta a consciência e traz mensagens de esperança por um mundo melhor.
Quando faz uma pausa para descansar, alguns continuam assobiando as melodias e mantendo a sintonia com o Anjo de Luz, Jesus.
Mas a criança cantora faz apenas uma pausa breve e logo volta a tocar, pois é movido por uma vontade sublime e sabe que os instantes ali vividos fazem acender sua luz interior e que pode dar em dobro todo o talento que lhe foi confiado a multiplicar e frutificar.
Ao voltar para casa, faz o caminho com a consciência em paz, não leva nada de material, apenas consigo está a posse do que pôde ter, o amor que compartilhou ao cantar suas músicas.
Pensa no reencontro com familiares queridos e no delicioso almoço de domingo.
Homenagem a Raul Cabral
Instagram: @raulcabralmusica
AUTOR LUIZ PRIMATI
Luiz Primati é escritor de vários gêneros literários, no entanto, seu primeiro livro foi infantil: "REVOLUÇÃO NA MATA", publicado pela Amazon/2018. Depois escreveu romances, crônicas e contos. Hoje é editor na Valleti Books e retorna para o tema da infância com histórias para crianças de 3 a 6 anos e assim as mães terão novas histórias para ler para seus filhos.
CANTA GODOFREDO, CANTA
Olá, crianças! Hoje vamos conhecer o galo Godofredo e a importância de cada um fazer suas tarefas diárias. Você já fez hoje tudo que a mamãe pediu? Se você esqueceu de escovar os dentes, ou arrumar sua cama, corra lá e depois volte aqui para ouvir essa história. Combinados?
Godofredo era o galo mais novo da família do Galo Alfredão e Dona Cocorota. Não tinha irmãos, apenas irmãs que eram todas galinhas poedeiras.
O galo Alfredão, pai de Godofredo, era o único galo da fazenda e toda manhã, bem antes do sol nascer, subia no poleiro, enchia os pulmões de ar e soltava sua cantoria.
Lentamente todos despertavam com o canto de Alfredão: os porquinhos, as ovelhas, a vaquinha e até Pedrinho, o menino que morava na casa com seus pais Júlio e Márcia.
Logo em seguida o sol aparecia e Alfredão via todos se movimentando por ali: Pedrinho indo para a escola, Márcia indo para os afazeres da fazenda e Júlio saindo para as compras. As galinhas já iniciavam a sua produção de ovos que, logo seriam recolhidos por Márcia.
Alfredão, já sentindo a vida se esgotando, chamou Godofredo para uma conversa.
— Bom dia! Filho, preciso ter uma conversa séria com você. Vamos dar uma volta? — disse o pai.
— Godofredo, está vendo aquele poleiro? — apontou para o alto. Godofredo olhou para ele.
— Sim, papai — disse o galinho.
— Um dia ele será todo seu. Quando eu me for, você deverá acordar antes do sol, subir nele e cantar com toda a força que tiver nos pulmões — disse Alfredão para Godofredo.
— Entendi, papai. Mas até que horas devo ficar cantando? — questionou Godofredo.
— Até a hora necessária — disse o pai calmamente.
Godofredo pôs-se a pensar sobre o que o pai disse e logo ouviu Pedrinho gritando:
— Godo, godo. Cadê você? — mais alguns passos e logo Pedrinho avistou Godofredo no celeiro com o pai. — Godo, vamos pescar?
Pedrinho saiu correndo em direção a Godo que logo tratou de pular no colo de Pedrinho. E saíram dali conversando. Pedrinho gostava de ir até o riacho pescar e levava Godofredo para pegar as minhocas. Essa era uma das habilidades de Godofredo: localizar e pegar as minhocas para Pedrinho pescar. Também brincavam de esconde-esconde e outras brincadeiras. Eram grandes amigos.
Numa bela tarde Dona Cocorota chamou Godofredo e correram para o celeiro. Lá o velho Alfredão estava deitado, com dificuldade para respirar.
— Papai, o que aconteceu? — disse Godofredo desesperado.
— Chegou a minha ora. Eu te alertei que um dia eu partiria — disse Alfredão, com sofreguidão.
— Calma, papai. Deve ser um mal-estar. Vai passar…
— Acho que dessa vez não vai passar — Alfredão tossiu. — Eu vou em paz, meu filho. Apenas se lembre da conversa que tivemos. E agora me dê um abraço.
Depois do abraço, Dona Cocorota e Godofredo sabiam que Alfredão dormiria para sempre e seguiram suas vidas.
No dia seguinte, Godofredo lembrou do que o pai dissera e pulou de sua cama num salto. O sol já estava quase nascendo. Correu para o poleiro, encheu os pulmões e soltou seu canto. O primeiro saiu meio torto e na segunda tentativa Godofredo acertou.
Desse dia em diante Godofredo não se atrasou mais. Subia no poleiro antes do sol aparecer e fazia o seu trabalho. Depois do almoço, quando Pedrinho voltava da escola, brincavam até Márcia chamar Pedrinho para o banho e jantar.
Passado alguns meses, Godofredo começou a questionar o que fazia. Por que tinha que acordar tão cedo e ficar cantando se todos dormiam? Ele também gostava de dormir e resolveu não acordar no dia seguinte, pois estava um pouco frio. Quero dizer, não acordou e não cantou.
Quando já fazia 2 horas que o sol havia nascido, Godofredo levantou e foi até o celeiro. Sua mãe, Dona Cocorota e as suas irmãs ainda dormiam. Ele estranhou.
— Acordem suas dorminhocas! — gritou Godofredo no ouvido de sua irmãzinha.
Houve um alvoroço no galinheiro. As galinhas acordaram todas assustadas, correndo de um lado para o outro, trombando umas com as outras. Godofredo só as ouvia reclamar estarem atrasadas e que tinham que botar o ovo do dia. Ele saiu rindo dali e foi passear pela fazenda.
Passando pelo quarto de Pedrinho, viu que ele ainda dormia. Estranhou e logo viu Márcia, sua mãe, entrando no quarto e dando bronca por ele dormir demais.
Mais adiante, Júlio, pai de Pedrinho saia apressado, montava em sua caminhonete e saia em disparada. Parecia que todos ali estavam perdidos.
Após fazer sua refeição, que, por sinal, atrasou bastante, Godofredo ficou aguardando Pedrinho para brincarem, no entanto, viu sua mãe, Dona Márcia, pegar o carro e levá-lo para algum lugar. Pedrinho carregava seu material escolar.
“Será que Pedrinho passou a estudar na parte da tarde?” — pensou Godofredo.
Nesse dia não foi possível ter a companhia de Pedrinho.
No dia seguinte, e no outro e no outro, Godofredo repetiu a mesma atitude e não cantou mais. Estava triste porque Pedrinho não brincava mais com ele e resolveu questioná-lo. Esperou que ele voltasse da aula da tarde e voou pela janela da sala. Viu Pedrinho, Júlio e Márcia conversando na mesa de jantar.
— Filho, sei que é triste, mas não vai ter mais jeito. Teremos que nos livrar de Godofredo.
O galinho arregalou os olhos quando ouviu isso.
“Será que falam de mim?” — pensou.
E a mãe de Pedrinho continuou:
— Você vai ganhar um galo novo. Logo se acostuma — disse Dona Márcia acariciando os cabelos de Pedrinho.
— Eu não quero outro galo. Quero Godofredo! — gritou Pedrinho e saiu correndo, subindo as escadas para seu quarto.
Júlio e Márcia ficaram conversando. Godofredo ficou ouvindo.
— Eu não sei o que aconteceu com Godofredo que parou de cantar de repente. Está sendo muito difícil para todos.
— Não temos outra solução? — perguntou Márcia.
— Penso que não. Veja, quando Godofredo canta, todos acordam e já começam as suas tarefas. Pedrinho anda perdendo hora e tem que fazer aulas de reforço toda tarde. As galinhas não colocam seus ovos no horário correto. Quando vou tirar o leite da Mimosa ela está de mau-humor porque eu a acordei. Não tem solução mesmo. Amanhã vou comprar outro galo logo cedo.
Godofredo ficou apavorado. Correu para o celeiro e pensou em fazer as malas e sair fugido. Daí lembrou-se de sua mãe e irmãs. Ficariam sem um galo na família. Deveria ter outra saída. Pensou, pensou e…
No dia seguinte, antes mesmo do sol pensar em levantar, Godofredo subiu no poleiro e cantou em plenos pulmões. Logo avistou os primeiro movimentos no galinheiro, a vaquinha, as ovelhas, a luz do quarto de Pedrinho sendo acesa. Na cozinha viu Dona Márcia preparando o café. Continuou cantando feliz.
Nesse dia tudo voltou ao normal e depois do almoço, brincou com Pedrinho, do jeito que faziam antes.
Godofredo, antes de dormir, percebeu o quanto seu trabalho era importante. Todos ali se moviam de acordo com seu canto e sentiu-se empoderado.
Júlio deixou para lá a ideia de comprar um novo galo. Godofredo cumpria a sua cantoria todos os dias: fazendo sol ou chuva, cantava no horário.
E você, amiguinho? Lembra de algo importante que faz todos os dias? Conte-nos!