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Foto do escritorLuiz Primati

ESTÓRIAS DO VALLETINHO Nº 7 — 27/08/2022

Atualizado: 28 de ago. de 2022


A Valleti Kids tem a honra de apresentar a sétima edição do caderno ESTÓRIAS DO VALLETINHO.


Os colunistas Alessandra Valle e Luiz Primati, apresentam contos para crianças, jovens e famílias.


Querem conhecer a infância de mais uma personalidade com dom inato? O conto de Alessandra Valle vai apresentar FÁBIO, menino que busca conhecer e melhor seu corpo através da capoeira.


Enquanto o autor Luiz Primati, conta a estória da menina Alice e de sua amiga lagarta, as quais vão aprender sobre o processo de transformação natural de seus corpos ao longo da vida.


Vamos nos encantar com as ESTÓRIAS DO VALLETINHO desta edição.


Mães, pais, responsáveis e educadores encontrarão boas estórias para divertir, educar e entreter a criançada.


Todo sábado uma novidade da Valleti Kids.


Luiz Primati e Alessandra Valle

 

AUTORA ALESSANDRA VALLE


Alessandra Valle é escritora para infância e teve seu primeiro livro publicado em 2021 — A MENINA BEL E O GATO GRATO — o qual teve mais de 200 downloads e 400 livros físicos distribuídos pelo Brasil. Com foco no autoconhecimento, a escritora busca em suas histórias a identificação dos personagens com os leitores e os leva a refletir sobre suas condutas visando o despertar de virtudes na consciência.

 

A LUTA DANÇANTE DA VIDA


Um bebezinho na família chegou, chama-se Fábio, irmão do Bruno, filho de Sônia e André. Vocês o conhecem?


Sobrinho de muitas tias e tios, primo de incontáveis criaturas e amigo, sim, esse teria muitos amigos ao longo da vida, idealizavam todos.


O neném nasceu grande e pensando mais de três quilos. Cercado de carinho por toda a família e acalentado pela mãe, tudo transcorria bem, até que o bebê que não sabia se expressar, a não ser pelo choro, ficou doente.


Ninguém sabia o que ele estava sentindo, fora avaliado por muitos médicos, até que o diagnóstico concluiu que sua doença precisava de internação e procedimento cirúrgico urgentes.


Uma válvula precisou ser implantada no cérebro para ajudar a evitar a hidrocefalia.


Muitas incertezas quanto ao desenvolvimento de Fábio surgiram, alguns pensavam até que a doença que tivera o incapacitaria de falar, andar e brincar.


Contudo, mesmo depois de três cirurgias para ajustar e até trocar a válvula de seu cérebro, os pais de Fábio ouviram com atenção a orientação da médica que os assistia:


— Fábio precisa ter uma vida normal — afirmou com esperança a pediatra.


Os cuidados com a saúde de Fábio prosseguiram e ele cresceu forte e muito amado.


Sob os olhos atentos e mãos de ajudar, a mãe o levava para brincar no parquinho, no escorrega e no balanço, mas toda a brincadeira cessava assim que o som advindo dos berimbaus começava.


A criança era atraída para a roda de capoeira e todo o seu corpo se iluminava, desejando fazer parte daquela dança.


No começo foram palmas, cantos e gingados, depois, vencendo suas limitações e desejando explorar todo seu corpo e vitalidade, Fábio praticou movimentos de armada, bênção, cabeçada, martelo, esquiva e meia-lua de frente.


Para Fábio, a dança na capoeira tem um significado muito importante: superação.


Todos os familiares ficaram preocupados com o esporte escolhido por Fábio, mas o menino só quer entender como funciona seu corpo e o quanto pode melhorá-lo, por isso, se exercita e busca adquirir habilidades, condicionamento, conhecimento e atitudes que contribuem para seu ótimo desenvolvimento e bem-estar.


Por isso, ainda menino, transformou seu entusiasmo em vontade, a doença em dança e a resiliência em gingado.


O choro sofrido da mãe transformou-se no som alegre proveniente dos atabaques, pandeiros, berimbaus, palmas e cantos.


O menino Fábio segue descrevendo círculos no espaço da roda fazendo com que lute dançando e dance lutando pela vida.


Não posso encerrar esse conto antes de contar a todos que ainda este ano, Fábio vai se tornar professor de capoeira.


Homenagem à Fábio Valle


 

AUTOR LUIZ PRIMATI


Luiz Primati é escritor de vários gêneros literários, no entanto, seu primeiro livro foi infantil: "REVOLUÇÃO NA MATA", publicado pela Amazon/2018. Depois escreveu romances, crônicas e contos. Hoje é editor na Valleti Books e retorna para o tema da infância com histórias para crianças de 3 a 6 anos e assim as mães terão novas histórias para ler para seus filhos.
 

O SUMIÇO DE MORPHINA


Olá, crianças! Hoje, conheceremos a menina Alice e sua amiga lagarta Morphina, que se viam diariamente no caminho da escola.


Através de Alice, aprenderemos que nosso corpo sofre transformações durante a vida e não devemos estranhar esse fato. Vamos começar?


Os personagens de nossa história são: a menina Alice, a lagarta Morphina e Irene, mãe de Alice.


Alice era uma garota risonha e brincalhona. Diariamente ia para a escola à pé, passeando por entre árvores, flores e pássaros. Sua mãe oferecia carona no carro da família e Alice sempre recusava dizendo:


— Por que perderei a beleza da natureza, ficando dentro desse carro?


— É mais seguro e mais rápido. Venha? — dizia Irene para a filha.


— Obrigado mamãe, mas prefiro fazer minha caminhada.


Ao passar pelas árvores frutíferas, Alice sempre fazia uma pausa na macieira para conversar com sua amiga.


— Bom dia, dona Morphina! Que belo dia para uma caminhada, não acha?


E Alice ria, pois, a lagarta Morphina se movimentava muito devagar, sempre subindo pelos galhos até alcançar as folhas mais verdes e suculentas. Então Alice arrancava as folhas mais novas e deixava ao alcance da lagarta, que, agradecia comendo sua refeição matinal.


Enquanto Morphina comia, Alice aproximava bem os seus olhos dos olhos de dona Morphina e dizia:


— Que lindos olhos azuis você tem, Morphina! Queria eu ter os seus olhos…


O nariz de Alice ficava tão perto da lagarta que um dia chegou a tocá-la e sentiu uma leve queimadura. Depois desse dia aprendeu que não se deve tocar numa lagarta.


— Até mais tarde, Dona Morphina. Preciso ir para a aula.


Depois da aula Alice não avistava mais a lagarta que, deveria ter ido para sua casinha. Pelo menos era isso que Alice imaginava.


Depois de alguns meses visitando Morphina diariamente, a lagarta sumiu. Alice estranhou. Olhou entre as folhas, olhou entre os galhos e troncos e nada de Dona Morphina. Imaginou que a lagarta perdera hora e ainda dormia. Foi para a escola tranquila.


No dia seguinte a lagarta não estava. Nem no outro dia e nem no próximo. Alice ficou triste.

Depois de uma semana Alice não quis mais ir à pé para a escola e aceitou a carona que a mãe oferecia. O rosto de Alice era de tristeza. Grudava seu nariz no vidro do carro e olhava para as árvores, sempre na esperança de avistar Morphina. Nunca mais a viu.


Cansada de ir para a escola de carro e com saudades da amiga, Alice resolveu ir à pé novamente para a escola. Na árvore que Morphina ficava, encontrou uma borboleta. Linda, colorida e quando estava procurando por Morphina, a borboleta pousou no nariz de Alice. Ela achou engraçado e olhou fundo nos olhos da borboleta e disse:


— Dona borboleta, você tem os olhos azuis, iguais aos da minha amiga Morphina — suspirou.

A borboleta bateu suas asas e sumiu entre as folhas.


Depois de mais alguns meses, Irene encontrou Alice chorando em seu quarto e quis saber o motivo.


— Nada de mais, mamãe. Os meninos do colégio que estão rindo de mim.


— E por qual motivo, Alice? — perguntou Irene preocupada.


— Por causa disso — Alice mostrou uma saliência no peito e a mãe logo entendeu.


— Alice, isso que está ocorrendo com você é natural. Você está se transformando numa garota e depois será uma mulher, igual a mim.


— Estou me transformando? Como assim? — questionou Alice.


— Seu corpo está se transformando e o que parece feio hoje, amanhã será uma bela garota e mulher. Acontece com todos nós. É para melhor — disse Irene.


— Ainda não estou entendendo — disse Alice.


— Tentarei te explicar — Irene pensou um pouco. — Sabe as lagartas que você observa lá nas árvores do parque?


— Aquelas de olhos azuis? — disse Alice feliz.


— Bem, não sei se os olhos delas são azuis — disse Irene.


— Morphina, minha lagarta, tinha olhos azuis. Mas isso não importa. Continue, por favor — disse Alice.


— As lagartas, depois que atingem a fase adulta, transformam-se numa crisálida que é uma lagarta dentro de um casulo. Elas ficam lá por um tempo, se transformando e quando saem de lá, viram uma linda borboleta.


— Borboleta? A lagarta vira uma borboleta? — perguntou Alice surpresa.


— Sim! Ela vira!


Alice levantou rápido da cama, calçou seu tênis e saiu correndo.


— Ei, Alice, para onde você vai? — gritou Irene para a filha.


— Tenho que visitar uma amiga. Já volto.


Alice correu até a macieira e procurou pela borboleta colorida. Nada encontrou. Sentou-se na sombra da árvore, chateada e foi nesse momento que surgiu a borboleta, pousando sobre seu joelho. A menina abriu um sorriso e disse:


— Morphina, é você?


A borboleta movimentou as asas rapidamente, como se confirmasse.


— Que saudades eu senti de você, minha amiga.


Desse dia em diante Alice compreendeu que todos se transformam, até as lagartas, tornando-se lindas borboletas.


Parou de sentir vergonha dos meninos e não ligou para as provocações. Tornou-se uma linda garota e guardou Morphina para sempre em sua memória.


E essa foi mais uma estória do Valletinho. Hoje aprendemos que nosso corpo sofre transformações e que não há nada de errado com isso. Então não ria de um amiguinho ou amiguinha que está passando por uma transformação, pois, amanhã, poderá ser você.


 

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