Leia, reflita, comente!
AUTORA JOANA PEREIRA
O meu nome é Joana Pereira e sou autora no blog "Tem juízo, Joana!". Nasci em Lisboa e segundo as estrelas, sou Leão - ascendente Touro. A minha identidade atravessa cores, ritmos, dança, música e palavras. Gosto de ler e de escrever, acreditando ser na escrita que me torno mais consciente. Numa voz firme e rebelde escrevo entre o certo e o errado, da pequenez à plenitude, entre a moralidade e a indecência. Se tenho juízo? Prefiro perdê-lo…
O CAMINHO
Fomos mais uns a caminhar naquela rota antiga, tantas vezes percorrida por outros, de outras cores, de outros amores, de outros saberes e culturas.
Fomos mais dois a levar o espírito de sacrifício nos pés, o desafio na mente, a coragem ao peito e a mochila às costas. Levámos também a cumplicidade, a perseverança, a camaradagem e, claro… o amor. Foi assim que decidimos fazer, com amor.
Caminhámos lado a lado, ora um a frente, outro atrás, ao sol, à sombra, mas caminhámos. Caminhámos muito, por muito tempo.
E, como em tudo na vida, doeu. Doeu muito. Foi duro, cansativo, desafiante e emotivo.
Caminhámos com um único peso às costas, reconhecendo que, afinal, o essencial para viver é leve e parco. E quanto mais leves vamos, mais donos do próprio caminho nos tornamos.
Caminhámos de mãos dadas, caminhámos a conversar, cantar, animados, caminhámos afastados, em silêncio, cabis-baixos, a lamentar ou a reclamar.
Caminhámos por lugares preciosos e únicos.
Caminhámos com dor, cansados física e mentalmente.
E, como em tudo na vida, faz parte. Aceitar os momentos de introspecção como os de expansão. Aceitar os silêncios, a individualidade, como o tempo de nos relacionarmos. Aceitar a dor, apreciando-lhe o gosto da recompensa. Aceitar que, tal como no caminho, os sentimentos são cíclicos, como em tudo na vida.
O caminho é isso. É descobrirmo-nos e descobrir forças onde achávamos que não existiam. Descobrir que somos capazes, somos sempre capazes, mesmo quando nos esmorecemos, porque mais depressa ou mais devagar, acabamos invariavelmente por chegar.
Passo a passo. Seta por seta.
Como em tudo na vida.
Pelos Caminhos de Santiago, caminho português.
AUTOR LUIZ PRIMATI
Luiz Primati é escritor de vários gêneros literários, entre eles, romance, ficção, contos, infantil. É autor de mais de 10 livros, disponíveis atualmente na Amazon. A descoberta da escrita foi logo que aprendeu a escrever, mas, a chama foi definitivamente acesa em 1981, quando participou do grupo teatral TER (Teatro Estudantil Rosa). O próximo projeto que lançará é o livro de terror: "A MALDIÇÃO DO HOTEL PARADISIUM", em parceria com Vivian Duarte. Hoje é editor da Valleti Books, onde ajuda escritores amadores a realizar o sonho de publicar seus livros.
UMA CRIANÇA POR 2 DÓLARES
O ano era 1948. Os EUA passavam por uma grave crise do pós-guerra. As pessoas mal conseguiam manter seus empregos. Foi então que um repórter, vagando pelas ruas de Chicago, flagrou uma cena assustadora. Resolveu registrar com sua câmera e nela estava a seguinte cena: quatro crianças sentadas em degraus na frente de uma casa. Nos degraus mais altos duas garotas, Lana e RaeAnn, de 7 e 5 anos e nos degraus mais baixos Milton e Sue Ellen, o garoto com 4 anos e a garota com 2 anos. A mãe estava num patamar mais acima e tinha 24 anos e mais um filho na barriga. Ao lado das crianças uma placa que dizia: “Quatro crianças à venda. Negocie aqui”. A cena foi tão impactante que logo que o jornal, onde o repórter trabalhava, publicou a foto com a notícia, muitas pessoas se comoveram e tentaram ajudar o casal para manter a família unida, fazendo inúmeras doações.
Os filhos foram vendidos por 2 dólares. A mulher que atendia por Lucille Chalifoux não se importava com as crianças, apenas queria se livrar delas. A alegação é de que iriam ser despejados de onde moravam porque seu marido perdera o emprego de motorista. A garota de 5 anos e o menino de 4 foram vendidos para um fazendeiro onde foram trabalhar como escravos. A garota RaeAnn foi sequestrada e estuprada aos 17 anos e acabou engravidando. Os seus “proprietários” a abandonaram em um lar de mães solteiras e seu filho, após o nascimento, foi colocado para adoção.
O garoto Milton sofreu abusos por toda a vida. Após de livrar dos seus donos, acabou sendo preso e sentenciado a se tratar em um manicômio saindo de lá somente em 1968.
Todas as crianças tiveram vidas despedaçadas, com anos de sofridão, violência, abusos físicos e psicológicos. A mãe deles, Lucille teve 9 filhos ao todo. O dinheiro que Lucille e o marido receberam de doações ninguém sabe onde foi parar. Mesmo com ajuda financeira Lucille vendeu todos os filhos. Nunca amou nenhum deles. Ela não vendia os filhos porque precisava de dinheiro, vendia porque não se importava com eles.
Nunca pude imaginar que uma mãe pudesse sentir tanta indiferença em relação aos seus filhos. Sempre imaginei que a maternidade fosse uma coisa sagrada e que a mãe esperava ansiosa pelo nascimento de seu filho, amando e protegendo sempre. Esse caso me deixou com a certeza de que a maldade humana não tem fim.
AUTORA MIGUELA RABELO
Miguela Rabelo escritora de crônicas, contos e poemas, com seu primeiro livro solo de poemas: "Estações". Também é mãe atípica e professora da Educação Especial no município de Uberlândia-mg.
PÉROLAS AO ACASO
Então, depois de um longo sábado permeado de tentativas. Algumas satisfatórias outras nem tanto... me entrego a um merecido banho, onde deixo meu corpo ser inundado por uma cascata morna que escore por entre meus cabelos levando e lavando assim com a espuma todas as impurezas e aflições do dia passado, repletos de gordura densa do suor que escorre pelo ralo.
Então deixo-me desabar correnteza abaixo com a queda quente batendo em minhas costas, sentindo assim aquela sensação uterina de entrega e proteção que tanto temos de abstinência e o quanto buscamos ser preenchida pela carência do retorno deste colo irreversível onde sentíamos toda segurança do mundo. Mas que por um necessário parir, viemos parar aqui...
Então me recomponho alongando todo meu corpo em baixo do chuveiro, sentindo os meus preciosos e resistentes fios de cabelo e se deleitar a navegar. E assim, aos poucos vou esticando ao máximo os meus braços, sentindo toda a potência do meu corpo e alma que transpira desejo... mesmo que vez ou outra esmoreça em alguma sarjeta melancólica.
Desligo a ducha, me seco na toalha macia a minha espera e percebendo o quanto àquele banho era mais que necessário... então me encaro no espelho embaçado que aos poucos vai refletindo melhor minha imagem, e onde me reconheço de fato. Mas não como a anterior ao banho, mas sim a posterior a ele.
Esse se reconhecer outra após o banho não é simplesmente o estar limpa, molhada e com a pele fresca, mas vai além disso... vai em um ponto um pouco mais profundo, daqueles que entendemos que nunca seremos os mesmos ou nos banharemos na mesma água, como já anunciou sabiamente Heráclito há séculos atrás.
Então percebo minhas linhas de expressão, encarando-as com coragem, mas, ao mesmo tempo, tentando suavizá-las com um creme facial, mesmo sabendo que não seria de grande salvação. Mergulho então o olhar nos olhos que me encaram, entendendo tamanha intensidade e profundidade tudo aquilo que ele vivenciou...
Penteio meus cabelos com os dedos e pente, massageio com creme, abro o armário para pegar meus brincos, porém, em um relance de segundos e um deles escorrega do armário e salta ao precipício do ralo... tentei desesperadamente segurar, mas em vão... e uma pérola ao acaso se esvai pelo ralo estreito, escuro e obscuro...
Martirizo-me mesmo sabendo que não era verdadeira, era assim minha pérola que agora em mais uma orelha desnuda permanece. Então termino a sessão, e volto para vida real entre correrias, refeições, rotinas e filho. Quando recebo a mensagem de um amigo que me presenteava com gentis versos sobre mim, quando lhe conto do ocorrido do brinco e lhe desafio na composição poética.
No dia seguinte ele me aparece com um belo soneto, fazendo pelo menos assim a perda valer a pena. Porém, este evento me despertou para algo mais profundo sobre mim mesma... Percebendo, que mesmo que o objeto em si era falsificado, tinha um valor estimado para mim, exatamente por ser fruto e metáfora de tantos esforços que a vida assim me colocou a prova. Sendo a pérola em si a catarse de todas as transformações pelas quais já passei e transmutei nesta estrada. E que todas as tempestades de areia que me cegou foram banhados com minhas lágrimas..., mas que aos poucos se transformaram em paciência, humildade, estudo e que foram aos poucos criando texturas, dimensões, cores e brilhos distintos de outrora, metamorfoseando toda uma trajetória densa de vida... em preciosas pérolas de escrita em forma singular de poesia, advindas das necessárias Estações que a “locomotivida” nos conduz.
AUTORA JOANA RITA CRUZ
Joana Rita Cruz nascida a 11 de março de 2002, é portuguesa e estudante de Engenharia Informática. Começou a escrever inicialmente no género de ficção com especial interesse em literatura fantástica, mas em 2015, escrever poesia tornou-se uma parte integrante da sua vida.
O MUNDO NA MINHA CABEÇA
Eu recusei-me a crescer, durante muitos anos já de adolescente, tive amigos imaginários e um mundo inteiro em minha mente. Um mundo inteiro para me entreter, proteger e consolar. Costumava ser daquelas pessoas que está sempre "com a cabeça na lua" e depressa entrava nesse reino só meu se por um segundo, por um simples segundo, o mundo real não me agradasse.
Certo dia a realidade entrou de rompante, como um maremoto escrito a sangue na borda de uma profecia, inevitável e, para o meu ingénuo cérebro de menina, incompreensível. Levou consigo paisagens, criaturas, algumas memórias enevoadas e até alguns sonhos, não daqueles que são objetivos, mas daqueles fantásticos e místicos.
E face a uma mente vazia e destroçada e ainda para mais invadida pelos peões da crepitante ansiedade que surgiu no meu peito eu procurei algo a que me agarrar. E esse algo foste tu.
Quem és tu? Muita coisa, na verdade... pessoas, paixões, sonhos e ambições, canções que passam no Spotify, poemas escritos em paredes, trabalhos aborrecidos, mas de alguma forma reconfortantes. Tu és cada pequena coisa que me fazia sentir melhor sobre o meu vazio.
Essa ausência de luzes, cores e até de som quase me fez acreditar que nunca mais poderia escrever uma história. Como poderia criar personagens se não havia mais um reino na minha cabeça onde eles pudessem viver?
Durante muito tempo limitei-me a odiar a realidade, a culpá-la pela ausência de mim em mim. Hoje percebo que era necessário varrer aquele mundo para que eu pudesse criar um novo, mais real, com pessoas que sorriem e agarram a minha mão num banco de jardim, com ambições intensas, mas possíveis e com recantos escondidos, com fadas e criaturas, sim, mas que eu própria estou a criar porque quero e não apenas porque preciso. Era necessário crescer para preencher tudo o que sou em algo mais, com tudo aquilo que preciso para viver e ser feliz e não com tudo aquilo que me protegia e que, sem querer, me impedia de mudar.
AUTORA STELLA_GASPAR
Natural de João Pessoa - Paraíba. Pedagoga. Professora adjunta da Universidade Federal da Paraíba do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. Mestre em Educação. Doutora em Educação. Pós-doutorado em Educação. Escritora e poetisa. Autora do livro “Um amor em poesias como uma Flor de Lótus”. Autora de livros Técnicos e Didáticos na área das Ciências Humanas. Coautora de várias Antologias. Colunista do Blog da Editora Valleti Books. Colunista da Revista Internacional The Bard. Apaixonada pelas letras e livros encontrou na poesia uma forma de expressar sentimentos. A força do amor e as flores são suas grandes inspirações.
EM SEGUNDOS OU MINUTOS; TUDO MUDA!
Com visões delirantes percebemos que somos invisíveis como um desenho entre as cores das nossas imaginações vermelho ou negro, nos sentindo fragmentados, parece que somos desmontáveis.
Somos um corpo num baile de rosas com zigue-zagues entre nossas estrelas cintilantes ou entre uma comédia de Shakespeare. Mas, o importante é que somos histórias em construções.
Às vezes sentimos que em nossos olhos, temos a maciez de uma flor-de-algodão girando e em outro momento nos sentimos com olhos de pesadas nuvens. O que importa então, é o espontâneo, a inspiração de nossas falas em sincronicidades com as nossas imperfeições.
Nesse texto, busco a tecelã que cria seus segundos ou minutos. Nem sempre tem escolhas, porque seus desejos não compartilham com suas autonomias, mas ela é fiel para a sua independência.
Em segundos ou minutos; tudo muda!
Chegam os intrusos problemas, narrados ou sentidos. De qualquer modo, “bordamos essas loucuras de alternâncias do de repente”, nos labirintos de nossas vidas. Uma verdadeira obra-prima com milhares de vozes, que buscam salvar os nossos “altos e baixos”.
Assim, muitas vezes respiramos olhando para o céu e nuvens, num desejo de viver, de escolher um mundo de realizações sonhadas. Conquistei cada caminho que meus pés pisaram, descobri infinitos em mim, e vejo-me em segundos ou minutos no colo dos meus desejos.
Um dia, lá bem ali, o Reino do Amor constante, das existências reais, do sorrir sem motivos, fará parte de cada emoção sentida por nossos corações.
Sim, tudo muda!
AUTOR GESCÉLIO COUTINHO
Nascido em Quixeramobim no Ceará, Professor especialista em História e Geografia, toca violão e canta, serviu por muitos anos na igreja, no momento se encaixa como Poeta: Escreve poesias, poemas e cordéis. Tem poemas publicados em Antologias como: Poesia Brasileira de 2021, Antologia Poética Toma Aí Um Poema, Cordéis lançados pela editora Aluá Cordéis, atualmente está com o poema "A Resiliência no Sertão" na Antologia Poética "1001 Poetas" e concorre a diversos concursos no ano de 2022. Atualmente produz poemas com temas diversos. Pseudônimo: "O Poeta do Sertão".
O SALDO DE UMA GUERRA
A guerra divide a paz
O homem faz seu cercado
Fronteiras são corrompidas
O ódio tem aumentado.
Na guerra vemos a dor
As vidas perdem o sentido
Muita ganância se espalha
Do amor não se escuta o estampido.
O som da destruição
Os obriga a regressar
Deixando todo o conquistado
Pra talvez nunca mais encontrar.
Em meio aos cacos sobrados
Vai ficando suor e história
E os “grandes” ficam como reis
Mais nunca encontrarão a glória.
Por serem seres egoístas
Que respiram a pura opressão
Não sabem o que é amor-próprio
Parecem não ter coração.
E quando tudo isso passar
Veremos ou não o final
Que restem vidas sensatas
E que Deus perdoe todo o mal.
AUTORA BETÂNIA PEREIRA
Betânia Pereira, historiadora/enfermeira, colunista na Revista The Bard. Participou de várias antologias poéticas. Escreve desde que aprendeu a escrever. Escreve poesias, prosas, textos de autoajuda, reflexões. Escreve sobre todas as pessoas que rondam as vidas que viveu e as que ainda viverá.
RESGATE DE VALORES REAIS
A novela Pantanal, sucesso de público suscita reflexões importantes e uma delas que chama atenção da escritora aqui são as histórias bastante humanas ali retratas, pessoas e amores reais, puras e inocentes. Traz em Juma/Jove, protagonistas da novela tudo aquilo que a humanidade-homem/mulher sonha viver — um amor que enfrenta tudo, aventureiro, que não impõe limites para existir. Não estamos romantizando o amor, falamos aqui de algo concreto, conquistado, construído, pessoas que se desejam, amam-se e de forma espontânea, natural, harmoniosa, buscam a vivência desse sentimento. Sentimento que exige prática, decisão e ação. A novela com seus personagens e cenários paradisíacos suscita encantamento, apresenta homens másculos, fortes, varonis. Homens que assumem relacionamentos, responsabilidades. Em todas as histórias de amor da trama, também apresenta a mulher como ser puro: desejado, amado, cortejado e conquistado.
Como anda as relações humanas nos dias atuais? Homem e mulher acreditam no amor? Os relacionamentos podem ser para até que a morte nos separe? Os homens buscam mulheres que os adotem?
O folhetim traz esse resgate da humanidade, da ingenuidade, de valores dentro do seio familiar não mais vistos na atualidade. E isso atrai, porque sonhamos e esperamos uma humanidade melhor, desejamos a perpetuação dos valores. Amores reais só se sustentam quando são produzidos, conquistados e construídos a quatro corações e mente. Aquele que deseja e está ao teu lado deve estar por escolha, de forma espontânea, por prazer. Portas forçadas arrebentam.
Um último questionamento para reflexão: existe ainda amor assim ou estamos desiludidos?
É um gosto poder fazer parte desta família! Gescélio, bem-vindo e entras-te em grande! que belo poema! Parabéns
Maravilhosos textos!!👏👏👏
Nossa Luiz Primati, eu fico muito feliz em poder fazer parte desse caderno que abre as portas pra vida das pessoas, além de estar inserido, poder também contribuir com meus textos.
Gescélio, seja bem-vindo ao nosso caderno. Belos textos, belas reflexões! Parabéns escritores.