Leia, reflita, comente!
AUTORA JOANA RITA CRUZ
Joana Rita Cruz nascida a 11 de março de 2002, é portuguesa e estudante de Engenharia Informática. Começou a escrever inicialmente no género de ficção com especial interesse em literatura fantástica, mas em 2015, escrever poesia tornou-se uma parte integrante da sua vida.
FALTA DE RIQUEZA
Se eu tivesse uma moeda
Por cada vez que me bate
Esta saudade imensa de ti
Podia comprar amor noutro lado.
Podia deixar meu coração
Ceder ao estrago
E desabrochar num romance falso
Num lugar longe daqui.
Oh, que fortuna imensa
Se cada vez que teu nome soa
Na minha voz, dentro do crânio
Um centavo caísse do céu.
Quando me vejo assustada
Tu és meu porto seguro
Não tenho sequer um abraço
Mas aquele poema serve de tudo.
As fotos assombram-me na caixa
Que eu não poderia deitar fora
São como um tesouro de pirata
Que me amaldiçoa e adora.
Que baú enorme
Aquele preenchido
Por nossos momentos
Quando amor é a moeda de troca.
E ainda assim
Hoje,
Tenho a carteira
Vazia.
Pego nesses trocos inexistentes
E invisto na coragem,
Encho o carro a ouro
E começo esta viagem.
São uns minutos até tua casa
E ainda assim sobem os juros
Bato à porta, embaraçada
E nem um milhão resolvia tudo.
Não sai nem um som
Por entre os meus trêmulos lábios
Mas forma-se um sorriso
Quando vejo uma réstia de carinho.
“Não se pode comprar amor,
Mas deixas-me trocar esta saudade?
Este cofre de furor
Que teimou em afastar-te.”
“Deixas-me trocar tudo por ti?”
AUTOR JOSÉ JUCA P SOUZA
José Juca P Souza, professor, ator, psicopedagogo, analista de sistema, ambos por formação acadêmica… Desde pequeno imbuído nas artes, com o desenho. Como profissional, agente administrativo no Ministério da Agricultura, técnico em edificações na Companhia Energética de Brasília. Assim segue, vendedor de tudo na infância (“triste realidade”), almoxarife, gerente lojista… Em seguida, veio o teatro, com poucas temporadas, lecionou artes na escola pública do DF, estando até hoje, trabalhando com informática, afastado de sala de aula… Embora escreva desde criança, com textos engavetados… Se reconhece poeta em um concurso para novos poetas, em 2019, classificado e publicado em uma determinada editora. Hoje providencia seu primeiro livro.
LÍDER E DEMOCRACIA
Partindo do princípio do conceito amplo de democracia: “Igualdade jurídica, social, política e econômica.” Bem como, sufrágio universal, o direito de votar e ser votado independentemente de fatores sociais, como gênero, cor, renda e escolaridade, gerando representação popular política. Ademais, podendo exercer nossa cidadania, já que somos regidos por uma constituição a nos permitir este direito. Na forma republicana de governo, tendo o chefe de estado como presidente, é importante dizer que: O chefe de estado precisa ter e exercer liderança. Ter a consciência de estar governando para uma população, não mais para um segmento específico. Ainda, respeitar e saber comunicar-se com os poderes da nação (executivo, legislativo e judiciário)... Ser um exemplo de comunicação, a despeito de trazer problemas seríssimos ao país, ou boas soluções, em função de colocações adequadas ou inadequadas, com falta de articulação política, com desrespeito ao plano de governo, etc.
E o que é um líder? Líder, não é autoridade, é coletividade… É condutor e influenciador na busca de um objetivo comum. Ele atrai e guia de forma a inspirar todos. Trabalha com todos, para todos e por todos.
Porém, isso não é suficiente! É necessário uma liderança democrática. Com participação de toda a equipe nas decisões. É alguém que sabe não ser dono da verdade, tem um cargo, mas reconhece opiniões adversas.
Para o desenvolvimento de uma democracia há que se respeitar leis, instituições, apontar ilegalidades, e punir se for o caso. Não sucumbir a inverdades e deixar que fragilizem a democracia a mercê do poder que sucumbe às liberdades. E liberdade não significa dizer e fazer o que se quer, mas ter responsabilidade com o que se diz e faz. E a liderança precisa ser democrática… Nunca autoritária, desrespeitosa e irresponsável.
AUTORA SIMONE GONÇALVES
Simone Gonçalves, poetisa/escritora. Colaboradora no Blog da @valletibooks e presidente da Revista Cronópolis, sendo uma das organizadoras da Copa de Poesias. Lançou seu primeiro livro nesse ano de 2022: POESIAS AO LUAR - Confissões para a lua.
PÔR DO SOL
Pôr do sol...
Tua infinita beleza,
És de grande riqueza
Sublime realeza!
Te contemplo tal como
Uma pintura celestial.
Pôr do sol,
Por entre as nuvens se vai… o Rei!
Ou será que gosta de brincar
De se esconder dos meus olhos?
Me permite ser tua admiradora,
Eterna apaixonada!
Meus momentos de entrega a essa magia,
Que transborda do teu poder em me hipnotizar...
Só faz aumentar meu prazer em te apreciar
Como um dos maiores espetáculos da natureza.
Pôr do sol,
Onde se guarda o astro-rei
Que tanto nos brinda com sua luz e energia
Em dias de céu aberto
Agora… se vá, meu sol!
Conceda seu lugar à majestosa dama da noite.
E me brinda nesse fim de tarde
Com teu espetáculo colorido
Nessa paz, que tanto bem me faz!
AUTOR GESCÉLIO COUTINHO
Nascido em Quixeramobim no Ceará, Professor especialista em História e Geografia, toca violão e canta, serviu por muitos anos na igreja, no momento se encaixa como Poeta: Escreve poesias, poemas e cordéis. Tem poemas publicados em Antologias como: Poesia Brasileira de 2021, Antologia Poética Toma Aí Um Poema, Cordéis lançados pela editora Aluá Cordéis, atualmente está com o poema "A Resiliência no Sertão" na Antologia Poética "1001 Poetas" e concorre a diversos concursos no ano de 2022. Atualmente produz poemas com temas diversos. Pseudônimo: "O Poeta do Sertão".
O QUE É SER UM POETA?
Ser poeta é oferecer
Palavras para leitura
Imaginando viagens
Através da literatura
Vivenciando e sentindo
Uma escrita de bravura.
É traduzir com palavras
Variados sentimentos
Felicidades e amor
Tristezas e sofrimentos
Falando do mundo ao redor
Da Terra ao firmamento.
Ser poeta é conduzir
Seres para outro mundo
Um mundo cheio de sonhos
Sonhar com algo oportuno
Ter uma mente sempre aberta
Buscar ser o mais profundo.
É ver com outros olhares
Aceitando o que lhes convém
Não ter medo nenhum de lutar
Perceber no simples, um bem
Está sempre pronto para ouvir
Poetas, não desprezam ninguém
Ser poeta é elevar-se
Para outro patamar
Pode lapidar o ser humano
E até muitas histórias mudar
Resgatando o que foi perdido
Escrever o bem, e proclamar.
Viva a poesia!
Viva os poetas!
Viva as poetisas!
AUTORA ROBERTA PEREIRA
Roberta M F Pereira nasceu em 1986 e cresceu na cidade de Brumado, interior da Bahia. É Historiadora, Tradutora, Intérprete de Libras, Professora e Poetisa. Desde bem jovem já demonstrava seu amor e dedicação a escrita, especialmente poesias. Tem suas poesias publicadas em diversas coletâneas e no site Recanto das Letras com o pseudônimo, Betina. É autora do livro “Verdades de um Coração Ferido”.
SORRISO MASCARADO
Eles dizem que é com sorriso largo no rosto que se vive a vida, mesmo que a tristeza se faça presente!
Quem foi que disse, que um sorriso mascarado no rosto traz alegria ou felicidade para gente?
Querem nos vender a ideia de que o sorriso pode ser encontrado num potinho mágico, que manda a tristeza embora e que ainda, podemos dar esse potinho mágico de presente!
É por isso que as pessoas estão doentes e mesmo assim mascaram um sorriso para agradar os que te dizem não estar a esmo. De que vale agradar os outros e mentir para si mesmo?!
Que todos os sentimentos possam ser sentidos e expressados sem repressão! E que os fiscais de sorrisos não venham dizer que você tem que inibir a emoção.
É por isso que muitos querem dormir e não acordar mais. Chega de mascarar sorrisos! Vamos chorar quando der vontade, vamos ficar tristes, cada um no seu tempo! Precisamos nos permitir sentir, para conseguir viver e não apenas sobreviver.
AUTORA MIGUELA RABELO
Miguela Rabelo escritora de crônicas, contos e poemas, com seu primeiro livro solo de poemas: "Estações". Também é mãe atípica e professora da Educação Especial no município de Uberlândia-mg.
TUDO É POLÍTICA
Naturalmente perder é algo que o instinto primitivo reluta em conceber. E por isso, assim eu também era, competitiva e muito briguenta. Levando uma surra merecida na infância por conta desta natureza impulsiva que não aceitava perder, nem que zombassem do tropeço momentâneo.
Porém, foi esse corretivo paterno com "currião" em praça pública com plateia a apreciar a infelicidade alheia que algo se modificou... aquebrantando aquela "crista" de soberba que habitava mim, me transformando em uma pessoa mais pacífica e que tentava apaziguar conflitos buscando sempre que possível a paz.
Nesta mesma época, depois da surra, fui candidata a presidente de classe, ganhando em 1° lugar. Mas por pressão do meu adversário que começou a me coagir, me atribuindo responsabilidades que estavam fora da minha alçada... renunciei. E talvez por consequência deste fato e decepção... deixei de ser a aluna aplicada e fui para o "fundão" da sala, onde não prestava mais atenção nas aulas, ficando de recuperação e sendo inevitavelmente reprovada na 3° série, em 1993.
Foi uma das piores decepções para mim e para meus pais. A vergonha queimava em meu rosto. E assim repeti de ano constrangida, mas sentando na frente da professora e prometendo para mim mesma que não mais reprovaria de ano.
E assim foi, até chegar na faculdade e ser reprovada por falta de tempo para estudar, já que trabalhava 8 h por dia e fazia a graduação a noite. Porém, saí do colegial direto para o curso de Artes Plásticas da turma de 2003, exatamente 10 anos após minha reprovação inicial.
Resumindo, tudo é política e dentro deste processo estamos sempre passíveis de errar. O importante é saber reconhecer o erro e voltar a jogar de cabeça erguida.
No dia das eleições para o segundo turno, ao adentrar no colégio eleitoral vestida de carmim, passei esguia, com o semblante altivo, por entre a multidão de canarinhos que fecharam o senho a me avisarem feliz e certa da minha escolha.
No final da noite, como já era previsto de alguma forma, metade da nação naturalmente estaria em luto, independente do resultado. Como este foi o que idealizava... soltei um grito já aprisionado há alguns anos na garganta... que fez eco no apartamento em frente, onde compartilhamos aquele breve instante de reciprocidade que até então não havia... tentando apenas buscar a paz que outrora perdemos algum dia...
AUTORA ARLÉTE CREZZO
ARLÉTE CREAZZO (1965), nasceu e cresceu em Jundiaí, interior de São Paulo, onde reside até hoje. Formou-se no antigo Magistério, tornando-se professora primária. Sempre participou de eventos ligados à arte. Na década de 80 fez parte do grupo TER – Teatro Estudantil Rosa, por 5 anos. Também na década de 80, participou do coral Som e Arte por 4 anos. Sempre gostou de escrever, limitando-se às redações escolares na época estudantil. No professorado, costumava escrever os textos de quase todos, para o jornal da escola. Divide seu tempo entre ser mãe, esposa, avó, a empresa de móveis onde trabalha com o marido, o curso de teatro da Práxis - Religarte, e a paixão pela escrita. Gosta de escrever poemas também, mas crônicas têm sido sua atividade principal, onde são publicadas, todo domingo, no grupo “Você é o que Escreve”. Escrever sempre foi um hobby, mas tem o sonho de publicar um livro, adulto ou infantil.
PARA QUE SIMPLIFICAR SE PODE COMPLICAR
Poderia começar este texto com a famosa frase “no meu tempo”, mas como todos os tempos vividos são nossos, apenas vou dizer: que saudades quando as coisas eram mais simples.
Me lembro de quando menina, havia poucos modelos de carros, o que facilitava nosso conhecimento automobilístico.
O grande cheios de janelas, onde cabia a família inteira (inteira mesmo com avós e tudo) se chamava Perua Kombi.
O pequeno, que parecia mais um chaveirinho, era o Fusca.
Um que se parecia com uma botinha tinha dois modelos, o tamanho infantil que era a Brasília e o botinha adulto, a Variant.
Havia o carrão bacana do vizinho que era a Rural.
E tinha o famoso: minha esposa tirou carta, vou comprar um Chevetinho pra ela.
Antes tínhamos um único nome para um carro, hoje temos diversos sobrenomes para um único nome.
Se você quisesse comprar um carro, era só chegar e pedir: quero um fusca.
Hoje para se comprar um carro é preciso saber sobrenome, procedência, tamanho, idade, número do pneu.
É um tal de Wind, Wind Super, Sedan, Hatch, GL, GR-S, Master e tantos outros nomes que mais parece um trava-língua.
Tenho a impressão de que há mais modelos e tipos de carros, do que insetos no universo.
Companhia telefônica era a Telesp.
Essa categoria até que não mudou tanto assim, o que seria indiferente, já que nenhuma nos tempos modernos funciona com perfeição.
As cores eram básicas: preto, branco, marrom, bege, cinza. As mais complicadas eram rosa-claro ou rosa escuro, azul-claro ou azul-escuro.
Com o passar do tempo, passamos a discutir os tons de branco: gelo, neve, marfim, porcelana, algodão, pérola, off White e mais sessenta outros tons de branco.
De um lado, fica a dificuldade para se escolher qualquer coisa que seja, para pessoas que gostam do básico. De outro, a variedade nunca será suficiente para aquele que nunca estará satisfeito com nada.
Por mais que um tipo de carro tenha diversos modelos, por mais que se criem tons diferentes para o branco, haverá sempre o eterno insatisfeito que não se contentará com nada.
E já que tudo tem uma infinidade de tipos e modelos, poderemos também dar a este tipo de pessoa inúmeros nomes; mas que serão impublicáveis.
AUTORA STELLA_GASPAR
Natural de João Pessoa - Paraíba. Pedagoga. Professora adjunta da Universidade Federal da Paraíba do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. Mestre em Educação. Doutora em Educação. Pós-doutorado em Educação. Escritora e poetisa. Autora do livro “Um amor em poesias como uma Flor de Lótus”. Autora de livros Técnicos e Didáticos na área das Ciências Humanas. Coautora de várias Antologias. Colunista do Blog da Editora Valleti Books. Colunista da Revista Internacional The Bard. Apaixonada pelas letras e livros, encontrou na poesia uma forma de expressar sentimentos. A força do amor e as flores são suas grandes inspirações.
FAZ TÃO BEM
Ser do bem
Ser amor e flor
Ser uma mistura de sorrisos e saudades de um amor.
Que como um caleidoscópio mostra suas belezas em conexão uma com a outra.
Virando-me pelo avesso, criando vínculos com o tempo, quero ser a tua moradora em teus escritos, em teu corpo sorrindo.
As constelações nos inspiram, faz tempo que nossos sonhos se transformam.
Em amor, tão real e estimulador, com atraentes emoções.
É tudo tão mágico, belo e maravilhoso.
Diante deste mundo, às vezes, tão sem estímulos, podemos transformar muitas coisas em poemas, porque de amor temos vivido, caminhado e sobrevivido.
Faz tão bem.
Ter você no meu tempo, em todos os lugares por aonde vou.
Criando vínculos de eternidades.
Quero ser raiz de vida, que ama profundamente, eternamente enlaçada e fortalecida.
Faz tempo, que te digo: você é um extraordinário espetáculo.
A tua luz, que beleza angelical, amada e profunda.
Ao respirar-te, te amo,
Quero passar a minha vida inteira, nesta rotina.
Esse é um belo sentimento, que me deixo embriagar.
Faz tão bem!
AUTOR LUIZ PRIMATI
Luiz Primati é escritor de vários gêneros literários, no entanto, seu primeiro livro foi infantil: "REVOLUÇÃO NA MATA", publicado pela Amazon/2018. Depois escreveu romances, crônicas e contos. Hoje é editor na Valleti Books e retorna para o tema da infância com histórias para crianças de 3 a 6 anos e assim as mães terão novas histórias para ler para seus filhos.
O CÂNCER JÁ TE PEGOU?
Se a sua resposta foi NÃO, então se prepare! Você não vai escapar.
Quando um câncer acomete uma pessoa, todos à sua volta são afetados de alguma maneira.
Os parentes mais próximos são os primeiros a sentir, depois vem os amigos e em seguida os conhecidos.
Ainda um mistério para a medicina, esse mal segue fazendo vítimas pelo mundo.
Eu tive, 2 vezes, e estou vivo para contar como é passar por isso.
Antes de prosseguir preciso esclarecer que não estou aqui para me lamentar, tampouco para que as pessoas tenham compaixão, pena ou dó de mim. Estou aqui para ajudar as pessoas que estão encarando a doença pela primeira vez.
A primeira reação quando uma pessoa recebe a notícia é de que o exame pode estar errado, que o médico pode não ter analisado corretamente. Depois vem o conformismo e a aceitação da doença. Eu já aceitei logo que recebi o resultado. Nem todos são assim.
O meu câncer foi de testículo, por duas vezes. Quando o primeiro susto passou e escapei ileso do tratamento que, durou 6 anos, o meu médico jurou que o homem que passava por esse câncer estava livre para o resto da vida.
A surpresa foi no sétimo ano, quando, por uma cirurgia de rotina, outro câncer foi descoberto. Ainda era resquício do primeiro e o tratamento agora era quimioterapia. No primeiro câncer, após a retirada do testículo, somente exames sanguíneos e tomografias foram recomendados.
E agora eu pergunto para você que está passando por essa situação, o que fazer quando você se conscientiza que está com um câncer e que precisa fazer uma quimioterapia? No meu caso, aceitei e me prontifiquei a obedecer a tudo que minha médica recomendasse.
O processo de quimioterapia é pesado. Nas primeiras sessões e na primeira semana é bem fácil. Parece que nada muda em nossa vida e em nossa rotina. Eu fazia tudo sozinho e até trabalhava durante as sessões. Bastava ficar sentado na cadeira, reclinar o corpo e até dormir se sentisse vontade. Como não conseguia ficar parado, levava meu notebook, colocava no colo e ficava trabalhando. Quando dava sono eu colocava o notebook de lado e tirava um cochilo. Se roncava eu não sei, mas acho que sim.
Na minha família quem mais foi afetada foi minha esposa. Qualquer doença a apavora, mas o câncer a deixou em pânico. Durante todo o dia ela orava e pedia para as pessoas pela minha saúde. Eu seguia otimista e dizia para ela se acalmar. Eu não tinha o que fazer a não ser acreditar. Minha religião me ensinou que cada um tem um roteiro traçado e passar por dificuldades faz parte do destino. E assim eu agia, otimista, com fé. Mas para ela eu estava negando a doença. Por vezes a escutei falando para as pessoas ao telefone que eu estava na fase de negação da doença. Eu apenas ficava triste. Negar a doença seria não a aceitar e se recusar a fazer os tratamentos. Assim eu penso. Aceitei e encarei o tratamento. Se entrasse na batalha admitindo a derrota, não teria chance alguma.
Mas ser otimista e ter fé não é o suficiente. Quando a quimioterapia entra na segunda semana a gente começa a sentir os efeitos físicos indesejados. Desde o início minha médica dizia para eu tomar os remédios para enjoo mesmo não os tendo. Eu tomava e eles acabavam me deixando um pouco sonolento. Como detestava ficar nesse estado, e não tinha enjoo algum, parava de tomar o remédio. E aí é que o enjoo vinha forte e me arrependia de não ter obedecido.
Outro efeito que vem quando a quimioterapia age em todo o organismo é a fraqueza. Eu me sentia normal e quando abaixava para pegar algo no chão, retornar ao estado ereto era um esforço gigante. Eu pensava que ficaria sempre forte e indestrutível e não era assim. O tratamento acabava com meus glóbulos vermelhos e nas minhas veias corriam glóbulos brancos em quantidades crescentes, tentando entender as mudanças repentinas que ocorriam no meu corpo.
Quando eu ficava fraco, com os resultados do exame de hemograma tudo abaixo do tolerável, a quimioterapia era suspensa e eu ganhava alguns dias de folga para que meu corpo recuperasse as energias.
Outro efeito indesejável era minhas veias. De tantos furos que elas recebiam para a quimioterapia, ficavam imprestáveis. O enfermeiro não conseguia mais furá-las, pois ficava dura e tinha que escolher outra. As marcas iam se acumulando pelos braços e às vezes as veias da mão eram as candidatas prováveis do dia.
Para completar o ranking de efeitos colaterais, a perda do paladar era o pior. A recomendação médica era de consumir alimentos feitos com limão: sucos, tortas, sorvetes, etc. E isso não é tudo: água gelada parecia água sem gelo e água normal tinha gosto de água quente. Junto a tudo isso vinha a perda do apetite e se eu não comesse forçado, nos horários corretos, ficaria cada vez mais fraco. E se você acha que tinha acabado, ainda tem mais. O organismo se desarranjava e o banheiro passava a ser quase que exclusividade minha, de quem estava em tratamento com quimioterapia.
As sessões de quimioterapia duravam entre 4 a 4 horas e meia, de segunda a sexta. Começava por volta das 7:30 e tinha a companhia de profissionais muito atenciosos, que confortavam as pessoas que ali estavam numa situação angustiante.
Vi amigos fazendo quimioterapia, vi desconhecidos, vi pessoas que traziam no rosto a tristeza e a incerteza pelo futuro. Vi gente otimista como eu.
Nenhum médico consegue afirmar com 100% de certeza de que existem cânceres curáveis. Eles sempre falam em probabilidades e para o meu tipo, as chances de recuperação beiravam os 100%, nunca atingindo o ápice.
Ainda sou daquelas pessoas que acreditam que 90% da cura está na mente e 10% na medicina. Eu poderia ter me abatido facilmente desde o primeiro revés, pois um câncer levou minha mãe muito cedo, repentinamente. E nunca deixei isso me abalar. Sempre acreditei que ela deveria ter passado por esse sofrimento e o destino traçado por Deus, para ela, fora cumprido.
Numa das semanas em que meus exames estavam indicando excesso de glóbulos brancos e fui impedido de fazer quimioterapia, acabei indo andar de bike com dois amigos. Andei uns 15 quilômetros. Me chamaram de louco e até hoje muitos não acreditam que foi verdade. Se a fé remove montanhas, por que eu não poderia andar 15 km de bike?
Para finalizar os efeitos indesejáveis da quimioterapia, tive a queda de cabelos, ficando completamente careca. E para coroar, tudo com chave de ouro, fiquei temporariamente impotente.
Depois de todo o meu relato, continuo dizendo: não tenham pena de mim. Se passei por tudo isso foi porque mereci. Devo ter feito algo bem ruim em outra encarnação e vim aqui para pagar pelos meus erros. E não me importo. O que é importante é nunca deixar que esses problemas atrapalhem a sua fé.
Se você começou uma quimioterapia recentemente e acha que não vai ter nenhum efeito colateral, se prepare. Se pensa que ninguém vai ficar sabendo e que sua vida vai continuar normal, prepare-se. A mudança vai ser grande. Só isso tenho para te dizer. Tenha fé, acredite e depois de alguns anos conseguirá olhar para trás e rir da situação, com respeito e não com escárnio, ok?
Assim foi a minha odisseia com o câncer e a quimioterapia. Depois de 3 meses de tratamento as coisas começaram a retornar ao normal e me senti de volta ao mundo dos saudáveis. Será?
Infelizmente tive uma complicação. Um dos componentes usados no tratamento do meu câncer, um tal de BEP, me causou um problema de pulmão. Minha respiração ficou curta e prejudicada. Eu respirava com a metade da capacidade de uma pessoa normal. Fui obrigado a fazer fisioterapia pulmonar e me disseram que nunca mais voltaria ao normal.
Contrariando todos os prognósticos, consegui vencer mais essa batalha e hoje meu pulmão não tem nenhuma sequela.
Ainda tive a sorte de não ter outros efeitos como a depressão, muito comum nas mulheres com câncer de mama.
Tudo isso foi para apavorar quem está fazendo quimioterapia? NÃO! Foi para tentar ajudar quem está passando por isso, calado, com dúvidas e muito medo.
A batalha começa antes da quimioterapia e vai além do término do tratamento. É preciso que você nunca perca a fé.
Coloco-me inteiramente ao dispor de quem precisar falar sobre o assunto. Muitas vezes você não encontrará respostas no seu médico, nem nos seus familiares. Só quem passou por isso compreende a profundidade que essa doença atinge. Conte comigo!
A cada domingo mágicas palavras , textos que nos fazem realmente refletir... obrigada por suas belezas interiores e inspiradoras!!!! 📕
Mais uma vez venho aqui agradecer a todos os autores que enviaram reflexões. É importante que nós, autores, possamos trazer textos que possam mostrar outros ângulos dos fatos para podermos refletir. Mais uma vez, parabéns a todos!