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Foto do escritorLuiz Primati

REFLEXÕES Nº 79 — 03/09/2023


Imagem gerada com IA MidJourney


 

AUTOR AKIRA ORDINE


AKIRA ORDINE é um escritor, poeta e músico carioca. Desde cedo apaixonado pela literatura, utiliza a arte como espaço de luta e refúgio, colocando bastante de si em tudo o que escreve. Tem muitos livros, vários deles, verdadeiros amigos.

 

AS TECLAS DO MEU PIANO


Pretas e brancas

Brancas e pretas

Tão vazias, sem sentido,

Mas assim são perfeitas


Qual a lógica por trás?

Simbolizam sentimentos?


Não sei...aliás...

Pra que tantos pensamentos?

No fundo tudo é dialética...


Ou talvez eu esteja errado

E tudo seja sim ou não


E a vida, ruim ou franca

Seja uma grande tecla preta

Ou uma grande tecla branca


Cadê a cinza? Eu quero...


 

AUTOR LUIZ PRIMATI


LUIZ PRIMATI (1962), é escritor de vários gêneros literários, no entanto, seu primeiro livro foi infantil: "REVOLUÇÃO NA MATA", publicado pela Amazon/2018. Depois escreveu romances, crônicas e contos. Hoje é editor na Valleti Books e seu último lançamento foi o livro "A MALDIÇÃO DO HOTEL PARADISIUM".

 

A DIFÍCIL ARTE DE ENVELHECER


Quando eu vestia calças curtas, o mundo se desenhava na lousa da infância. Sonhava com os beijos adolescentes, como quem anseia por uma fruta ainda não madura. O dia chegou, e com ele o primeiro gosto amargo do amor. Foi quando percebi que, às vezes, a infância é feita de nuvens de algodão-doce, e os sonhos, de sombras fugidias.


Então, vislumbrei uma paisagem de adultez—um emprego, um lar, filhos. Observei pessoas como faróis a iluminar a bruma da incerteza. Alcancei-as, após anos, e senti que a recompensa era uma taça de contentamento misturada com a poeira da luta. Os filhos, raios de sol em dias nublados; o trabalho e a casa própria, conquistas silenciosas. Mas a vida, ah, ela é um mar revolto: desempregos, mudanças, a fragilidade da saúde. O passado, então, soava como um vinil antigo, tocando a melodia do que já não poderia ser.


A casa se esvaziou, os filhos tornaram-se astros distantes em suas próprias órbitas. A espera pela aposentadoria foi um último suspiro de liberdade. E quando veio, foi uma explosão silenciosa de alívio. Exercícios feitos sem a obrigação da vaidade, netos que enchem a casa com suas vozes pequenas e medos grandes. E o tempo, mais uma vez, rodou seu ciclo implacável; os netos se foram, e o que restou foi o eco de uma casa demasiadamente silenciosa.


Agora, somos dois, minha esposa e eu, habitantes de um universo que encolhe a cada dia. Sentados em cadeiras de balanço, olhamos para trás, e para frente, e nos perguntamos: "Por que nunca estamos satisfeitos? Por que o presente é sempre um intervalo, e nunca um destino?" Talvez a resposta esteja nas linhas de nossas mãos, ou nas marcas de nossos rostos.


Nesta crônica em tons cinzentos, escrevo um epílogo para todos nós. Somos andarilhos no tempo, sempre querendo mais ou querendo de volta. Talvez devêssemos aprender a ser gratos pelo instante que temos, mas ainda não sei como fazê-lo. E você, se descobrir qual é esse segredo, me conte!


 

AUTORA LUCÉLIA SANTOS


Lucélia Santos, natural de Itabuna-Bahia, escritora, poetisa, cronista e contista e antologista. Escreve desde os 13 anos. É autora do livro "O Amor vai te abraçar" e coautora em diversas coletâneas poéticas. Seu ponto forte na escrita é falar de amor e escreve poemas e minicontos infantis.

 

TARDE FRIA E CHUVOSA


Há dias em que a saudade dói mais que o habitual; é como se o meu coração estivesse prestes a explodir.


Olhos pesados vertem lágrimas que molham meu rosto, e um vazio imenso toma conta do meu ser.

O dia se arrasta e torna-se uma eternidade; é um dia frio, como aquela tarde em que o perdi.


A saliva desce pela minha garganta como se fossem pedras; sobrevivo, conto os dias, horas e minutos para que se encerre esse sofrimento.


Existe uma nuvem escura que constantemente me persegue: a ansiedade.


Se não fossem os laços de vida que me dão força e alegria, já teria me rendido ao vazio de uma solidão interna que se externaliza ao despertar de cada dia.


Imploro a Deus por forças para viver um dia de cada vez, para que meu coração desacelere um pouco e não pule para fora do meu corpo.


Quem me lê talvez não consiga mensurar minha dor e, por vezes, isso causa angústia e sentimento de impotência.

Meu sangue corre frio pelas minhas veias; meu corpo enfraquece, e a melancolia me abraça e aperta tão forte a ponto de me deixar sem ar, enquanto tento respirar fundo e expirar para que meu corpo volte ao normal.


Nessa tarde fria e chuvosa, sinto-me impelida a escrever; eternizo nas linhas sem fim os meus lamentos; talvez um dia alguém leia e se identifique e entenda que escrever é a melhor forma de gritar sem ninguém ouvir sua voz, e que nós somos os protagonistas da nossa própria história de vida, lutando e deixando sementes em forma de lições em todo caminho percorrido.

 

AUTORA SIMONE GONÇALVES


Simone Gonçalves, poetisa/escritora. Colaboradora no Blog da @valletibooks e presidente da Revista Cronópolis, sendo uma das organizadoras da Copa de Poesias. Lançou seu primeiro livro nesse ano de 2022: POESIAS AO LUAR - Confissões para a lua.

 

FELICIDADE!


(...)" Felicidade é algo que só pode ser sentido e nunca medido, se medido fosse, seria uma confusão.

Tem felicidade que cabe no bolso,

outras no coração.

Tem as que cabem em uma mochila,

já para outras, um porta malas serve como abrigo...

Tem também as imensas e para essas teríamos que acomodar em um caminhão.

Mínimas, pequenas, médias ou grandes, para qualquer tamanho ou idade, existe: "Felicidade"


 

AUTORA STELLA_GASPAR


Natural de João Pessoa - Paraíba. Pedagoga. Professora adjunta da Universidade Federal da Paraíba do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. Mestre em Educação. Doutora em Educação. Pós-doutorado em Educação. Escritora e poetisa. Autora do livro “Um amor em poesias como uma Flor de Lótus”. Autora de livros Técnicos e Didáticos na área das Ciências Humanas. Coautora de várias Antologias. Colunista do Blog da Editora Valleti Books. Colunista da Revista Internacional The Bard. Apaixonada pelas letras e livros encontrou na poesia uma forma de expressar sentimentos. A força do amor e as flores são suas grandes inspirações.

 

E POR FALAR EM BELEZA


O belo, a fera, as imagens.


Existem belezas em tudo, nos lábios, dedos e mãos.


Belezas naturais, artificiais de corpo, alma e coração.


Para alguns, a admiração e para outros a agonia dos assédios, que como uma torneira aberta, jorram as lágrimas do desrespeito saídas de dentro dos pseudos amores, das frustrações, do machismo ou ciúmes.


Tenho observado que está atualmente difícil sermos naturalmente jovens e belos, sem distinção de gênero. Muitos morrem precocemente.


A ansiedade em não alcançar notoriedade faz com que não se distinga o bem do mal e somos jogados às fogueiras que quase sempre borbulham lágrimas, decepções, ansiedades e depressões.


É intensa a cobranças pelo estético e belo, muitos não conseguem sobreviver e sofrem com tantas cobranças e morrem aos poucos ou são assassinados(as).


É proibido ser belo?


Parece que sim, pelo número de jovens e lindas mulheres banalmente assassinadas, por um amor desfeito, por não querer mais uma relação falida, por amar a vida.


Tantas são as infelicidades vividas, os encantos desfeitos, restam os lamentos e ficam a expressão: “era uma vez.”


É preciso abraçar o que somos, reconectar-se e como o vento, ser um pássaro que o nosso imaginário, o belo habitante de tudo que é real e belamente podemos ser.


Nem sempre a pessoa certa é a perfeita, está pode ser completamente diferente da beleza que vive pronta na lista de nossas vontades.


 

AUTORA ARLÉTE CREAZZO


ARLÉTE CREAZZO (1965), nasceu e cresceu em Jundiaí, interior de São Paulo, onde reside até hoje. Formou-se no antigo Magistério, tornando-se professora primária. Sempre participou de eventos ligados à arte. Na década de 80 fez parte do grupo TER – Teatro Estudantil Rosa, por 5 anos. Também na década de 80, participou do coral Som e Arte por 4 anos. Sempre gostou de escrever, limitando-se às redações escolares na época estudantil. No professorado, costumava escrever os textos de quase todos, para o jornal da escola. Divide seu tempo entre ser mãe, esposa, avó, a empresa de móveis onde trabalha com o marido, o curso de teatro da Práxis - Religarte, e a paixão pela escrita. Gosta de escrever poemas também, mas crônicas têm sido sua atividade principal, onde são publicadas todo domingo, no grupo “Você é o que Escreve”. Escrever sempre foi um hobby, mas tem o sonho de publicar um livro, adulto ou infantil.

 

ANIVERSÁRIOS


No último dia primeiro de setembro, saindo da casa de minha irmã, a qual visitei por conta de seu aniversário, comentei que chegaria em casa e escreveria um texto, mas ainda não tinha ideia do que escrever.


Ela simplesmente me disse: "Escreva sobre aniversários".


No caminho para casa pensei que seria um bom tema, embora não soubesse ainda como conduzir a ideia.


Na verdade, aniversário é algo muito particular, afinal cada um faz de seu dia o que deseja (ou o que tem oportunidade em fazer).


Há casos por exemplo, que trabalhamos tanto para conseguirmos juntar alguns poucos amigos em casa para uma pequena comemoração, que ao final, juramos de pés juntos que nunca mais faremos uma festa. Mas quando chega o ano seguinte, nos esquecemos dos problemas passados e lá estamos nós novamente nos matando de trabalhar para que a comemoração aconteça.


Há os que possam pagar por todo trabalho feito, mas então perde-se a graça. O gelo não acaba, não se esquece a velinha para o bolo, a cerveja não fica quente. Como ter assunto após uma festa assim?


Aniversários também aproximam as pessoas. Afinal há amigos que se falam apenas nos aniversários, ou seja, duas vezes ao ano.


Tenho duas grandes amigas, que nunca conseguem vir ao meu aniversário, já que as irmãs de ambas, completam primaveras no mesmo dia que eu.


Costumo dizer que aniversários são um mal necessário. Não há como nos livrarmos deles, então nada melhor do que aproveitá-los.


O fato de ficarmos mais velhos a cada ano, para mim, ainda é um fato a ser comemorado. Acredito termos o direito e o dever de ficarmos felizes por estarmos vivos e bem.


Os que estão vivos, mas não tão bem, podem comemorar o fato de ainda estarem por aqui, para que possam ver os seus familiares bem.


Tudo pode ser motivo de comemoração, basta querermos.


O importante é sabermos agradecer o fato de estarmos vivos e perto de pessoas que amamos, e comemorarmos cada momento ao lado delas.


Seja seu o aniversário ou de alguém que você ame, celebre. Pode ser com um simples cafezinho e um bom bate-papo ou até mesmo um bom e forte abraço, mas sempre celebre.


 

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