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Foto do escritorLuiz Primati

REFLEXÕES Nº 98 — 07/01/2024




Máquina de escrever antiga
Imagem criada com a ferramenta de IA Midjournei



 

AUTOR AKIRA ORDINE


AKIRA ORDINE é um escritor, poeta e músico carioca. Desde cedo apaixonado pela literatura, utiliza a arte como espaço de luta e refúgio, colocando bastante de si em tudo o que escreve. Tem muitos livros, vários deles, verdadeiros amigos.

 

INTERESSE

Uma das coisas que me vi pensando nessa primeira semana do ano, a qual marca também meu aniversário, foi sobre o interesse alheio. Essa questão permeia não só o mundo dos relacionamentos, mas como também em relação aos afazeres e ao trabalho.

Sendo assim, coloco-me em uma posição privilegiada de escritor para dizer que, hodiernamente, o ser humano vive refém de conquistar a atenção e o interesse de seus semelhantes. E não me entendam mal, isso não é algo ruim.

O cerne da questão, ao meu ver, está contido no fato de que a todo momento temos que competir por esses míseros momentos de foco, disputa que se acirra na realidade globalizada contemporânea.

Dei o exemplo do labor da escrita, pois assim como todo engenheiro da palavra hoje em dia, me cobro para elaborar algo cada vez mais chamativo para se conseguir conquistar terreno diante do avanço das inteligências artificiais e do entretenimento fácil e rápido das redes sociais.

Da mesma forma é no contexto das conexões, já que todo relacionamento saudável e verdadeiro se constrói pelo interesse do amor e do afeto. Quando esse interesse se esgota, convertendo-se em tédio, o amor vai se esvaindo e o afeto vira algo forçado, baseado em momentos do passado nos quais via-se um cenário melhor.

Em suma, esse texto é uma grande metalinguagem derivada de um período de reflexão pós fim de ano. Pois, há de se concordar, enquanto coloco essa pulga atrás da orelha (ou melhor, dos olhos) do leitor, tento despertar a atenção acerca do meu trabalho e de tantos outros colegas que lutam para expressar o mundo por meio de palavras. Percebem como o interesse é algo de importância ímpar, que está contido em tudo?!

 

AUTOR LUIZ PRIMATI


Luiz Primati é escritor de vários gêneros literários, no entanto, seu primeiro livro foi infantil: "REVOLUÇÃO NA MATA", publicado pela Amazon/2018. Depois escreveu romances, crônicas e contos. Hoje é editor na Valleti Books e retorna para o tema da infância com histórias para crianças de 3 a 6 anos e assim as mães terão novas histórias para ler para seus filhos.

 

POR QUE ESCREVO?

Frequentemente me vejo imerso em indagações sobre as razões que me impulsionam a escrever. Indago-me: será que busco os holofotes, ansiando por estar constantemente sob os refletores? Ou será que a escrita é meu refúgio, um meio de liberar as emoções represadas?

Poderia passar horas, talvez dias, dissecando esse enigma em parágrafos infinitos e, ainda assim, não chegar a uma conclusão definitiva. Para desvendar esse mistério, revisitei o ano de 1981, o marco de meu primeiro texto. Era um escrito cômico, uma espécie de anúncio absurdo, criado unicamente para arrancar risos. Lembro-me de digitar em uma máquina de escrever Olivetti vermelha, pressionando as teclas com vigor para gravar cada palavra no papel. Muitos hoje talvez nem saibam o que é uma Olivetti, mas há saudosistas que preservam sua memória.

Posteriormente, compus um poema sobre o futuro, o mais remoto vestígio do "eu poeta". Naquela época, com 19 anos, eu devorava todo tipo de literatura com avidez. Desde então, a escrita se tornou um fluxo constante em minha vida.

Minha trajetória literária foi marcada por altos e baixos. Houve períodos em que a escrita foi abandonada, ofuscada pelo trabalho e outras obrigações profissionais. O que antes era um hobby, em alguns anos, ficou completamente esquecido.

Entre 2002 e 2018, vivi um longo hiato, pouco produtivo, até que decidi retomar o sonho de me tornar um escritor de sucesso. Das duas aspirações iniciais, tornei-me escritor. O sucesso, porém, ainda me é elusivo, e talvez jamais o alcance. Mas isso me define como um fracassado?

Posso afirmar que, desde 2018, não houve um único dia em que não tenha escrito algo. Percebi que minhas palavras sempre ressoam com alguém. Embora não alcance todos a cada vez, consigo tocar o coração de uns, provocar reflexões em outros e, às vezes, trazer um pouco de sonho àqueles que perdem a esperança em momentos cruciais.

Minha escrita já ecoou por muitas salas, e creio firmemente que sempre temos algo a dizer, desde que seja com respeito e abordando temas que agreguem, não que degradem.

Retorno, então, à questão inicial: busco os holofotes? E com um suspiro aliviado no coração, respondo: não. Desejo apenas que minha voz seja ouvida, mesmo que por uma única pessoa.

2024


FUTURO

Está chegando a era

Do Computador, do lixo atômico

O homem robotizado

Tal qual um boneco cômico.

 

Tenho medo do futuro

De que o mundo se torne cruel

Quando explodir a bomba agá

O que será?

Desabrocharão flores de papel?

Ou apenas morrerá Papai-Noel?

 

Nascerá um novo mundo

Onde o homem será dominado

Pelas máquinas mecânicas

E o circuito integrado,

Mas isso já é manjado.

 

Quando o sol - no futuro nascer -

Em vez de sua luz infravermelho

Grandes lâmpadas de tungstênio.

 

Mas o dia do computador virá

E tudo dominará.

O homem apertando botões

Vendo a máquina trabalhar

Poderá imaginar:

O que faço nesse mundo

Senão vegetar, vegetar, vegetar?


1981


 

AUTORA STELLA_GASPAR


Natural de João Pessoa - Paraíba. Pedagoga. Professora adjunta da Universidade Federal da Paraíba do Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. Mestre em Educação. Doutora em Educação. Pós-doutorado em Educação. Escritora e poetisa. Autora do livro “Um amor em poesias como uma Flor de Lótus”. Autora de livros Técnicos e Didáticos na área das Ciências Humanas. Coautora de várias Antologias. Colunista do Blog da Editora Valleti Books. Colunista da Revista Internacional The Bard. Apaixonada pelas letras e livros encontrou na poesia uma forma de expressar sentimentos. A força do amor e as flores são suas grandes inspirações.

 

JANEIRO BRANCO


Iniciamos um novo ano - 2024.

Escolho a cor do mês de janeiro, o “branco”, uno e plural para escrever essa narrativa reflexiva.

Branco como um plácido oásis, como brisas e como um mar calmo.

Os cristais me fascinam, com eles sinto o brilho da minha alma feliz, dos meus desejos despertados pelo tilintar vibrante cristalino.

Escrever em brancas páginas, trazendo complementações do que fomos e o que ainda somos, é uma constatação de que a vida continua exposta às vontades do futuro. Sim, meu verdadeiro desejo, é desenvolver positivas experiências de vida, no aconchego de uma matriz da cor branca.

A cor produz sensação de movimentos, elas se complementam em harmonias e luminosidades. Com elas imaginamos um belo pôr do sol, um céu em azuis e ver como tudo é colorido e bonito na natureza.

O branco pode ser sentido como o foco principal, de uma roda de cores com finalidades em sentir que os opostos se atraem.

Neste ano, tudo pode ser branco com (ré) encantamentos de vida, em uma aquarela com personagens levando em suas histórias, jardinagens florais.

Janeiro branco, um título forte e profundo, me faz sentir a maravilha de um amor correspondido, dos beijos diurnos e noturnos, com uma brancura terna. A vida está em mim, o mar, o ar me fazem totalidade na minha história.

Somos múltiplos, constituídos pela diversidade de nossas identidades.

Então, vamos aprender ao longo do ano que se inicia a colorir nossas emoções, que deixam de ser brancas, para com milhões de cores, colorir nossa vida, nosso mundo e o âmago de nossos desejos.


 

AUTORA LUCÉLIA SANTOS


Lucélia Santos, natural de Itabuna-Bahia, escritora, poetisa, cronista e contista e antologista. Escreve desde os 13 anos. É autora do livro "O Amor vai te abraçar" e coautora em diversas coletâneas poéticas. Seu ponto forte na escrita é falar de amor e escreve poemas e minicontos infantis.

 

GRITO


Há feridas dentro de mim, invisíveis, mas vivas, que sangram em silêncio. Elas tingem a minha alma de uma cor cinzenta, um vazio que ecoa como um abismo sem fim. Sinto-me aprisionada por minha própria existência, como uma linha frágil, prestes a romper, suspensa sobre um abismo. Observo aqueles que celebram a vida, e me pergunto: “O que eles têm que eu não tenho?”

Minha autoestima é um fio tênue, quase rompido, e o mundo parece ter se esquecido de que eu também sou feita de carne e osso. Eu não me encaixo nos moldes sociais, nas métricas de beleza e sucesso que nos são impostas desde o berço. Meu corpo é grande, mas o meu coração também é. E nele, apesar de tudo, ainda ressoa uma canção silenciosa de amor.

Vivo arrastando-me pelos dias, como quem carrega o peso do mundo nos ombros. Noite após noite, meus pensamentos são uma maratona sem fim, correndo freneticamente em busca de uma resposta, de um motivo para continuar. Ainda assim, nunca desisto. Agarro-me à vida como quem se segura à última corda de um precipício.

É nesses momentos, quando o silêncio ensurdecedor toma conta de mim, que pego minha caneta e deixo que ela deslize pelo papel, como um grito mudo. Escrevo não apenas com tinta, mas com a essência do meu ser, com toda a força e vulnerabilidade que habitam dentro de mim. A caneta é a extensão da minha voz, e o papel, o único ouvinte de minha alma.

Nesse instante, faço do meu grito um poema, uma sinfonia silenciosa que ecoa nas páginas em branco. E, mesmo em minha solidão, em meu isolamento autoimposto, eu sinto como se alguém, em algum lugar, pudesse ouvir a minha dor.

 


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Domingo é sempre um dia especial. Fica mais fascinante com esse maravilhoso caderno que com tanto gosto a edição da Valleti Books nos presenteia. Alegrias!!!😍🤗

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